segunda-feira, 2 de setembro de 2013

BLUE CLOUD 2013 - A ESSÊNCIA DO ANTIGOMOBILISMO

Como pode uma marca descontinuada há 46 anos continuar despertando tanta paixão? Por que um carrinho barulhento, fumacento e beberrão ainda é capaz de motivar 107 apaixonados a colocá-los na estrada, com alguns rodando por mais de 1000 km, para que se encontrem em uma estância no sul de MG? A resposta está no clima de mais autêntica camaradagem visto no XI Blue Cloud, que ocorreu em Poços de Caldas no último final de semana e repetiu a impressão deixada em 2011, na mesma cidade: trata-se de um dos melhores - talvez o melhor - encontro de automóveis antigos do Brasil. A paixão pelos carros, a vontade de trocar informações e experiências a respeito dos desafios de manter os DKW em funcionamento e, principalmente, o clima de inclusão dos que, como eu, não possuem um veículo da marca, não deixam espaço para a fogueira de vaidades que costuma marcar presença na maioria dos encontros de antigomobilistas pelo Brasil afora, com discussões intermináveis a respeito das imperfeições dos carros dos outros e de premiações injustas - aliás, não há premiação no Blue Cloud, um exemplo a ser seguido por outros encontros. Impressionante como, ao lado de figurinhas carimbadas como essa Sonderklasse 1957 da família Witzke, ou o Malzoni II, restaurado pelo filho do seu criador, ou essa Wartburg 311, a cada ano aparecem novidades dignas de tardes inteiras de discussões entre os entusiastas. Esse ano, os holofotes se dividiram entre a Universal 1956 do Flavio Gomes - carinhosamente apelidada de Miss Universe -, provavelmente o décimo carro fabricado pela Vemag  e candidata ao título de carro brasileiro mais antigo conhecido, e o Fissore 1965 do colecionador Marcelo Zeugner, absolutamente impecável e equipado com a raríssima (entre automóveis brasileiros) embreagem SaxOmat, que dispensa o pedal da esquerda para a troca de marchas. No mais, o barulhinho das "pipoqueiras" e o perfume de óleo dois-tempos deu o tom do evento. Faço aqui um agradecimento ao Roberto Fróes, conhecido colecionador do RJ que, muito gentilmente, nos convidou para uma volta no seu Belcar 1961, o mesmo usado na filmagens do clipe Solitário Surfista com Gabriel, o Pensador e Jorge Benjor. Curtam as fotos do que de inédito apareceu no Blue Cloud desse ano.

A Universal 1956 do Flavio Gomes, décima unidade a sair da fábrica da Vemag

O absolutamente impecável Fissore com embreagem SaxOmat

Do lado de lá da Cortina de Ferro e do lado de cá do Atlântico, duas peruinhas com o mesmo pedigree

Belcar (ou Grande DKW-Vemag, já que é de 1960) com a grade dos modelos Auto Union argentinos em um trabalho primoroso de restauração

A DKW foi a maior produtora mundial de motocicletas antes da II Guerra. Depois do conflito, a fábrica ficou do lado comunista da Alemanha e a marca foi renomeada MZ, que cedeu muito do seu DNA para as saudosas Yamaha nacionais, de motor dois-tempos

São raros os eventos de antigomobilismo em que você vê cenas como essa

segunda-feira, 1 de julho de 2013

FUSCA DE LUXO


Em 1965, a Volkswagen lançou, no Brasil, uma versão simplificada do Fusca padrão, chamada Pé de Boi. Segundo o raciocínio da fábrica, o carro teria todas as qualidades de robustez e confiabilidade que fizeram a fama do carrinho, mas seriam suprimidos todos os acessórios supérfluos, principalmente frisos e cromados, para lhe dar um preço mais acessível. A estratégia se revelou um fracasso e a VW entendeu que, diferentemente do que ocorre na Europa (vide o sucesso atual dos modelos Dacia por lá, de aparência muito mais espartana do que os Sandero e Duster nacionais), o consumidor brasileiro não gosta da idéia de comprar algo visto, ostensivamente, como "coisa de pobre". Assim, em 1970, a marca percorreu o caminho inverso ao tentado com o Pé de Boi, dotando o Fusca de motor mais potente, acabamento diferenciado e alguns melhoramentos técnicos, tendo o Fuscão experimentado enorme sucesso, vendendo, inclusive, mais do que o 1300 no mesmo período. Em 1975, a VW estendeu a opção de acabamento diferenciado e bitola traseira mais larga para o motor 1300, criando o 1300L e atingido novo sucesso em uma época em que a economia de combustível era a palavra de ordem. O modelo da foto, da coleção de Flavio Gomes, faz parte das primeiras safras, ainda com parachoques de lâmina grossa, que foram simplificados a partir da linha 1977.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

