No final da década de 60, apesar de ter sofrido duros golpes em seu prestígio pelos Lamborghini Miura (nas estradas) e Ford GT40 (nas pistas), ambos com motor central-traseiro, Enzo Ferrari relutava em aceitar essa configuração como a ideal para suas berlinetas de rua, tanto que a Casa de Maranello contrariou as tendências com o lançamento da sensacional 365 GTB/4 Daytona em 1968, o último Grand Tourer de motor central-dianteiro de sua geração. Mas, após a aquisição da marca pela Fiat, não houve mais como resistir às vantagens da posição central-traseira do propulsor, que já vinha aparecendo em sua segunda geração em marcas como a própria Lamborghini (que preparava o lançamento do Countach para suceder o Miura) e a De Tomaso (com o Pantera substituindo o Mangusta). Assim, em 1973, surgiu nas ruas a Ferrari 365 GT4 BB, que, além de romper com a tradicional localização do motor em carros de rua, também abria mão da configuração V12 em favor dos 12 cilindros contrapostos, tipo boxer, que vinham logrando êxito nas pistas e traziam a enorme vantagem de possibilitar um centro de gravidade muito baixo, graças à posição horizontal dos cilindros (o BB vem de Berlinetta Boxer). Com a mesma cilindrada de Daytona e potência aumentada para 365 cv líquidos, a 365 BB chegava a 280 km/h, não havendo, portanto, ganho no desempenho absoluto, mas sua dirigibilidade é considerada muito superior à da sua antecessora. Apenas 387 unidades da 365 foram construídas entre 1973 e 1976 e nenhuma delas foi exportada oficialmente para os EUA; sua sucessora seria a 512 BB, que aproveitava o desenho da carroceria e, posteriormente, a linhagem teria continuidade com a Testarossa dos anos 80.
Voltando à inovação da BB em sua configuração mecânica, é curioso pensar que, embora se cultue o mito do V12 em Maranello, alguns dos melhores carros da Ferrari não adotaram essa configuração, como a própria BB, a 288 GTO e a F-40; também nas pistas, os V12 estão longe de serem os responsáveis pela glória do Cavallino, como bem lembrou o Zullino nos comentários de um antigo post.
Voltando à inovação da BB em sua configuração mecânica, é curioso pensar que, embora se cultue o mito do V12 em Maranello, alguns dos melhores carros da Ferrari não adotaram essa configuração, como a própria BB, a 288 GTO e a F-40; também nas pistas, os V12 estão longe de serem os responsáveis pela glória do Cavallino, como bem lembrou o Zullino nos comentários de um antigo post.
10 comentários:
Para mim, a 512 BB foi uma das melhores Ferrari já fabricadas !
Tinha uma por aqui, era do Casal del Rey e ficou muito tempo parada na oficina do Gustavo aqui na Granja. Tinha um problema nas válvulas ou no comando.
Acho que ainda é dele !
segundo o prróprio Enzo a BB não possuía um motor boxer...mas sim um V12 de 180º...hehehehehe
Coisa linda essa Ferrari,,,
O Enzo era uma besta em termos de engenharia, nunca distinguiu uma chave de fenda de uma chave phillps, mas era esperto para contratar o Colombo e o Jano.
A arquitetura dos motores em V é totalmente diferente dos boxers. Os boxers obrigatoriamente tem os cilindros que são opostos na mesma posição, ou seja, ambos em cima ou ambos em baixo. Isso só é possível usando-se um colo de virabrequim dedicado a cada pistão/biela. Daí vem o nome, boxers de boxeador. A vantagem é se ter um motor equilibrado com um pequeno número de cilindros, caso das motos BMW, que aliás copiaram essa arquitetura das motos inglesas Douglas e depois tiveram que pagar uma bela indenização, mas aí copiaram a moto inteira em 1923.
Os motores em V não tem essa arquitetura e usam o mesmo colo de virabrequim para duas bielas. A vantagem é se ter um motor curto.
Não há muita vantagem em se adotar boxers para muitos cilindros, o motor e o virabrequim ficam muito longos e sua flexibilidade do virabrequim acaba quebrando o câmbio. Era o que acontecia com as Ferraris boxers 12 na F1 e nos protótipos. Tiveram que inventar um monte de traquitanas para evitar isso, inclusive o tal câmbio em T.
Complementando, o uso de motores boxers para muitos cilindros está ligado ao costume, como por exemplo, a Porsche fez motores boxers de 8 e 12, mas estava acostumada com essa arquitetura desde os VW. Já a intenção da Ferrari era se conseguir um centro de gravidade mais baixo, o que sem dúvida conseguiu, mas podemos dizer que o motor Ferrari boxers não deu tão certo quanto os Porsche 12.
Se tieverem interesse e uma conta bancaria polpuda, está a venda
http://www.privatecollections.com.br/br/galeria_auto.php?cat_id=5&id=689
Que texto maravilhoso, uma aula aborosa de um dos carros mais representativos de Maranello.
E o complemento da galera não deixa por menos. Abs.
Ora, ora, ora! Quem é vivo sempre aparece! Bem-vindo novamente, Maurício!
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