segunda-feira, 27 de maio de 2013

II RAID DA MANTIQUEIRA - O GRANDE CAMPEÃO


Naturalmente, o Puma GTE 1978 e seu piloto, o brother Paulo Henrique Novo (e seu navegador Felipe Telles, que não aparece na foto), merecem um post só para eles pela vitória incontestável na prova de regularidade, com apenas 31 pontos perdidos. 
Sobre o Puma acima, uma surpresa para mim. Trata-se de um carro tão diferente dos modelos mais antigos, que parece outro projeto quando comparado, por exemplo, ao modelo 1971 que já tive a oportunidade de guiar algumas vezes. Posição de dirigir mais recuada, coluna de direção mais baixa e até a posição de alavanca de marchas mais para trás, além do espaço interno muito superior, graças ao chassi de Brasília no lugar dos de Karmann Ghia dos primeiros tempos, dão uma idéia da evolução do felino brasileiro, que teve as vendas mais expressivas justamente na segunda metade da década de 70, já com o desenho acima.
Voltando ao Raid, mais fotos podem ser vistas na página do Facebook dos organizadores. 

II RAID DA MANTIQUEIRA - CRÔNICA DE UM FIM DE SEMANA INESQUECÍVEL

MGA e seu sucessor ao lado do VW Karmann Ghia e seu sucessor - encontro de gerações

O odômetro do MGB marcava 26794 milhas quando dei a partida na sexta-feira, às 7 da manhã, rumo a Tiradentes, de onde seria dada a largada para os mineiros que participassem do Raid, com destino a São Lourenço. Como moro a 30 km de estrada aberta até o trabalho e uso meus antigos frequentemente na labuta do cotidiano, nenhuma revisão especial precisou ser feita no carro e posso dizer que, graças a essa distância, conheço bem suas manhas e seus limites em situações de maior exigência. Meu navegador também é um velho conhecido desde esta prova, de modo que formamos - carro, navegador e piloto - uma equipe bem azeitada para o que estava por vir.
Mercedes 350 SL foi o mais rápido de sua categoria no primeiro prime

Chegando em Tiradentes, conheci alguns dos meus adversários, todos em carros magníficos, a maioria esportivos puro-sangue, além de um Fusca 1500, um Fiat 500 moderno, uma belíssima F-100 V8 com câmbio automático e o BMW 328 1993 do Roberto Aranha, piloto carioca da mais refinada técnica que, muito elegantemente, levou seu cocker spaniel para se divertir a bordo do clássico de Munique. 

Um pouco da diversidade automotiva vista no Raid; o Porsche veio de Curitiba e levou 3 troféus

Foi também na largada em Tiradentes que tive o prazer de conhecer o Jornalista José Resende Mahar, figura respeitadíssima no meio automotivo e dono de conhecimento enciclopédico a respeito de tudo o que depende de combustão interna. Nos identificamos imediatamente pelo seu fino humor britânico associado ao fato de eu estar com o único representante da terra da Rainha naquela largada e, principalmente, por sermos membros de uma raríssima seita - a de colecionadores de carros antigos que possuem uma Caravan 4 cilindros em seu acervo.
E foi dada a largada!
Jaguar E-Type V12 automático

Eu, o Eduardo e a baratinha íamos muito bem, na maioria das vezes com cerca de 3 ou 4 segundos, no máximo, de erro em relação às referências; apesar de estarmos correndo em estradas com trânsito aberto, a agilidade do MGB me permitiu negociar bem as ultrapassagens sobre veículos mais lentos e manter as médias não parecia lá muito difícil... até que, passados 20 minutos de prova, a chuva resolveu cair pra valer. Para um esportivo dono de uma estabilidade digna de um kart, tudo bem e continuamos no ritmo forte que a prova exigia, mas, com mais uns 30 minutos de chuva inclemente, Joseph Lucas, The Prince of Darkness, resolveu aprontar das suas e uma pane elétrica fez com que os limpadores de parabrisa parassem de funcionar. Mesmo com visibilidade quase zero, eventualmente tendo que colocar a cara para fora do carro e nos ensopando por causa dos vidros abertos, continuamos a mandar lenha, agora sem a mesma precisão do início, mas conseguimos cumprir a prova satisfeitos com o nosso desempenho. Para o troféu de regularidade, estávamos no páreo!
Ao volante, diversão em seu estado mais puro...