ESTRELA DE TRÊS PONTAS NO ALTO DO PÓDIO


O término da terceira edição das Mil Milhas Históricas Brasileiras, cujo sucesso já está definitivamente consolidado, marcou o fim do domínio dos esportivos ingleses com a vitória dessa magnífica Mercedes 350 SLC 1973, modelo cuja história já foi contada aqui. Entretanto, se a hegemonia inglesa caiu por terra neste ano, a dupla Rogério Franz e Mário Nardi vai se consolidando como favorita nesse tipo de prova, já que, com a conquista desta edição, se sagraram bicampeões, pois já haviam faturado também a primeira prova a bordo de um Triumph TR4. Parabéns aos vencedores!

quarta-feira, 12 de junho de 2013

A PRIMEIRA VEMAGUET


Como se sabe, o primeiro automóvel reconhecido como genuinamente brasileiro foi a perua Universal, saída das linhas de montagem da Vemag em novembro de 1956 e muitas vezes denominada, equivocadamente, como Vemaguet. Essa nomenclatura para a "Caminhoneta DKW-Vemag", na verdade, só surgiu em 1961, quando a marca vivia seus melhores dias e povoava o imaginário da incipiente classe média brasileira. Junto com o nome, vieram evoluções interessantes como os novos parachoques, americanizados e mais ao gosto do consumidor brasileiro, bancos mais confortáveis e calotas com novo desenho; o motor 1000, em substituição ao 900, já havia aparecido no ano anterior. Vestígios das unidades "pré-Vemaguet" ainda estavam nesse modelo, como os frisos cromados na tampa do porta-malas (que foram suprimidos no sedã nesse ano) e nas calhas e a pintura saia-e-blusa, fazendo da Vemaguet 1961 da foto acima um elo interessante entre a fase pioneira e a maturidade da linha DKW-Vemag. O modelo é o mais novo membro da coleção do Flavio Gomes.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

II RAID DA MANTIQUEIRA - O GRANDE CAMPEÃO


Naturalmente, o Puma GTE 1978 e seu piloto, o brother Paulo Henrique Novo (e seu navegador Felipe Telles, que não aparece na foto), merecem um post só para eles pela vitória incontestável na prova de regularidade, com apenas 31 pontos perdidos. 
Sobre o Puma acima, uma surpresa para mim. Trata-se de um carro tão diferente dos modelos mais antigos, que parece outro projeto quando comparado, por exemplo, ao modelo 1971 que já tive a oportunidade de guiar algumas vezes. Posição de dirigir mais recuada, coluna de direção mais baixa e até a posição de alavanca de marchas mais para trás, além do espaço interno muito superior, graças ao chassi de Brasília no lugar dos de Karmann Ghia dos primeiros tempos, dão uma idéia da evolução do felino brasileiro, que teve as vendas mais expressivas justamente na segunda metade da década de 70, já com o desenho acima.
Voltando ao Raid, mais fotos podem ser vistas na página do Facebook dos organizadores. 

II RAID DA MANTIQUEIRA - CRÔNICA DE UM FIM DE SEMANA INESQUECÍVEL

MGA e seu sucessor ao lado do VW Karmann Ghia e seu sucessor - encontro de gerações

O odômetro do MGB marcava 26794 milhas quando dei a partida na sexta-feira, às 7 da manhã, rumo a Tiradentes, de onde seria dada a largada para os mineiros que participassem do Raid, com destino a São Lourenço. Como moro a 30 km de estrada aberta até o trabalho e uso meus antigos frequentemente na labuta do cotidiano, nenhuma revisão especial precisou ser feita no carro e posso dizer que, graças a essa distância, conheço bem suas manhas e seus limites em situações de maior exigência. Meu navegador também é um velho conhecido desde esta prova, de modo que formamos - carro, navegador e piloto - uma equipe bem azeitada para o que estava por vir.
Mercedes 350 SL foi o mais rápido de sua categoria no primeiro prime

Chegando em Tiradentes, conheci alguns dos meus adversários, todos em carros magníficos, a maioria esportivos puro-sangue, além de um Fusca 1500, um Fiat 500 moderno, uma belíssima F-100 V8 com câmbio automático e o BMW 328 1993 do Roberto Aranha, piloto carioca da mais refinada técnica que, muito elegantemente, levou seu cocker spaniel para se divertir a bordo do clássico de Munique. 

