quinta-feira, 29 de novembro de 2012

PARA QUEM NÃO VIU...

No último fim de semana, ocorreu, nos pavilhões do Anhembi, o Salão Internacional de Veículos Antigos 2012, terceiro ano consecutivo do megaevento promovido pelo Touring Club do Brasil e empresas de peso do ramo publicitário. A cobertura jornalística, entretanto, principalmente por parte da turma envolvida com antigomobilismo, foi discretíssima, possivelmente devido a problemas no contato da agência que promoveu o evento junto aos entusiastas, como bem colocou o Paulo Levi neste artigo. De qualquer forma, achei esta página no Flickr, que dá ao leitor uma boa idéia do que ocorreu no SIVA 2012, com uma variedade enorme de carros em estado impecável (com pouquíssimas exceções) e público excelente. Divirtam-se!

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

10 SUGESTÕES PARA VOCÊ COMEÇAR SUA COLEÇÃO

Freqüentemente, recebo e-mails de leitores anônimos pedindo orientações ou sugestões na compra do primeiro carro antigo. De um modo geral, a sugestão é que se compre algo que desperte no iniciante alguma ligação afetiva. Um carro que viu no cinema, ou um carro igual ao que algum familiar tinha, ou algo que desperte alguma boa lembrança do passado são candidatos que ajudarão o novato a superar bem os contratempos que, inevitavelmente, virão. Entretanto, apesar de nunca perder de vista que o objetivo principal é a própria satisfação, existem algumas regras raramente enunciadas que podem ser úteis para que o neófito não se frustre investindo muito em um carro pouco desejável no meio que pretende freqüentar. Assim, filtrei os carros que considero mais interessantes para o iniciante em dez categorias, procurando deixar a brincadeira abaixo dos seis dígitos.

1 - Fusca Clássico

Desse nem há muito o que falar. A maneira mais fácil, barata e divertida de ter um clássico atemporal, ainda por cima assinado por Ferdinand Porsche, é adquirir um bom Fusca dos anos 50 ou 60. A partir da segunda série de 1970, o eterno besouro ganhou parachoques mais modernos que agrediram as linhas originais de Erwin Kommenda; em 1973, vieram faróis verticais que modernizaram de vez a aparência do Fusca nacional (embora, como se sabe, ele tenha mantido a área envidraçada dos alemães pré-1965). Os modelos dos anos 50, alemães, estão em patamares elevados de preço. Se você adquirir um exemplar que demande restauração, vai precisar desembolsar uma nota preta atrás de ítens originais como frisos, bananinhas, lanternas, etc. E não se iluda: você pode até se contentar com réplicas baratas dessas peças no início, mas vai acabar se rendendo no futuro e pagando, por ítens originais, mais do que se pede em um Fusquinha meia-boca. Os nacionais dos anos 60 são uma ótima pedida. Se você mora em uma cidade plana, a oferta de modelos atraentes é mais elástica, mas se você é de Belo Horizonte ou cidade com topografia parecida, fique com os modelos 1967 em diante, já com motor 1300; a falta de potência do 1200 em regiões montanhosas chega a ser constrangedora. Mas, se você faz questão de desempenho de carro popular moderno em uma estrada, faça uma concessão e fique com os 1500 até 1972. Exemplos típicos do kitsh da época, traziam cores vibrantes e painel revestido com plástico imitando jacarandá e eram empurrados por 52 hp bem dispostos e com estabilidade superior à do 1300, graças à bitola traseira mais larga. Modelos de 1973 em diante já não trazem o charme dos faróis "olho de boi" e não têm cara de carro antigo. Você se frustraria ao chegar com sua raridade em algum encontro e ninguém dar bola.

