Outro dia, lá no blog do Chico, apareceu uma bela foto de um Tucker, objeto de uma das mais famosas lendas de perseguição pelo lobby e poder econômico das três grandes fábricas norte-americanas, imortalizada no longa-metragem de Francis Ford Coppola. Quem acredita que o empreendedor Preston Tucker foi uma vítima indefesa do sistema, provavelmente nunca reparou na semelhança de sua biografia com a de Henry J. Kaiser, industrial que, como Tucker, ganhou muito dinheiro com a fabricação de material bélico durante a II Guerra e que também acalentava o sonho de ter uma marca própria de automóveis, materializada no Kaiser Cardinal da foto acima, destinado a concorrer no segmento de entrada, e no Frazer, que visava categorias superiores do mercado. Ao contrário da naufragada Tucker, no entanto, a Kaiser "sobreviveu" à fúria das Big Three e foi uma realidade recebida com entusiasmo pelo mercado sedento por produtos novos no pós-guerra e, já em 1948, suas linhas exibiam as tendências que seriam seguidas principalmente pela Chevrolet e pela Plymouth na década seguinte, mas não tiveram fôlego para acompanhar as frenéticas renovações de estilo ditadas pela cultura consumista dos anos 50, que acabaram por inviabilizar todas as pequenas firmas independentes - no caso da Kaiser, ela encontrou uma sobrevida na América do Sul, principalmente na Argentina. O modelo 1949 da foto pertence ao Navantino, dono de uma curiosa predileção por modelos cujas fábricas não existem mais; com a crise econômica atual acabando com marcas tradicionais, ele tem uma boa oportunidade de expandir sua coleção...
Dodge Dart 1970 ...
Há 3 meses
16 comentários:
Luis, bonito o carro do moço.
É, Chico, não faz muito o meu tipo, mas é mesmo vistoso. Das independentes, gosto dos Hudson e dos Studebaker.
Kaiser se deu bem no mercado pq tinha nome de cerveja...hehehehehehe
brincadeiras a parte, a Kaiser hermana ainda existe certo? ou foi absorvida pela Renault?
Salvo engano, agora é Renault.
É... Luís, também prefiro o Studebaker. Já te falei uma vez que andava num pretinho do meu avô, né mesmo?
Beijos.
heheheh
sempre que citam o Tucker, deixo de ficar chateado com a situação desses grandões que andam de pires nas mãos...
Ótimo gancho, Luís, ótimo!
Olá Dr. Luiz
Adorei o seu blog, adoro carros antigos e já estou seguindo. Vou fazer uma divulgação no meu blog para o seu ok. Conto com sua visita e seria um grande prazer caso o Dr. queira seguir o meu blog. Parabens e obrigada.
Esta história do Kaiser é muito interessante e o contraponto com o Tucker é importante. Um pigmeu que venceu e outro que sucumbiu à pressão das três “Big Sisters”.
Na verdade o Henry J. Kaiser tinha bala na agulha e um belíssimo lastro que permitiu a ele jogar seu braço de força com a substância necessária para dar uma de “porco-espinho” vencedor nesta parada.
Parabéns por mais esta matéria de grande interesse histórico.
Muito obrigado! Essa lenda de um mártir lutando contra os poderosos, sempre associada a Tucker, é descabida porque, na época, além da Kaiser-Frazer, havia diversas companhias que não tinham a ver com as Big Three, como Packard, Studebaker, Nash e Hudson, que lançavam seus carros e enfrentavam a concorrência normalmente até dez anos depois da quebra da Tucker.
Pois é nobre gestor deste BLOG, Dr. Luís Augusto,
Conforme conta a história Preston Tucker era um garoto louco por carros que andava por pistas de corrida e cresceu para criar um automóvel - o Tucker - que estava anos à frente do seu tempo. Ele era um homem de pioneirismo, criatividade e ousadia, que revolucionou Detroit na década de 1940 com o seu fantástico "Carro do Amanhã". Foi aerodinâmico, futurista e rápido - o carro que todos os Americanos sonhavam possuir, e isto a um preço que a maioria das pessoas poderia pagar. Um homem de interminável entusiasmo, Tucker divulgou o seu modelo em todo o país recebendo enorme aclamação. Ele vendeu ações, criou uma fábrica. . . e, em seguida, a indústria automobilística lançou uma devastadora campanha anti-Tucker.
Mas no total foram produzidas somente 51 unidades, das quis 47 sobrevivem nos EUA, e há um em sucata no Brasil...
Pois é, acho que as comparações feitas entre Tucker e Gurgel devem ser, no mínimo, “consumidas com cautela” Os paralelos existem, mas igualdades a meu ver não...
A começar pelo número de carros fabricados por ambos.
Este é um assunto que poderia dar até pano para um estudo mais profundo de ambos os fenômenos, origens, causas e ocasos.
Pois é, também não acho a história de Tucker pareceida com a da Gurgel, mas com a de Nelson Fernandes e a Ibap. Ambas fizeram um carro que prometia estar à frente do seu tempo, mas apresentaram uma estrutura empresarial falha e não resistiram ao ataque das firmas já estabelecidas. O que eu acho interessante na história da Kaiser-Frazer, é que, embora os produto fossem menos revolucionários do que o Tucker e o Ibap Democrata, a empresa vingou porque foi montada de maneira mais ´solida.
Luis, eu me lembro de ver esses Kaiser andando aqui por Sampa...E eu ainda um moleque curioso que queria saber o nome e modelo de tudo o que era carro.
O Tucker era um aventureiro que fez um monte de maracutaia na guerra vendendo motores de barco e achou que tinha virado gente. As grandonas nem precisaram se envolver, ele se enforcou sózinho. Ainda tentou nos anos 50 fazer mais uma aventura no Rio de Janeiro.
O Gurgel era "inventor da roda", teimoso e metido a professor de deus. Enquanto ficou fazendo os jipinhos se deu bem, mas na hora que se meteu a fabricar aquela porcaria do BR800 se deu mal e ainda culpou o governo do Ceará que corretamente o mandou catar cocos. O grande engenheiro cismou de fazer um carro com motor na frente e tração traseira e só fez porcaria. Fora o acabamento inexistente.
Existem indícios na história de Tucker que fazem crer que ele tinha transtorno bipolar.
Pois é Dr. Luís Augusto...
Não seria a primeira vez que a genialidade se alinha com o desquilíbrio, não é mesmo?
Alías, qual é a distância entre a genialidade e a insanidade em alguns casos famosos (Tucker for instance), alguém já conseguiu definir?
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