Um pouco da diversidade automotiva vista no Raid; o Porsche veio de Curitiba e levou 3 troféus

Foi também na largada em Tiradentes que tive o prazer de conhecer o Jornalista José Resende Mahar, figura respeitadíssima no meio automotivo e dono de conhecimento enciclopédico a respeito de tudo o que depende de combustão interna. Nos identificamos imediatamente pelo seu fino humor britânico associado ao fato de eu estar com o único representante da terra da Rainha naquela largada e, principalmente, por sermos membros de uma raríssima seita - a de colecionadores de carros antigos que possuem uma Caravan 4 cilindros em seu acervo.
E foi dada a largada!
Jaguar E-Type V12 automático

Eu, o Eduardo e a baratinha íamos muito bem, na maioria das vezes com cerca de 3 ou 4 segundos, no máximo, de erro em relação às referências; apesar de estarmos correndo em estradas com trânsito aberto, a agilidade do MGB me permitiu negociar bem as ultrapassagens sobre veículos mais lentos e manter as médias não parecia lá muito difícil... até que, passados 20 minutos de prova, a chuva resolveu cair pra valer. Para um esportivo dono de uma estabilidade digna de um kart, tudo bem e continuamos no ritmo forte que a prova exigia, mas, com mais uns 30 minutos de chuva inclemente, Joseph Lucas, The Prince of Darkness, resolveu aprontar das suas e uma pane elétrica fez com que os limpadores de parabrisa parassem de funcionar. Mesmo com visibilidade quase zero, eventualmente tendo que colocar a cara para fora do carro e nos ensopando por causa dos vidros abertos, continuamos a mandar lenha, agora sem a mesma precisão do início, mas conseguimos cumprir a prova satisfeitos com o nosso desempenho. Para o troféu de regularidade, estávamos no páreo!
Ao volante, diversão em seu estado mais puro...

No sábado, o sol resolveu dar o ar da graça e, em um dia magnífico, fomos brindados com as provas de velocidade em estrada fechada, os primes. Com um motorzinho de 4 cilindros sem a mesma compressão da sua juventude, o MG não tinha muita chance contra os grandões, mas foi divertidíssimo acelerar o bicho até o limite, chegando, depois de 14 quilômetros da segunda prova, envolvidos pelo cheiro de borracha queimada e discos de freio quase incandescentes, com a certeza de que fizemos boa figura - soubemos depois, que merecemos um mais do que digno décimo lugar.
Foram poucos os muscle-cars no evento, mas o Dodge Charger nacional fez ótima figura

Foi nesse sábado que tive o prazer de conhecer pessoalmente o Paulo Levi, do Adverdriving, a quem devo algumas das fotos deste post, e seu absolutamente maravilhoso Chevette 1975, e o Max Acrísio, que, com seu MGA (seu há 37 anos!), representou, junto comigo, a casa de Abingdon e a tradição dos mais divertidos esportivos do mundo. 
Carros interessantes não faltaram entre os cerca de 60 inscritos, desde os originais impecáveis, passando pelos preparados e até um Fusca com motor Porsche de 6 cilindros 3.6, um Chevette com V6 de Pajero tão bem instalado que parecia original (segundo o dono, até os coxins originais do motor foram aproveitados) e um Gordini com motor VW AP 2.0.
Os dois MGs perfilados aguardando a largada do segundo prime em Dom Viçoso pareciam se sentir em Brescia nas Mille Miglia; mais atrás, o Chevette só observa...

