quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O MÁXIMO DO MÁXIMO

Até o início dos anos 30, os EUA tinham u-ma enorme variedade de marcas de automó-veis, cuja segmen-tação era semelhante ao que ocorria na Europa: havia as empresas especializadas em modelos populares e as que se dedicavam ao restrito mercado de modelos de luxo, o mais duramente atingido pela depressão econômica que sucedeu a crise de 1929, que acabou determinando o declínio de legendas como Pierce-Arrow e Duesenberg, duas verdadeiras fábricas de sonhos. Entre as marcas de prestígio que sobreviveram bem ao golpe de 1929 - além da Chrysler, Lincoln e Cadillac, que eram controladas por grande grupos - estava a Packard. Sentindo que o mercado de alto luxo estava restrito demais e que seguiria os passos das antigas rivais em direção ao colapso, a marca lançou o modelo 120 e, posteriormente, os 105, 110 e 115 (números referentes à distância entre-eixos, em polegadas), destinados a concorrer na ampla faixa abaixo dos modelos superluxo, ocupada pela Buick e pela La Salle, e viabilizar a continuidade da fabricação de alguns dos mais estupendos carros da história, como o Victoria Twelve da foto acima, de produção extremamente restrita. Com carroceria duas portas, conversível ou de teto fixo, construída de modo artesanal por renomadas firmas independentes, o Victoria estava no topo da linha Twelve, superior à Eight, com seu motor de doze cilindros 445 (7.4 litros) de 160 hp brutos, chamado anteriormente de Twin-Six. Pouco mais de 5900 Twelve foram produzidos entre 1934 e 1939, sendo que menos de 100 deles foram modelos Victoria, como este 1934 encarroçado pela firma Dietrich, flagrado pelo Velocity Journal no encontro de Meadow Brook (MI) de 2003, considerado o máximo em elegância da marca norte-americana que se tornou sinônimo de bom-gosto. Até onde vão os parcos conhecimentos deste que vos escreve, nenhum Victoria Twelve reside no Brasil.

8 comentários:

Felipão disse...

Coisa linda, Luís.

E incrível como esse texto reflete muita coisa que anda acontecendo atualmente, com as montadoras procurando alternativas mais baratas para sobreviverem.

Vide General Motors e Chrysler, por exemplo...

Anônimo disse...

Grande Luís!

Vim dar mais uma passada em seu blog. Parabèns! Muito show!

Take it easy and take care!

Leandro

Luís Augusto disse...

Grande Leandro!
Que prazer "vê-lo" por aqui! Quem sabe vc se convence a comprar seu primeiro antigo (hahahahaha).

Teté M. Jorge disse...

Um desse tipo é apaixonante!

Deixa só meu mano vir aqui ler essa história, Luis... será uma tentação das antigas!

Beijos.

Mauricio Morais disse...

Luís, agora uma pergunta que não quer calar. (Assunto off post.)
Não ví nenhum blog que fala de automobilismo abordar a crise nas montadoras. O que está acontecendo na verdade? Existe mesmo "a crise"? Se existe, porque ninguém toca no assunto?

Luís Augusto disse...

Maurício, minha opinião é que as fábricas de automóveis do primeiro mundo, há uns 15 anos, deixaram de faturar com a produção em si e ganham no pós-venda e na especulação (financiamentos, aquisições de firmas menores, etc.). Como a economia especulativa parou, elas estão se vendo em maus lençóis nos EUA(principalmente Ford e GM), já que não investiram na razão de sua existência (os carros) e deixaram seus produtos serem engolidos pela concorrência. Na Europa, as notícias sâo igualmente desanimadoras, talvez pelo motivo oposto: os carros alcançaram um nível de excelência tão grande, que não há como convencer o consumidor a trocá-los por produtos mais modernos nesse momento de incerteza, interrompendo o ciclo de financiamentos e de dinheiro circulando. No Brasil, como a margem das empresas ainda é grande, acho que os motivos para preocupação são menores. De qualquer forma, penso que só conseguimos enxergar a ponta do iceberg desse mundo tão complexo. Melhor falar de carro antigo...

Anônimo disse...

Acho que é importante citar também os japoneses (Honda e Toyota) que "quebraram" os americanos com seus Civics e Corollas e que, pelo menos até o momento, não sentiram tanto a crise.

Mauricio Morais disse...

Valeu Luís, belo diagnóstico. Realmente a palavra chave dessa crise é a especulação, ou pura ganância.