sexta-feira, 30 de abril de 2010

BICUDO

Pouco lembrado entre os antigomobilistas, talvez por ter ficado ofuscado pelo lançamento dos opulentos Magnum e Le Baron, os Dodge Dart 79-81 foram, talvez, o melhor exemplo da criatividade do estilista da Chrysler do Brasil, Celso Lamas, que conseguiu sintonizar um compacto projetado em meados dos anos 60 com as tendências do mercado americano de full-sizes do final dos anos 70 de maneira harmônica e sem excessos. Como a verba era pequena, ele se restringiu a redesenhar as extremidades do carro, com uma traseira mais suave (igual à do Magnum) e a frente "bicuda" que caracterizava boa parte dos americanos dos anos 70. Uma curiosidade: os Magnum, Charger e Le Baron, tinham a grade dianteira com faróis duplos e acabamento em fibra de vidro para cortar custos e houve problemas de diferença na pintura das peças desses modelos, cujo lançamento acabou atrasado; assim, o Dart 79 chegou às concessionárias bem antes dos irmãos ricos por não usar fibra de vidro - na verdade, Lamas havia aproveitado a dianteira e a traseira dos Dart americanos de 1973 no modelo nacional. O modelo 1979 da foto ficou esquecido por anos a fio entre os carros não expostos do extinto museu da Ulbra e foi resgatado pelo Mário Buzian, que tem uma ligação especial com ele e criou um blog só para contar sua saga. Vale a visita!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

ÉPOCA DE TRANSIÇÃO

Surgida em 1954 após a associação das marcas Nash e Hudson, a AMC decidiu preservá-las em um primeiro momento, já que os Hudson ainda carregavam o prestígio alcançado nas pistas da Nascar e os Nash dominavam alguns nichos específicos do mercado, especialmente dos compactos. Entretanto, apesar dos investimentos, as vendas não reagiam, de modo que a corporação decidiu extinguir ambas as marcas em 1957 e criar a Rambler, nome que já designava um bem-aceito modelo da Nash desde o início da década. Na verdade, a Rambler já havia sido uma marca norte-americana entre 1900 e 1914, tendo sido absorvida pela Nash em 1917 após ter o nome trocado para Jeffery. Para a reestréia, um quatro portas com carroceria monobloco e um V8 250 (4.1 litros), usado anteriormente nos Nash Ambassador e Hudson Hornet, como opção ao seis em linha 196 padrão (3.2 litros); havia também o hardtop sedan com motorização mais apimentada (um V8 327, de 5.4 litros), chamado Rambler Rebel, e a SW, todos com o mesmo estilo exótico e marcante do modelo Custom 1957 da foto acima, que estreou no recém-findo encontro de Lindóia/2010 e foi fotografado pelo Guilherme Gomes. Na opinião deste blog, foi o grande destaque do evento, tanto pela raridade no Brasil quanto pela restauração primorosa, tendo faturado o troféu FBVA.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

BRAZIL CLASSICS FIAT SHOW 2010

Embora este não seja um blog de notícias, não posso deixar de registrar aqui que as inscrições para o XIX Encontro Nacional de Automóveis Antigos já estão abertas. Para quem nunca esteve no evento é uma boa pedida, mesmo que não dê para ficar no Grande Hotel (uma ótima opção é a Pousada Dona Beja) ou encarar a distância até Araxá de carro antigo, pois a qualidade dos veículos expostos impressiona. Por lá já passaram o Rolls-Royce presidencial, Brasinca 4200GT, Ferrari F-40, a série completa das Mercedes SL, Cadillac Eldorado 53, Corvette Split Window, Fusca 69 e Caravan 76, para ficar nos exemplos mais significativos. O leilão de carros antigos e o desfile da premiação costumam ser os pontos altos da festa. Detalhes sobre a programação e preços estão aqui.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

CARRO DO LEITOR - 2


Voltando à série dedicada aos que não se conformam em andar com um carro "normal" mesmo diante da impossibilidade de usar um antigo no dia-a-dia, dedicamos o post de hoje à macchina do Roberto Zullino, venerável freqüentador deste espaço, pelo qual já fez inúmeras e eternas amizades. Ao contrário do que se ouve por aí, a Alfa Romeo 145 é muito mais do que um Tipo com roupa de festa, trazendo a moderna suspensão usada posteriormente nos Brava/Marea e motores Twin Spark DOHC 1.8 (142 cv) ou 2.0 (150 cv) derivados daqueles usados na 155, os dois disponíveis na belíssima Quadrifoglio da foto acima ou na mais discreta Elegance, ambas trazidas oficialmente pela Fiat entre 1995 e 1999. Considerada pelos entusiastas um hatch muito superior à concorrência, dado o desempenho e comportamento dinâmico de um verdadeiro esportivo, a 145 acabou sendo vítima da política equivocada da Fiat para os importados - sem uma rede exclusiva de concessionárias Alfa Romeo e com preços de modelos 0km loucamente especulativos, tendo a marca caído em descrédito junto ao consumidor comum - e hoje é encontrada na "boca" a preço de banana, enquanto os concorrentes Audi A3 e BMW Compact ainda carregam sua dignidade nas portas de restaurante e estacionamentos de supermercado das grandes metrópoles. Na estrada, entretanto, a história é outra...