Noite de premiação e o Troféu José Resende Mahar, para a equipe que melhor representou o espírito do evento, veio para nós, graças à pane causada pelo Príncipe das Trevas e que, segundo o próprio Mahar, não foi capaz de tirar nosso sorriso e nosso espírito desportivo. Confesso que me senti emocionado em merecer ganhar um troféu das mãos de figura tão ilustre. 
Duas gerações de Ford F-100, escandalosamente lindas

Outras premiações especiais foram para o Ford T5, de veículo mais raro do evento, para o Porsche 911 de Luiz Leão, que veio de mais longe (Curitiba), e para o piloto mais velho, Jan Balder, no imortal Malzoni das Mil Milhas de 1966. O campeão geral do Raid foi o Paulo Henrique Novo, com o Puma 1978, que perdeu apenas 31 pontos, seguido pela Ford F-100 V8 do André Peon (80 pontos perdidos) e pelo nosso querido MGB (84 pontos perdidos), coincidentemente os três na mesma categoria. Muito sentida foi a ausência do Muricy, que teve um problema de saúde na família e acabou impedido de comparecer na última hora.

Eu, o Max e os MGs, que, por causa do atraso dele na largada, fizeram um lindo pega no segundo prime

De volta para casa, sem nenhum engasgo ou problema maior (felizmente não voltou a chover!), o odômetro do MG marcava 27510 milhas. Foram 1175 quilômetros de sorrisos em apenas 3 dias. Missão cumprida!

De volta para casa com dois troféus e 1175 km de diversão

quinta-feira, 23 de maio de 2013

II RAID DA MANTIQUEIRA - PRÉVIAS (10)


E, para fechar a avant-premiére do que nos espera pelas serras do sul de Minas no próximo fim-de-semana,  fica a foto do carro que virou símbolo do evento, o magnífico LaSalle 1939, aqui recebendo os cuidados do seu zeloso proprietário, José Cândido Muricy, conhecido colecionador de Cadillacs do Rio de Janeiro. Muito representativa da segmentação proposta pela GM, a LaSalle foi criada pela corporação em 1927 e durou até 1940, com o objetivo de diversificar a oferta de molelos de luxo do gigante de Detroit como um Cadillac menor e mais esportivo, tendo ocupado o pequeno hiato existente entre a própria Cadillac e a Buick. Seus principais concorrentes eram os modelos de entrada da Packard, como o 120, e da Chrysler e , embora as vendas da LaSalle nunca tenham correspondido às expectativas da GM e a marca tenha desaparecido em 1941, ela acabou marcando a história do automóvel ao ter revelado ao mundo o gênio criativo de Harley Earl, mais tarde responsável pelo Art & Colour Studios da GM.
A partir de amanhã, pé na estrada em busca do troféu! A foto acima foi extraída da cobertura da edição do ano passado, feita pelo Mahar.

terça-feira, 21 de maio de 2013

II RAID DA MANTIQUEIRA - PRÉVIAS (9)


Outro futuro clássico que deve marcar presença no Raid é um BMW M3 de segunda geração, semelhante ao da foto acima, furtada do Renato Bellote. A linhagem M3, lançada em 1985, já é uma das mais representativas de todo os universo dos GTs europeus e cartão de visitas da Casa Bávara, arrancando tantos suspiros quanto outras legendas da marca como o M1 e o 507, que não deixaram descendentes. Na segunda geração, de 1993, a principal diferença foi a substituição do motor de 4 cilindros em linha pelo seis-em-linha de 3.0 litros e comando de válvulas variável, que lhe rendiam 286 cv, chegando a 321 cv em 1995, e o comportamento mais amigável do que o do seu antecessor, que parecia saído diretamente das pistas da DTM.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

II RAID DA MANTIQUEIRA - PRÉVIAS (8)


Como não poderia deixar de ser, alguns Mustangs clássicos estão inscritos para o evento, mostrando que a cultura norte-americana sobre rodas estará bem representada nas curvas da Serra da Mantiqueira. Entretanto, dentre eles, chamou a atenção o modelo acima, um T5 1966. Na verdade, trata-se rigorosamente do clássico Mustang que todos conhecem, mas a denominação diferente aponta que ele faz parte do lote destinado, inicialmente, à exportação para a Alemanha. Ocorre que, lá, Mustang era o nome de um caminhão da Krupp e, para evitar conflitos comerciais e possíveis indenizações à empresa alemã, a Ford preferiu denominar o carro destinado àquele mercado pelo nome original do projeto, T5. O impecável modelo da foto acima será conduzido pela dupla José Alexandre Kemenes/Edelson Boretti e já foi capa de algumas publicações especializadas, inclusive da página dedicada à história dos "Mustangs alemães".

terça-feira, 7 de maio de 2013

II RAID DA MANTIQUEIRA - PRÉVIAS (7)