2 - V8 americano

Para quem está começando, talvez seja a opção mais tentadora. O borbulhar de um V8 equivalente a, no mínimo, cinco motores de Uno Mille, é uma das formas mais fáceis de arrancar um sorriso de um marmanjo. Há opções nacionais bem em conta, começando pela linha Galaxie (há bons modelos por aí custando 25 mil), passando pelos Dodges e chegando ao valorizado Maverick que, por ter opções que não eram V8, é mais raro e acaba custando mais. Epígonos americanos dos anos da crise do petróleo, com motores de até sete litros, são comprados a preço de banana nos EUA e vendidos por aqui na casa dos 40 mil, assim como os Camaros de segunda geração. Se você não tem muita ligação com a indústria nacional, podem ser uma boa opção, pois são infinitamente mais bem-acabados e bem executados que os brasileiros, além de terem desempenho e estabilidade superiores. Se a idéia são muscle-cars e pony-cars dos anos 60, pode colocar um dígito a mais na hora de preencher o cheque, com exceção de alguns Mustangs, cuja oferta por aqui é bem grande e que podem ser encontrados na casa dos 80-90 mil. E, finalmente, se o desejo é muita cilindrada, muito torque e um enorme capô sob seu comando, mas a grana anda curta, restam os Opalas seis cilindros, que entregam desempenho semelhante e uma proposta de diversão parecida com a dos V8, com a vantagem adicional da manutenção ser muito mais fácil e barata. Mas, atenção: assim como ocorre com os Fuscas de 1973 em diante, os Opalas 4 cilindros e os Mavericks não dotados do V8 302 vão acabar frustrando o feliz proprietário pelo desempenho ou status muito abaixo do que as linhas prometem; esses modelos só valem a pena se estiverem em estado ímpar de conservação.

3 - Dois-tempos

Se, para você, não basta apenas a excentricidade de andar em uma tranqueira desconfortável com mais de 30 anos de idade, mas é preciso também fazer parte de uma espécie de seita, as "pipoqueiras" são o seu número. Diferentes, em conceito e manuseio, de todo o resto do mundo sobre quatro rodas, os carros dotados desses pequenos e valentes motorzinhos são capazes de façanhas impressionantes nas mãos de quem entende e o prazer que entregam será proporcional à sua capacidade de compreender seu temperamento idiossincrático. Graças à produção brasileira, pela Vemag, dos DKWs, a oferta e a disponibilidade de peças é bem razoável, mas já são raros os mecânicos que realmente sabem mexer nesses motores. Opções como os DKWs alemães, os primeiros Saabs ou modelos do outro lado da antiga Cortina de Ferro também são encontradiços mais ou menos na mesma faixa de preço dos Vemag mais raros. Sugere-se apenas avisar à namorada que suas roupas terão um perfume característico após um passeio de domingo, caso a opção seja por essa categoria.

4 - Fordinho

Se, para você, carro antigo que se preze tem que ter cara de "calhambeque", nenhum personifica melhor esse espírito do que o Ford A. A proposta aqui é um pouco diferente daquela das demais categorias, pois, a não ser que você esteja disposto a fazer adaptações que comprometam irremediavelmente a originalidade, não dá para usar o Fordinho casualmente, como ir ao trabalho de vez em quando ou para um passeio de domingo com a família. A baratinha não tem freios adequados, velocidade de segurança, proteção mínima contra furto e intempéries ou outros ítens sobre os quais nem mesmo um motorista experimentado pára mais para pensar. Mas são ícones de uma época, representantes de um modo de vida que acabou para sempre com a massificação do pós-guerra. Tal como ocorre com os Fuscas, a manutenção é extremamente simples, sendo comum ver Fordinhos cheios de gambiarras e penduricalhos barangos e, por isso a variação de preços é enorme, digamos dos 20 aos 100 mil para exemplares "bons" aos olhos do leigo. Melhor consultar um especialista no modelo se você se encaixa nessa categoria. A última observação é que, graças ao mercado americano de peças de reposição, é possível reconstruir praticamente um Fordinho inteiro com peças novas de qualidade excelente.