segunda-feira, 19 de abril de 2010

O FILHO DA BRISA



Bem menos ousada do que o Graham-Paige do post abaixo foi a resposta da Chrysler ao sucesso do Lincoln Zephyr, talvez porque a empresa ainda estivesse traumatizada com o fracasso do Airflow. Seu estilo, no entanto, também marcou época e fechou a década sintonizado com a tendência streamline, à qual apenas a GM parece ter sido reticente em aderir, com faróis em forma de gota integrados aos paralamas e grade aerodinâmica a partir de 1939, como no modelo da foto acima clicado pelo Gustavo Leme e que repousa na coleção do Og Pozzoli. Naquela época, a linha Chrysler, marca mais sofisticada do grupo, era dividida basicamente entre os modelos Royal, menores e mais simples (porém superiores aos Dodge e DeSoto, do segmento intermediário), com motor seis em linha, e Imperial, a crème de la crème com oito cilindros em linha com três opções de entre-eixos e cuja carroceria longa demais não casou tão bem com o belo desenho da dianteira. Até onde vão os conhecimentos deste leigo no assunto, o modelo do Og é um Royal, mais simples - por favor, me corrijam se eu estiver enganado.

O FILHO DO VENTO


Depois do fracasso de vendas do Chrysler Airflow em 1934, o design automotivo norte-americano adotou uma postura conservadora até 1936, quando o Lincoln Zephyr deu novo impulso aos modelos aerodinâmicos, que já faziam sucesso no mercado de luxo da Europa desde o início da década. Dentre as marcas que seguiram os passos da Lincoln, estava a prestigiosa Graham-Paige, surgida em 1927 após a aquisição da Paige pelos irmãos Graham, três competentes administradores. Em 1938, apesar das dificuldades financeiras causadas por um malsucedido face lift na linha 1935-37, os luxuosos modelos da marca foram inteiramente renovados sob o mote publicitário Spirit of motion, tendo o seu design causado enorme impacto nos EUA e na França, onde ganhou vários prêmios. Tal como o Zephyr, seu desenho parece ter sido inspirado nos modernos trens que cruzavam a América e sugeria movimento mesmo parado, parecendo ter sido esculpido pelo vento; como a marca era a maior especialista em compressores da América, os modelos Supercharged, como o 1939 da foto acima, tinham desempenho irrepreensível. Entretanto, como ocorrera com o Airflow, a ousadia não se refletiu nos números de vendas e a Graham-Paige só não foi à falência por causa da entrada dos EUA na II Guerra, tendo sido as suas instalações convertidas para a produção materiais bélicos. Apesar do fôlego dado pelos contratos milionários com as forças armadas, não houve modelos da marca no pós-guerra, que foi substituída pela Frazer, logo vendida ao magnata Henry J. Kaiser, que aproveitaria suas plataformas para dar início à produção de veículos com seu próprio nome.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

OUTRO LTD


Antes que algum detalhista se manifeste, posto a foto do LTD do meu amigo Zé Ângelo, também 1978, que traz as calotas corretas do modelo, já que o da foto abaixo está com as calotas do Landau. Dourado com vinil preto é uma combinação menos impactante do que a anterior, mas também esteve disponível, nessa safra, apenas no LTD.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

REQUINTE MENOS FORMAL


O Ford LTD surgiu em 1969 como versão luxuosa do Galaxie 500, conhecido dos brasileiros desde 1967; em 1971 surgiu o LTD Landau, versão que durou até 1975. No ano seguinte, com a remodelação da linha, o LTD e o Landau se tornaram duas versões separadas e o LTD acabou sendo eclipsado nas coleções brasileiras pelo refinado Landau, em que pese o acabamento semelhante e a motorização idêntica. Mas o LTD tinha a seu favor a disponibilidade de cores mais interessantes que o Landau que, com exceção de uma série comemorativa de 1979, pintada em vinho, sempre foi oferecido em tons neutros, mais adequados a um carro de representação, como o famoso Azul Clássico dos últimos tempos do carrão. Enquanto isso, o LTD teve mais a cara dos anos 70, com combinações mais alegres e ousadas de cores, como esse charmoso modelo 1978 azul claro com vinil branco, e acabaram ficando mais vistosos que o irmão rico 30 anos depois.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

