terça-feira, 8 de setembro de 2009

FUSCA GT

Em meados dos anos 70, com empobrecimento progressivo da classe média e a disparada do preço da gasolina, os motores de grande cilindrada foram ficando cada vez mais distantes dos aficcionados, de modo que a Volkswagen assistiu à consolidação de uma tendência iniciada ainda nos anos 60: o uso da sua consagrada mecânica nas oficinas de preparação, fosse ela em Fuscas ou em esportivos de pequenas empresas como a Puma. Enciumado com o sucesso dos "garageiros", o gigante de São Bernardo resolveu contra-atacar, lançando seu próprio Fusca esportivo e contrariando tudo o que havia apregoado nos anos 60, quando se negava a participar do incipiente automobilismo brasileiro e repetia à exaustão que seus clientes não precisavam de grande desempenho. Assim, em 1974, surgiu o Super Fuscão 1600-S, que ganhou o apelido de Bizorrão, corruptela de Besourão grafada dessa forma para cativar os jovens que, até então, procuravam os preparadores independentes para melhorar o desempenho dos seus bólidos. Bem resolvido, ele trazia visual diferenciado pela carenagem traseira, além de motor 1.6 com dois carburadores e 65 hp brutos, escapamento especial, rodas aro 14 iguais às do Brasília, conta-giros, amperímetro, termômetro de óleo, volante esportivo de três raios e bancos melhores, cumprindo bem a sua missão até o final de 1975, quando, diante da queda progressiva do volume da produção brasileira de veículos com o agravamento da crise econômica, a VW resolveu enxugar sua oferta de modelos. Possivelmente um dos Fuscas mais atraentes já produzidos no mundo - a dupla carburação foi uma exclusividade brasileira - o 1600-S acabou se tornando raro pela descaracterização do visual "over" no mercado de usados nos anos 80 e pela produção relativamente pequena, tendo atingido cotações elevadas nos últimos tempos.

11 comentários:

Felipão disse...

Coincidência, vi um desses ontem, inteirinho, com essa carenagem na entrada de ar...

Unknown disse...

Copa do México, 1986. Eu, com 6 anos assistia os preparativos pra aquela estréia do Brasil, com vitória sobre a Espanha, acho que por 1 a zero. Quando começavam as vinhetas do jogo, entre as propagandas que diiam "araquéémm" (um monte de mulheres diendo), e o tal respondia "gooooll mannnn!!"

Pois entre uma vinheta e outra destas ouço uma buzina. Paquerinha, dupla, bem à moda da época mesmo... olho pela janela e vejo meu pai chegando em casa em seu carro novo, que tinha comprado como segundo carro (tinha um Passat TS em casa.. é, foi na sorte, ninguem lá além de mim se interessa por carros esportivos, mas chegamos a ter os dois em casa hehe) Era um Super Fuscão, 1600S, 1974, meio amarelo meio laranja. Na época mais dois tios tinham Fusca, mas um era 1300 e outro 1500, e eu ficava me gabando com os primos porque o do meu pai era 1600!!
Meu pai vendeu o carro não muito depois, pra comprar um Chevette 79, que logo logo foi-se embora na mão de ladrão e deu lugar a um 1200 66, no qual eu aprendi a dirigir aos 10 anos.

Vários anos depois eu vendo as reportagens em fóruns, aí que eu fui me dar conta da raridade do carro que tivemos em casa! Ele tinha um contagiros no lugar do alto falante do painel, volante de madeira e um conjunto de instrumentos debaixo do espaço do rádio. Era lindo, e andava pra caramba! Uma vez pegou fogo na estrada, a caminho de uma pescaria. Eu não soube o motivo, era muito novo pra saber dessas coisas..

Tenho vontade de saber por onde anda esse, assim como todos os outros ex-carros de casa!

Luís Augusto disse...