Um modelo que faz muito sucesso nesse tipo de prova na Europa é o Opel Kadett C - Chevette aqui e nos EUA - graças à tração traseira, que fez dele uma das poucas exceções entre os compactos dos anos 70. No Brasil, boa parte dos Chevettes das primeiras safras acabou exterminada pela turma da arrancada, que  os comprava a preço de banana e enfiava neles um monstruoso seis-em-linha de Opala, comprometendo irremediavelmente sua estrutura e seu equilíbrio. Felizmente, alguns estão preservados e um modelo 1976, semelhante ao da foto acima (que pertence ao amigo Paulo Levi) deverá desfilar pela Serra da Mantiqueira no Raid que se aproxima.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

II RAID DA MANTIQUEIRA - PRÉVIAS (6)


E aí, alguém questiona que um estupendo Lamborghini Gallardo Spyder como o da foto acima, com todo o charme da dinastia de Sant'Agata Bolognese, design assinado por Giugiaro e, claro, seu V10 de 520 cv, se enquadra entre os Futuros Clássicos inscritos para o Raid?

sexta-feira, 3 de maio de 2013

II RAID DA MANTIQUEIRA - PRÉVIAS (5)

Claro que não poderia faltar o simpático Fusquinha no Raid e, entre os quatro exemplares que estão pré-inscritos, chamou a atenção um modelo da Série Prata 1980 que, do ponto de vista estético, marcou época ao inaugurar as lanternas traseira tipo "Fafá" e os parachoques monocromáticos, vistos treze anos depois na ressurreição do besouro promovida pelo Presidente Itamar Franco. Dotada do motor 1300 e acabamento caprichado, a Série Prata nacional antecipou em um ano o Silver Bug,  lançado mundialmente em 1981 para comemorar o vigésimo milionésimo Fusca produzido no mundo, em uma época em que os EUA e a Europa ainda consumiam os Fuscas produzidos no México, mais modernos que os brasileiros. Como a série foi limitadíssima aqui no Brasil e a maioria se perdeu na labuta do dia-a-dia, esse modelo passou a ser altamente colecionável.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

II RAID DA MANTIQUEIRA - PRÉVIAS (4)



Figura bastante vista em encontros estáticos, graças à relativa fartura de modelos que por aqui habitam desde quando eram 0km, trazidos por milionários que tinham bons contatos nas embaixadas, a terceira geração da Mercedes SL vai se tornando também um dos modelos preferidos para provas de estrada, ao lado dos Corvette Stingray e MGB. No Raid que se aproxima, deveremos ter a presença de uma belíssima 350 SL prata semelhante à da foto acima, que faz parte de uma grande coleção daqui de BH. A 350 SL que vai ao Raid foi premiada em Lindóia/2011 e traz um belo interior em couro azul, de fábrica. Seu soberbo V8 3.5 de 230 cv, aliado a uma dirigibilidade exemplar que conta com freios a disco nas 4 rodas, vai fazer dela uma companheirona nas curvas da Serra da Mantiqueira. Seu piloto, o Guilherme, já tem no currículo o primeiro lugar no raid que foi disputado no Brazil Classics 2008, a bordo de um Maverick GT.

domingo, 21 de abril de 2013

II RAID DA MANTIQUEIRA - PRÉVIAS (3)


Começamos com o mais carismático esportivo brasileiro, seguido pelo representante da marca alemã que ensinou ao mundo como reunir luxo e esportividade. Que tal acrescentar ao grupo o mais popular esportivo inglês - e do mundo - de todos os tempos? O MGB fez carreira de 1962 a 1980, com 500 mil unidades vendidas, e, graças à manutenção facílima e à abundância de peças de reposição, é figurinha carimbada em eventos desse tipo, com ótima dirigibilidade e comportamento de puro-sangue. O modelo 1979, que, na foto, aparece inspecionado por um dos donos, teve os parachoques american-spec trocados por peças cromadas e estará presente sob comando deste que vos bloga, tendo como navegador Eduardo Santana, bicampeão brasileiro de rali em 1982-83.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

II RAID DA MANTIQUEIRA - PRÉVIAS (2)