No sábado, o sol resolveu dar o ar da graça e, em um dia magnífico, fomos brindados com as provas de velocidade em estrada fechada, os primes. Com um motorzinho de 4 cilindros sem a mesma compressão da sua juventude, o MG não tinha muita chance contra os grandões, mas foi divertidíssimo acelerar o bicho até o limite, chegando, depois de 14 quilômetros da segunda prova, envolvidos pelo cheiro de borracha queimada e discos de freio quase incandescentes, com a certeza de que fizemos boa figura - soubemos depois, que merecemos um mais do que digno décimo lugar.
Foram poucos os muscle-cars no evento, mas o Dodge Charger nacional fez ótima figura

Foi nesse sábado que tive o prazer de conhecer pessoalmente o Paulo Levi, do Adverdriving, a quem devo algumas das fotos deste post, e seu absolutamente maravilhoso Chevette 1975, e o Max Acrísio, que, com seu MGA (seu há 37 anos!), representou, junto comigo, a casa de Abingdon e a tradição dos mais divertidos esportivos do mundo. 
Carros interessantes não faltaram entre os cerca de 60 inscritos, desde os originais impecáveis, passando pelos preparados e até um Fusca com motor Porsche de 6 cilindros 3.6, um Chevette com V6 de Pajero tão bem instalado que parecia original (segundo o dono, até os coxins originais do motor foram aproveitados) e um Gordini com motor VW AP 2.0.
Os dois MGs perfilados aguardando a largada do segundo prime em Dom Viçoso pareciam se sentir em Brescia nas Mille Miglia; mais atrás, o Chevette só observa...

Noite de premiação e o Troféu José Resende Mahar, para a equipe que melhor representou o espírito do evento, veio para nós, graças à pane causada pelo Príncipe das Trevas e que, segundo o próprio Mahar, não foi capaz de tirar nosso sorriso e nosso espírito desportivo. Confesso que me senti emocionado em merecer ganhar um troféu das mãos de figura tão ilustre. 
Duas gerações de Ford F-100, escandalosamente lindas

Outras premiações especiais foram para o Ford T5, de veículo mais raro do evento, para o Porsche 911 de Luiz Leão, que veio de mais longe (Curitiba), e para o piloto mais velho, Jan Balder, no imortal Malzoni das Mil Milhas de 1966. O campeão geral do Raid foi o Paulo Henrique Novo, com o Puma 1978, que perdeu apenas 31 pontos, seguido pela Ford F-100 V8 do André Peon (80 pontos perdidos) e pelo nosso querido MGB (84 pontos perdidos), coincidentemente os três na mesma categoria. Muito sentida foi a ausência do Muricy, que teve um problema de saúde na família e acabou impedido de comparecer na última hora.

Eu, o Max e os MGs, que, por causa do atraso dele na largada, fizeram um lindo pega no segundo prime

De volta para casa, sem nenhum engasgo ou problema maior (felizmente não voltou a chover!), o odômetro do MG marcava 27510 milhas. Foram 1175 quilômetros de sorrisos em apenas 3 dias. Missão cumprida!

De volta para casa com dois troféus e 1175 km de diversão

quinta-feira, 23 de maio de 2013

II RAID DA MANTIQUEIRA - PRÉVIAS (10)


E, para fechar a avant-premiére do que nos espera pelas serras do sul de Minas no próximo fim-de-semana,  fica a foto do carro que virou símbolo do evento, o magnífico LaSalle 1939, aqui recebendo os cuidados do seu zeloso proprietário, José Cândido Muricy, conhecido colecionador de Cadillacs do Rio de Janeiro. Muito representativa da segmentação proposta pela GM, a LaSalle foi criada pela corporação em 1927 e durou até 1940, com o objetivo de diversificar a oferta de molelos de luxo do gigante de Detroit como um Cadillac menor e mais esportivo, tendo ocupado o pequeno hiato existente entre a própria Cadillac e a Buick. Seus principais concorrentes eram os modelos de entrada da Packard, como o 120, e da Chrysler e , embora as vendas da LaSalle nunca tenham correspondido às expectativas da GM e a marca tenha desaparecido em 1941, ela acabou marcando a história do automóvel ao ter revelado ao mundo o gênio criativo de Harley Earl, mais tarde responsável pelo Art & Colour Studios da GM.
A partir de amanhã, pé na estrada em busca do troféu! A foto acima foi extraída da cobertura da edição do ano passado, feita pelo Mahar.