5 - Esportivo

A referência aqui são as baratinhas de dois lugares (no máximo 2+2) com mecânica nervosa e comportamento de pista, ficando de fora os modelos familiares decorados com faixas pretas, spoilers e aerofólios, cujo espírito é outro. Uma das maneiras mais divertidas de se sentir um gentleman-driver é investir nos esportivos ingleses que, graças às facilidades de importação, chegam por aqui a preços convidativos, a partir de 50 mil. Se parece salgado, talvez a melhor opção seja o Puma GTE pré-1973 (bons exemplares são encontradiços a partir de 30 mil) ou as réplicas de Porsche feitas pela Envemo e pela Chamonix. Se o desempenho compatível com o que sugerem as linhas não for essencial, outras opções são o SP2, Pumas mais recentes ou o Karmann Ghia TC, mais em conta. Um Karmann Ghia clássico em bom estado já está em um patamar mais elevado de preço. E, se a brincadeira puder sair um pouco mais cara, há também os eternos Corvette Stingray, de preferência anteriores a 1973, carregando seus delicados parachoques cromados, ou o Porsche 911 (aí, qualquer um serve), por pouco mais de 100 mil. Nessa mesma faixa estão duas lendas nacionais, o Uirapuru e o GT Malzoni. Dai para cima, o céu é o limite, com berlinetas italianas batendo na casa dos sete ou até oito dígitos. Finalmente, há os fora-de-série nacionais dos anos 80 que, de um modo geral, ou estão em estado deplorável de conservação ou o que se pede por eles atinge a faixa de preço dos modelos já citados, que, na opinião deste blog, são mais fiéis à proposta. 
Cabe aqui uma observação. Embora seja ideal perseguir as características originais de fábrica de qualquer modelo, nessa categoria a regra é mais flexível, sendo permitidos (e até valorizados) upgrades mecânicos e melhorias no interior. Assim, não há nenhum mal em instalar carburação Weber e freios a disco em um Porsche 356, por exemplo, ou "animar" um pouco  o motor do Karmann Ghia ou, ainda, substituir o sistema elétrico Lucas dos carros ingleses por coisa melhor ou, quem sabe, revestir os bancos do Puma com couro legítimo. Procedimentos como esse eram comuns quando esses carros tiveram seus anos de ouro e, na busca por mais conforto, segurança ou um pouco mais de adrenalina, essas concessões são bem-vindas.

6 - Utilitário

Você admira a estética dos carros antigos, mas não tem paciência para frisinhos e outros detalhes? Gosta de dirigir em posição mais elevada? Quem usar seu carro antigo sem frescuras? Talvez um utilitário possa te atender bem. A gama de modelos é enorme, desde as pick-ups americanas, passando pelas nacionais e pelos jipes até modelos de uso misto, como Kombi, Rural e Veraneio. Por terem vocação para o trabalho pesado, a maioria dos modelos dessa categoria se encontra bem surrada, ficando os bons exemplares já nas mãos de colecionadores que não pedem barato para se desfazerem de suas jóias. De todos esses, talvez a Rural seja a mais acessível e há modelos muito bem conservados por aí por 15 ou 20 mil. A Kombi está virando cult e as pick-ups e jipes frequentam ambientes bem mais variados do que os prestigiados pelos carros antigos em geral.

7 - Anos 90

Quem tem mais de 30 anos lembra do impacto que causaram as Alfa 164, BMW 325, Citroën XM e Mercedes 190E quando aportaram no Brasil dos Opalas, Del Reys e assemelhados. Depois de mais de 25 anos de restrições (e mais de 15 de proibição) às importações, a última palavra em tecnologia automotiva estava novamente nas nossas ruas por preços tão intimidadores quanto o desempenho que ofereciam. Vinte anos depois, aí está sua chance de de ter uma máquina de grife pela metade do preço de um popular 0km - ou, se quiser gastar um pouquinho mais, que tal, por exemplo uma BMW série 7, com um poderoso V12, por 40 mil reais? Mas, se nas demais categorias, a restauração pode ser um grande prazer, aqui não vale a pena trilhar essa caminho, até porque ainda existem muitos excelentes exemplares nas mãos dos primeiros e cuidadosos proprietários. Há ofertas para todos os gostos, desde os esportivos Mitsubishi Eclipse e Mazda Miata, passando pelos sedãs citados acima que, mais tarde, ganharam a companhia dos Audi A80 e Volvo 850 Turbo, e chegando até as SUVs, cujo ícone máximo foi, até o acidente do jogador Edmundo, o Jeep Grand Cherokee Limited. Nessa categoria há espaço para um único nacional, o Chevrolet Omega 3.0. Antes de se animar e comprar um desses para o uso cotidiano, é bom arrumar mais uma vaga de garagem e deixar lá um 1.0 0km, just in case...