Hehehe, lembro bem desse jogo, eu tinha 9 anos na época e estávamos e Rio das Ostras. A Espanha teve um gol legítimo não reconhecido pelo juiz. Quanto ao 1600-S, só mesmo naquela época para trocá-lo por um Chevette...

Tohmé disse...

adorei sua caricatura.....he,he.
o mais legal do bizorrão era a parte interna.

Mauricio Morais disse...

Apropaganda desse carro na 4 rodas era um cartoom bem no estilo hippie, com muita flor, borboletas e malucos belezas em volta da caranga, mostrada de costas pra destacar a tampa diferenciada.
O desenho era demais. Pena não ter mais essas revistas.

Luís Augusto disse...

Maurício, tem uma reprodução desse anúncio no Best Cars.

Anônimo disse...

Sonho de consumo.

Arthur Jacon disse...

O anônimo sou eu.

Luís Augusto disse...

Hehehe, bem-vido novamente Arthur. Tem uma discussão legal sobre encontros de antigos no blog do Nik, deixe suas impressões lá, já que quase não temos notícias do que ocorre aí no centro-oeste.

Mário César Buzian disse...

Malta,

Tenho uma estória bacana com esses VW 1600...Em 1984 meu pai decidiu trocar o velho e combalido VW 1200 Azul Atlantico ano 1965 de minha mãe, e que tinha sido o seu primeiro carro...
Achamos um VW 1600 ano 1980, Branco Paina, impecavelmente novo, e esse também era raro, vinha com o acabamento do 1300 L mais o motor e rodas da Brasilia originais...
Em 1995 eu tinha um Passat TS ano 1977, frente de quatro faróis redondos, e um garoto acabou fazendo uma oferta irrecusável na viatura...Passou-se dois meses depois da venda, eis que esse mesmo garoto volta na loja com um VW 1600-S ano 1974, vermelho, inteiríssimo, com acessórios de época, como rodas de magnésio tipo "bolo de noiva", piscas dianteiros do VW alemão, e por aí vai...
Claro que eu acabei comprando o carro, até porque ele era bem cuidado, mas o estofamento estava rasgado. Quando ia levando o Bizorrão pro tapeceiro, tirei uma jogo de capas de banco horríveis que estava nele, e descobri que os rasgados eram de outra capa !!!
Não deu outra, tirei essas capas e descobri os bancos de napa originais, ainda com os plásticos de fábrica !!!!
Tratei de comprar um jogo de rodas de SP-2 pra calçar o bicho, e colei os famosos adesivos da Porsche nele, ficou lindíssimo !!!
E mais uma coincidencia, quando fui ver o nome do proprietário, descobri que ele foi o primeiro carro de uma antiga namorada, dos tempos de colégio...
Acabei trocando o Bizorrão por um Monza SL/E ano 1982, dos primeiros, também impecável o original, que foi adquirido e um funcionário da GM para substituir uma Brasília de da esposa de um amigo, e ele trocou chaves comigo nesse Monza...
Ah, agora me deu saudades do "tomatão"...

Arthur Jacon disse...

Luís, eu fazia parte do Clube do Veículo Antigo de Goiás. Uma vez - há cerca de três anos -, levei minha Belina a um encontro que houve no autódromo de Goiânia, e não deixaram que participasse, pois consideraram que o carro não merecia integrar o rol de veículos expostos. Reputaram-no excessivamente banal. Talvez o julgamento não tenha sido injusto. O que me deixou triste foram os olhares enviesados e os comentários feitos pelas costas que recebi, assim que cheguei com meu carro. Assim, deixei o clube. Seu ambiente - parecido com o de uma panelinha hermética - não me agradou. Sou, pois, um antigomobilista solitário, embora não me orgulhe desta condição.
Logo, também estou por fora das coisas que ocorrem por aqui. De qualquer forma, vou participar da discussão sugerida, porque é sempre uma satisfação trocar ideias com você e os demais blogueiros.
Um forte abraço.