terça-feira, 21 de maio de 2013

II RAID DA MANTIQUEIRA - PRÉVIAS (9)


Outro futuro clássico que deve marcar presença no Raid é um BMW M3 de segunda geração, semelhante ao da foto acima, furtada do Renato Bellote. A linhagem M3, lançada em 1985, já é uma das mais representativas de todo os universo dos GTs europeus e cartão de visitas da Casa Bávara, arrancando tantos suspiros quanto outras legendas da marca como o M1 e o 507, que não deixaram descendentes. Na segunda geração, de 1993, a principal diferença foi a substituição do motor de 4 cilindros em linha pelo seis-em-linha de 3.0 litros e comando de válvulas variável, que lhe rendiam 286 cv, chegando a 321 cv em 1995, e o comportamento mais amigável do que o do seu antecessor, que parecia saído diretamente das pistas da DTM.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

II RAID DA MANTIQUEIRA - PRÉVIAS (8)


Como não poderia deixar de ser, alguns Mustangs clássicos estão inscritos para o evento, mostrando que a cultura norte-americana sobre rodas estará bem representada nas curvas da Serra da Mantiqueira. Entretanto, dentre eles, chamou a atenção o modelo acima, um T5 1966. Na verdade, trata-se rigorosamente do clássico Mustang que todos conhecem, mas a denominação diferente aponta que ele faz parte do lote destinado, inicialmente, à exportação para a Alemanha. Ocorre que, lá, Mustang era o nome de um caminhão da Krupp e, para evitar conflitos comerciais e possíveis indenizações à empresa alemã, a Ford preferiu denominar o carro destinado àquele mercado pelo nome original do projeto, T5. O impecável modelo da foto acima será conduzido pela dupla José Alexandre Kemenes/Edelson Boretti e já foi capa de algumas publicações especializadas, inclusive da página dedicada à história dos "Mustangs alemães".

terça-feira, 7 de maio de 2013

II RAID DA MANTIQUEIRA - PRÉVIAS (7)

Um modelo que faz muito sucesso nesse tipo de prova na Europa é o Opel Kadett C - Chevette aqui e nos EUA - graças à tração traseira, que fez dele uma das poucas exceções entre os compactos dos anos 70. No Brasil, boa parte dos Chevettes das primeiras safras acabou exterminada pela turma da arrancada, que  os comprava a preço de banana e enfiava neles um monstruoso seis-em-linha de Opala, comprometendo irremediavelmente sua estrutura e seu equilíbrio. Felizmente, alguns estão preservados e um modelo 1976, semelhante ao da foto acima (que pertence ao amigo Paulo Levi) deverá desfilar pela Serra da Mantiqueira no Raid que se aproxima.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

II RAID DA MANTIQUEIRA - PRÉVIAS (6)


E aí, alguém questiona que um estupendo Lamborghini Gallardo Spyder como o da foto acima, com todo o charme da dinastia de Sant'Agata Bolognese, design assinado por Giugiaro e, claro, seu V10 de 520 cv, se enquadra entre os Futuros Clássicos inscritos para o Raid?

sexta-feira, 3 de maio de 2013

II RAID DA MANTIQUEIRA - PRÉVIAS (5)

Claro que não poderia faltar o simpático Fusquinha no Raid e, entre os quatro exemplares que estão pré-inscritos, chamou a atenção um modelo da Série Prata 1980 que, do ponto de vista estético, marcou época ao inaugurar as lanternas traseira tipo "Fafá" e os parachoques monocromáticos, vistos treze anos depois na ressurreição do besouro promovida pelo Presidente Itamar Franco. Dotada do motor 1300 e acabamento caprichado, a Série Prata nacional antecipou em um ano o Silver Bug,  lançado mundialmente em 1981 para comemorar o vigésimo milionésimo Fusca produzido no mundo, em uma época em que os EUA e a Europa ainda consumiam os Fuscas produzidos no México, mais modernos que os brasileiros. Como a série foi limitadíssima aqui no Brasil e a maioria se perdeu na labuta do dia-a-dia, esse modelo passou a ser altamente colecionável.