Outro que já confirmou presença para correr pelas montanhas de Minas foi um belo BMW 2002 Baur Cabriolet, versão especial, surgida em 1971, do inesquecível 2002 que, por sua vez, foi uma das mais celebradas evoluções dos modelos conhecidos como Neue Klasse (nova classe), surgida em 1962 com o modelo 1500 e que lançou a semente da identidade esportiva conquistada pela marca nas décadas seguintes. Apesar de ter produzido legendas como o 328 dos anos 30 e o roadster 507, a BMW chegou à beira da falência em meados dos anos 50, ao tentar se notabilizar no mercado de alto luxo, tendo produzido os 501/502, que fracassaram ao se baterem com os, então, muito mais celebrados Mercedes 300. Comprada pela família Quandt no início dos anos 60, a marca bávara tratou de reconstruir sua identidade até se tornar referência em sedãs esportivos e, quem diria, ter muitos dos seus conceitos copiados pela eterna rival de Stuttgart, tendo tido a Neue Klasse um papel fundamental nessa estratégia. O desenho, assinado por Wilhelm Hofmeister, ganhava, nessa versão especial, o tratamento da Karrosserie Baur, uma interessante combinação dos conceitos Targa e Cabriolet. O "2002" da nomenclatura se refere ao motor 2.0 e às duas portas. Na versão quatro-portas, os 2.0 eram chamados de 2000.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

II RAID DA MANTIQUEIRA - PRÉVIAS (1)


Faltando pouco mais de um mês para a segunda edição daquela que promete se consolidar como uma das mais charmosas provas de regularidade do antigomobilismo brasileiro, vamos pingando por aqui algumas pinceladas sobre o evento, começando por ressaltar uma mudança sutil em relação à edição passada: não serão permitidas inscrições de jipes. Do ponto de vista deste blog, a medida é bem vinda, já que os belos 4x4 de época sempre parecem pouco à vontade em provas desse tipo, no asfalto. Carros de passeio de todos os tipos, mesmo os populares ou os sedãs familiares, são aceitos, bem no espírito de provas italianas de rua dos anos 50, como Mille Miglia e Targa Florio, nas quais muitos participantes se inscreviam com o único carro da família (até os Fiat Topolino eram vistos nessas provas), que se batiam com as desejadas Alfas e Maseratis dos mais abastados. Também são aceitos os chamados "futuros clássicos", modelos de interesse especial fabricados após 1980 que, a critério da organização, têm pedigree para correr ao lado de ícones do passado. Para mais informações, basta acessar o site oficial do evento ou a página do Facebook.
Feitas as apresentações, hora de comentar sobre o primeiro modelo confirmado, nada menos que o GT Malzoni # 7 que correu a mais famosa edição das Mil Milhas Brasileiras, a de 1966, e que perdeu o primeiro lugar nas últimas voltas por problemas em um dos pistões. Se dá gosto ver o mais famoso esportivo brasileiro correndo em uma prova de estrada, principalmente em se tratando de uma unidade tão especial, o toque final fica por conta do piloto, Jan Balder, figura legendária de Interlagos nos anos 60 e que era justamente um dos condutores desse mesmo Malzoni naquela distante Mil Milhas de 47 anos atrás, ao lado de Emerson Fittipaldi. Seu navegador será Alfred Maslowski, ícone do rali nacional nos anos 70.

quarta-feira, 20 de março de 2013

O ANCESTRAL DE UMA LINHAGEM VENCEDORA


Reparando nos marcadores do post anterior, percebi que, em quase cinco anos de blog, eu nunca havia postado nada sobre a Mitsubishi, uma das marcas de maior sucesso no esporte a motor em todos os tempos e um dos maiores conglomerados industriais do mundo (lembro de ouvir, ainda criança, um tio ensinando que a marca fabricava desde canetas até aviões de combate!). Fiquemos hoje, portanto, com o primeiro Lancer, surgido para ocupar o lugar do Colt, que crescera de tamanho e dera origem ao médio Galant. Já nos seus primeiros anos de vida, ele se mostrou um sucesso em alguns dos ralis mais difíceis do mundo, inclusive com vitória no Rali do Quênia de 1974, pilotado por Joginder Singh, na versão 1600 GSR da foto, que mora no Brasil sob os cuidados do importador da marca. Com 825 kg e 110 cv, a versão "brava" da primeira geração foi de 1973 a 1978 e é um antecedente à altura dos monstrengos Lancer EVO, que brilharam nas pistas de rali nas mãos de Tommi Mäkinen, na virada do século, e povoam os sonhos de qualquer garoto aficcionado por automóveis atualmente.

terça-feira, 19 de março de 2013

10 RIVALIDADES APAIXONANTES

Sempre que falta assunto aqui no blog, uma ótima saída é recorrer às listinhas que povoam o imaginário de qualquer entusiasta, fórmula que pode ser comprovada olhando as últimas estatísticas que mostram o sucesso estrondoso desse post. Pois bem, inspirado pela dupla Mercedes 190E 2.3-16 e BMW M3, vamos a dez pares de carros-esporte adversários que eu sonharia em admirar em minha sala de estar ao sabor de um Jack Daniel's Old Barrel - e levar para passear em uma estrada deserta num domingo ensolarado, claro!