QUESTÃO EXISTENCIAL

Depois que a popular Hyundai virou marca de prestígio no Brasil graças ao marketing agressivo do importador (que chegou a insinuar que o Azera seria superior ao BMW Série 7!), será que alguém já considera modelos como o Excel acima dignos de coleção?
Foto capturada do blog Carros Órfãos.

sábado, 10 de abril de 2010

COISA RARA DE SE VER


Em um encontrinho casual de fim-de-semana, a elegância dos Packard conversíveis do pré e do pós-guerra com um GT Malzoni e uma Maserati Ghibli ao fundo.
Foto tirada hoje à tarde, no Alphaville.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

TOC

Antes que algum engraçadinho se habilite a me dar o diagnóstico acima, informo que deu um trabalhão adicionar novos grupos de marcadores no blog, mas acho que valeu a pena. O conteúdo está crescendo e a orientação ao leitor estava precária. Espero que gostem!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

DE VOLTA À CASA VERMELHA

Como já havia algum tempo que uma das jóias do Og Pozzoli não aparecia por aqui, voltamos em grande estilo com o Chrysler L-80 Imperial Dual Cowl Phaeton Le Baron 1928, vencedor do Troféu Roberto Lee em 1991 e visto pela última vez pelo grande público no Brazil Classics 2006. Concebido em 1926 para concorrer na faixa dos Lincoln, Cadillac e Packard, o Imperial deu muito prestígio ao grupo Chrysler ao ter sido o escolhido como carro-madrinha da Indy 500 daquele ano e devia o "80" do seu nome à velocidade máxima em milhas por hora (130 km/h), embora o modelo 1928 do Og, já com a cilindrada do straight-six aumentada para 5.1 litros, fosse capaz de alcançar as 100 mph (160 km/h). Le Baron era o nome da encarroçadora ligada à Chrysler que acabou sendo absorvida pelo grupo, como ocorreu com a Fleetwood e a GM. Curiosamente, foi esse modelo o escolhido para a primeira capa da saudosa Motor 3 do José Luiz Vieira, como lembrado há pouco no Auto Entusiastas, mas o Le Baron do Og tem outra importante honraria: foi a bordo dele que o Papa João Paulo II viajou de Aparecida a São José dos Campos em 1980, na mesma visita em que ele desfilou no Lincoln 1938 que já apareceu por aqui. Mas, dessa vez, o generoso colecionador não foi o motorista de Sua Santidade, cedendo a honra ao seu mecânico de confiança na época, cujo nome não consegui resgatar.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

CARRO DO LEITOR - 1

Quem tem carro antigo sabe o quanto é difícil usá-lo no cotidiano. Trânsito pesado demais, vagas apertadas e sujeitas a intempéries e pequenos esbarrões, falta de ítens de conforto para o tempo que se gasta dentro do carro e, mais recentemente, o risco enorme de furto, têm desencorajado mesmo os mais animados. O jeito é se conformar em ter um carro qualquer para o dia-a-dia, certo? Nem sempre. Tenho notado que alguns leitores deram um jeito de encontrar um carro com pedigree para a labuta diária sem ter que se sujeitar tanto aos problemas descritos acima e é a esses "novos clássicos" que dedico a nova seção do blog, começando em grande estilo pelo Chrysler 300M, o carro de uso do Alexandre Badolato. De estilo inconfundível - belíssimo, na minha opinião - ele deu seqüência às letras da série 300, interrompida no 300L de 1965 (houve um 300 isolado, sem letra, em 1970) e sua dianteira tem alguma identificação com o clássico 300G, embora as quatro portas e o V6 3.5 com tração dianteira lembrem ao motorista o quão distantes estão anos de ouro da linha 300. De qualquer forma, o 300M, feito de 1999 a 2004, será lembrado como o último grande produto inteiramente desenvolvido pela Chrysler (antes da fusão com a Mercedes) e seus 253 cv são mais do que suficientes para lhe dar um desempenho diferenciado; de quebra, ele abriu caminho para a ressurreição da série, fazendo com que sua vaga no Museu do Dodge esteja garantida em um futuro próximo.

domingo, 4 de abril de 2010

1972


Provavelmente este é o ano de mais fácil identificação dos Porsche 911, graças à abertura do bocal do tanque de óleo logo atrás da porta direita, como no 911T da foto acima. Somente os modelos 1972 da série têm o tanque de óleo nessa posição, enquanto o dos outros - mais antigos e mais novos - fica logo atrás da roda traseira direita com a tampa dentro do compartimento do motor. Devo este post ao Mr. M, que deve estar de malas prontas para os EUA para garimpar mais uns 911 para sua coleção!