Hora de retomar uma seção que andava meio esquecida no blog; na contenda de hoje, dois cupês hardtop que pretendiam fazer a alegria da classe média em seus respectivos países, mas tiveram desempenho de mercado abaixo da expectativa: o Chevy Bel Air Sport Coupé 1956 e o DKW F-94 Sonderklasse 1957. O Bel Air nesceu em 1950 como versão hardtop da linha Chevrolet e ganhou uma família inteira a partir de 1953, tendo o seu nome passado a denominar todos os Chevys de acabamento superior; em 1955 veio a maturidade com o V8 e as belas linhas de inspiração européia assinadas por Bill Mitchell, atenuadas no modelo 1956 por causa das vendas abaixo da expectativa no ano anterior. Apesar do V8 265 (4.3 litros, 162 hp brutos), seu grande trunfo está mesmo no estilo, já que os pneus diagonais e a suspensão molenga não convidam a tocadas mais temperadas; como curiosidade, o nome Bel Air é usado para designar uma bairro nobre de Los Angeles.
Enquanto isso, na Alemanha, o Sonderklasse (Classe Especial) representava a glória e o ocaso da DKW; de estilo nitidamente inspirado nos norte-americanos, como já comentado em um post antigo, ele era a evolução do F-91 de 1953 e trazia o pequeno motor de três cilindros e 0.9 litro levado à beira do limite do seu desenvolvimento para uso urbano - existe uma dificuldade inerente ao princípio de funcionamento dos motores dois-tempos que impede cilindradas maiores, pois exigiriam janelas muito grandes nos cilindros com conseqüente consumo excessivo de óleo ou comprometimento da durabilidade. Com pouco mais de 1/5 do tamanho do V8 americano e 38 cv líquidos, o esperto motorzinho era capaz de dar ao cupê de Ingolstadt desempenho próximo ao do concorrente de Detroit em circuito fechado, além da diversão muito maior ao volante, mas seu estilo já estava cansado para os padrões do final dos anos 50 e, somado às limitações e exigências de maiores cuidados do dois-tempos, decepcionaram as expectativas de vendas da DKW, que acabaria sendo absorvida pela Mercedes em 1958. Apesar do sucesso apenas relativo em suas épocas, ambos são figurinhas carimbadas nas coleções brasileiras (a foto do Sonderklasse foi capturada do blog do pintor Ariel Teixeira), sendo que o Bel Air, se equipado com o V8 como o modelo da foto, costuma alcançar cotações mais altas. Eu fico com a sabedoria do mercado com a ressalva de que, se o americano tivesse um straight-six, o resultado seria diferente . América 7 x 6 Europa.
21 comentários:
Com o DKW a gente não pegava as minas nos anos 60...mas com o Bel Air 56, sem coluna vermelho e branco não tinha êrro. E agora ?
Chico, acho que só o fato de ter um carro nos anos 60 já era credencial para pegar as minas.
Vixe... em homenagem ao pessoal da antiga fábrica do ipiranga, comandada pelo Lettry, fico com o DKW. Faziam milagres com aquele motorzinho...
O Chicão e o M só saiam com as "Maria Gasolina", aquelas que saem até de carroça americana que paravam na primeira subida.
Zullino, existe ALGUM carro de passeio dos anos 50-60 que vc não taxaria de carroça? (rsrsrsrs)
Voto no DKW.
VW não podia ser considerado carroça na época, é agora.
O sucesso da VW se deve a um produto tão superior aos seus concorrentes que conseguiu chegar lá apesar de sua feiúra e singularidade mecânica e de ferramentas, não se mexe em um câmbio de VW sem saber e sem ferramentas especiais, a função venceu a forma.
Pode-se dizer que foi a primeira montadora a ver que o pós venda é importante, as outras sempre encararam como mal necessário. Ainda hoje em dia as montadoras francesas encaram o pós venda como mal necessário, centro de custo e não centro de lucro. Apesar de fazerem alguns carros bons e interessantes nunca lideram nada, carro francês nem de graça.
Bela reflexão a respeito do sucesso VW - pena que as concessionárias atuais da marca se esqueceram do que é um bom pós-venda. Pós-vendas da Fiat e da Hyundai também são execráveis (a 2a é administrada pelo notório Dr. Caoa).
Discordo de vc no que diz respeito à Citroën, o pós-venda é descomplicado e impecável, não é preciso agendar em call-centers povoados de oligofrênicos, o carro sempre volta limpinho e cheiroso e o preço não é extorsivo. Tanto que a Citroën atingiu status de marca de prestígio no Brasil, coisa que não é na França; ponto para o importador Sérgio Habib.
conheço um cara que teve que encher os caras de porrada por causa daquela merda de citroen que parecia feito de Lego, um acho que montado no uruguai, hahahahahahaha.
a josta amanhecia no chão todo dia durante meses.
Hahahaha, lembro desse, acho que era o ZX Paris montado em Oferol; culpa da marca, que mandou para o Uruguai o que sobrou do ferramental quando ele foi substituído pelo Xsara lá. Mas já se vão aí uns 12 anos, melhorou muito desde então!
O teu "ídalo" acho que tomou uns caciripapos porque o cara é grande, bravo e foderoso, hahahahaha. Acho que devolveram a grana quietinhos.
Não é meu ídolo coisa nenhuma, só o acho menos picareta do que a média.
Luis, tive DKW,destruimos o dito cujo na Copa de 1970,depois reformamos , paralamas cortados, capô com cinta de couro, janelinha traseira fechada, "motor preparado" e outras coisas, todas estas coisas que aparecem nas fotos antigas, se existisse palavra pior que péssimo, esta seria utilizada para qualificar os freios do meu DKW, vc nem imagina o que é descer a serra velha de Santos!!!, ou viajar para o Rio de Janeiro e descer a serra das Araras de noite, com chuva e freios péssimos, naquele DKW....gosto destas lembranças..
Tive uma Vemaguete 61 com motor e cambio de corrida, 1 1/2 weber, cambio longo e freios a disco campagnolo dunlop. muito boa, deixou saudade, dava pau nos primeiros passats em terceira.
Zullino, com esta configuração até eu !
Ah... prefiro o DKW!
Beijos.
DKW...claro
curiosidade...o F91 foi o carro que marcou a volta da Auto Union em competições nna década de 1950 no campeonato europeu de ralies
Luis,
O motor que mais equipava estes Chevrolet era o Blue-flame, que era um straight-six ! O V8 era um upgrade.
É verdade, mas o modelo da foto, objeto da comparação, tem um V8 265.
adorei.;;;;´parabéns !!!!!!!
O Francisco disse tudo...
Carro classudo o Bel Air 56. Um pequeno reparo -- o coordenador do desenho do Chevrolet foi Claire McKichan, o mesmo que depois criou o Opel Rekord, precursor do nosso Opala.
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