1 - GT Malzoni x Willys Interlagos


E quem não gostaria de reeditar o principal duelo das pistas brasileiras dos anos 60?

2 - Corvette Sting Ray x Jaguar E-Type


Potentes e sensuais como qualquer macchina italiana, por uma fração do preço delas e com desenho inconfundível, como convém a qualquer clássico esportivo.

3 - VW SP2 x Puma GTE


Os pequenos esportivos com motor de Fusca refrigerado a ar bem que tentavam levar o espírito das pistas brasileiras dos anos 60 para as estradas dos anos 70, mas a coisa ficava mais na aparência do que nos números de desempenho.

4 - Charger R/T x Maverick GT


Esse sim, talvez tenha sido o grande duelo no imaginário do motorista brasileiro no início dos anos 70. Pouco importava se eles derivassem de pacatos modelos de passeio; o principal era o ronco do V8 e a cantada de pneus nas arrancadas...

5 - Camaro x Mustang


Na mesma linha do duelo Charger x Maverick, porém iniciada ainda nos anos 60 e com muito mais opções de tempero, os eternos pony-cars americanos nada mais eram do que versões mais transadas de modelos compactos, mas até hoje sabem arrancar suspiros como poucos. E não é demais lembrar que a rivalidade perdura até hoje!

6 - MGB x Triumph TR4


Qual foi o último herdeiro do legado britânico de esportivos em seu sentido mais puro? O gigante British Leyland tinha franca preferência pela linha TR, mas os 500.000 MGB vendidos em 18 anos  sem praticamente nenhum investimento da matriz em seu desenvolvimento mostram que a questão era complicada...


7 - Ferrari 365 GTB/4 x Lamborghini Miura


O estado-de-arte dos esportivos italianos e uma das rivalidades mais famosas da história do automóvel. Logo depois do surgimento deles, veio a crise do petróleo e legislações mais rígidas quanto a emissões e segurança, que fizeram com que nunca mais houvesse carros assim.

8 - Ferrari F-40 x Porsche 959


Dois esportivos superlativos que recriaram o conceito do supercarro, inclusive batendo os 300 km/h. Devem deter, até hoje, algum tipo de recorde de comparativos entre si nas publicações especializadas.

9 - BMW M3 E30 x Mercedes 190E 2.3-16


Dos anos de ouro da DTM para a sua garagem por um precinho que dá pra encarar... 

10 - Subaru Impreza WRX STi x Mitsubishi Lancer EVO


A versão japonesa da briga alemã aí de cima, tendo as pistas de rali como pano de fundo, ao invés das pistas da DTM. Só mesmo os marketeiros para explicar por que um país que produz clássicos desse nível precisa ficar criando marcas de prestígio insossas como Lexus, Infiniti e Acura para vender nos EUA.

E aí, faltou algum?

segunda-feira, 18 de março de 2013

O BRILHO DA ESTRELA

Para se contrapor à série 3 da BMW e 80 da Audi e não perder terreno no campo dos sedãs médios, a Mercedes colocou o 190E no mercado em 1982, modelo que foi muito apreciado por trazer todos os predicados da marca de Stuttgart em um pacote mais compacto que agradou em cheio os jovens bem-sucedidos da época. Mas a coisa começou a esquentar mesmo somente no ano seguinte, quando surgiu o 190E 2.3-16 da foto acima, um foguete de 185 cv, 225 km/h de máxima e 0-100 em 8 segundos - é bom lembrar que ele tinha apenas 4 cilindros - graças ao cabeçote de alumínio com 4 válvulas por cilindro, trabalhado pela Cosworth. O toque final ficava por conta da primeira invertida (para a esquerda e para trás), para que as quatro marchas mais altas ficassem dentro do H, como nos carros de competição. Considerado um legítimo puro-sangue que brilhou na DTM, o 190E trazia discretos adereços aerodinâmicos e quebrou uma tradição da marca, iniciada com o 300 SL dos anos 50, de estampar a estrela na grade dos seus esportivos, tendo a mantido no alto do radiador, como nos modelos mais sóbrios. De qualquer forma, o invocado sedã precipitou a chegada de outra legenda das Autobahnen dos anos 80, o BMW M3 do post abaixo, de 1985.

quinta-feira, 14 de março de 2013

QUEBRANDO OU RESGATANDO TRADIÇÕES?