8 - Anos Dourados

Eles bebem muito, não andam nada, não freiam, não fazem curva e têm suspensão molenga a ponto de causar enjôo nos mais sensíveis. Mas, confessem, quem nunca sonhou em desfilar em uma bela banheira americana do pós-guerra e se sentir personagem de algum filme de época? Para quem quer ir por aí, há os modelos Chevrolet anteriores a 1955 que costumam carregar noivas em casamentos e são bem acessíveis, com exceção dos Bel Air 50-51. Os Fords contemporâneos valem mais e trazem o velho V8 Flathead para esquentar um pouco a brincadeira. Buicks, Lincolns, Cadillacs e Impalas também são encontradiços por aí, com preços variando conforme a carroceria e a motorização. Se você é o candidato a essa categoria, tenha sempre em mente que o tipo de carroceria é muito importante. Um sedan de quatro portas com coluna, perfeito em cada detalhe, pode valer menos da metade do preço de um conversível em escombros do mesmo modelo.

9 - Compacto europeu

Com exceção dos Aero-Willys, Ford Galaxie e Maverick e do Dodge Dart, todos os carros de passeio produzidos no Brasil tiveram sua origem em projetos europeus. E, com exceção dos grandes FNM JK, Simca Chambord e Chevrolet Omega, todos derivam de modelos compactos ou, no máximo, médios em seus mercados de origem. Assim, exemplos como Passat, Chevette, Dodginho, Corcel ou Fiat 147 (há exemplares ótimos de todos eles a partir de 10 mil) são representantes de uma enorme e variadíssima "fauna", que pode contar com modelos mais emblemáticos, como Mini ou Citroën 2CV, com espécimes raros por aqui, como Ford Cortina, com alguns modelos de marcas hoje cultuadas, como o BMW 2000, e até com carros "ideológicos" como o Lada Laika, que ainda tem muitos representantes em excelente estado oferecidos por aí a partir de 6 mil reais. Se você não consegue ver, nos modelos dessa categoria, nada mais do que carros velhos, sem o charme dos representantes das outras, não se desanime. Há menos de 20 anos, Chargers R/T e Mavericks GT eram vistos exatamente dessa forma e nem o mais otimista dos defensores desses modelos podia imaginar o status - e preço - que eles atingiriam, superando, inclusive, o de alguns equivalentes americanos.

10 - Prestígiosos

Finalmente, hora de falar dos modelos que envelheceram sem perder a classe, liderados, naturalmente, pelos Mercedes dos anos 60 e 70. Impressionante como esses carros, apesar de já terem prestado todo tipo de serviço, se mantêm incrivelmente conservados, a maioria com o interior ainda original e mecânica com fôlego para milhares de quilômetros. Costumam custar pouco em relação à sofisticação que oferecem, mas ha modelos dos anos 60 que superam facilmente os 100 mil, assim como os Rolls-Royce mais baratos, como o Silver Shadow. A manutenção tende a ser bem mais onerosa do que a de modelos nacionais, mesmo os de custo de aquisição mais elevado. Do outro lado do Atlântico, há os Cadillacs e Lincolns dos anos 70 que têm sido importados aos montes nos últimos anos, a maioria em estado excelente de conservação. Entretanto, mesmo na carroceria sedã de 4 portas, eles tendem a atingir um público diferente de quem procura os prestigiosos europeus e, talvez se enquadrem melhor na segunda categoria desta resenha. 

Animou? Quebre seu porquinho e vá às compras! A partir de 6 mil reais você já pode se orgulhar em ser o mais novo antigomobilista brasileiro. E não se esqueça de que o texto acima contém só uma opinião e que o realmente importa é sua satisfação pessoal. Inevitavelmente, você irá se deparar com palpiteiros que adoram ver defeitos no que é dos outros, mas não se deixe abalar por isso. O gosto de acelerar uma máquina que só você compreende, em um domingão ensolarado, fala por si só. Divirta-se!

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

RALLY RETRÔ 2012 - MAIS FOTOS

Para complementar o post anterior, algumas fotos do Fuscão feitas pela organização do evento. Enjoy!