Há pouco tempo, tive a oportunidade de andar no fantástico novo BMW 328 que, ao contrário do que sugere a sigla, não vem com um seis-em-linha de 2.8 litros, mas sim com o mesmo 4 cilindros do 320, porém turbocomprimido. Impressões à parte, logo veio a inevitável discussão com os amigos se a BMW fez certo em sua opção por um motor de menor cilindrada, visando atender a exigências européias e norte-americanas por menores consumo e poluição. Os saudosistas evocaram as tradições da marca, iniciada com o 328 do pós-guerra, que teve seu conceito básico copiado pela Jaguar no XK 120, passou pelos belíssimos CSL e CSi dos anos 70 e povoou o nosso imaginário com a chegada dos 325 nos anos 90 - o 318 da época era visto com algum desdém devido ao desempenho apenas suficiente do seu 1.8. Diante de tanto saudosismo, contra-argumentei que o mais puro, selvagem, desejável e belo representante de toda a série 3, o M3 original de 1985 (código E30), só era disponibilizado na versão quatro-cilindros de 200 cv, feito a partir do seis-em-linha do M1, de modo que um 328 com quatro cilindros e 245 cv seria tão-somente uma volta às origens. E que nunca seria demais lembrar que o turbocompressor do novo 328 tem tudo a ver, já que evoca o BMW 2002 Turbo de 1973, o primeiro automóvel de série a usar esse acessório. Quem não concorda, que fique com o novo 325, que manteve o seis-em-linha...

terça-feira, 12 de março de 2013

II RAID DA MANTIQUEIRA


Consolidando a recente tendência do antigomobilismo brasileiro de valorizar eventos dinâmicos, os entusiastas foram brindados, no ano passado, com mais uma prova de regularidade de nível internacional, o Raid da Mantiqueira, cuja primeira edição teve, nesse Corvette Stingray 1975 de Emílio e Glícia Losada, o grande vencedor entre 28 participantes, numa diversidade de clássicos que ia de um magnífico LaSalle do final dos anos 30 até um singelo Mazda Miata dos anos 90, competindo na categoria "Futuros Clássicos". Este ano, o evento está programado para 24-25 de maio e promete se consolidar como um dos mais charmosos do Brasil. Uma lenda das pistas, Jan Balder, já confirmou presença, e outras figuras ilustres são aguardadas. O Antigomóveis estará lá, a caráter, para dar ao leitor o ponto de vista de um competidor. 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

TRIBUTO AO M


Foi com grande pesar que ficamos sabendo, no sábado passado, da morte do amigo Marcos Sacoman, o M que, sem exagero nenhum, pode ser considerado co-autor deste blog com seus comentários irreverentes que sempre davam ainda mais brilho a um conhecimento enciclopédico sobre automóveis, especialmente os esportivos - um "duelo" memorável com outro co-autor, o Zullino, ficou registrado aqui. Tive o prazer de conhecer o Marcos pessoalmente em 2009, em um almoço no Pandoro, acompanhado pela Júlia e pelo Felipe, ainda no bebê-conforto (que dormiu o tempo todo...), em uma tarde agradabilíssima. De tudo o que conversamos, me marcou o apreço que ele tinha pelo Austin-Healey 3000 que, inclusive, era o carro da foto do seu avatar. Substituto natural do pequeno Austin-Healey 100, o 3000 foi um dos grandes esportivos britânicos do início dos anos 60, com seu seis-em-linha de 3.0 litros que, nos últimos modelos, beliscava os 150 cv e os 200 km/h de máxima a um preço bem mais acessível do que o dos Jaguar da série XK, tendo  sido produzido entre 1959 e 1967, curiosamente, nas instalações da marca rival MG, em Abingdon, caso do Mk III da foto acima, feito a partir de 1963.
Sempre que o assunto for esportivo inglês, meus pensamentos estarão com o Marcos. Descanse em paz, meu caro!