quinta-feira, 20 de novembro de 2008

AO VOLANTE - V: CARAVAN 1976

Ao contrá-rio da arqui-rival Ford, que havia a-dotado uma estratégia agressiva no mercado brasileiro ao lançar, em um cur-to espaço de tempo, três famí-lias distintas de veículos de passeio (Galaxie, Corcel e Maverick), a GM foi cautelosa com seu cronograma, tanto que a linha Opala, lançada há exatos 40 anos, só ganhou o modelo cupê na linha 72 e a SW na linha 75 - junto com a primeira grande remodelação - que ganhou o mesmo nome da já então extinta perua Opel Rekord C: Caravan, contração das palavras car and van, que denomina genericamente várias SWs, tanto da Opel quanto da Chrysler. A Caravan chegou ao mercado com as mesmas opções de motorização do Opala: 4 ou 6 cilindros, câmbio na coluna ou no assoalho, mecânico ou automático, mas a única versão disponível de acabamento foi logo criticada pela pobreza e falta de capricho, falha corrigida pela Chevrolet, que disponibilizou opções melhores de tecidos e isolamento acústico que foram incorporados como ítens de série nos modelos a partir de 1977. Entretanto, foi somente em 1978 que a Caravan ganhou as mesmas versões de acabamento do Opala: básica, de luxo, Comodoro e SS. Nos primeiros modelos, com o passar do tempo, comodidades como câmbio de quatro marchas, bancos individuais, melhores revestimentos e rodas dos modelos mais novos foram sendo incorporadas pelos proprietários, o que faz do modelo 1976 da foto uma raridade, já que preserva todas as ca-racterísticas originais das pionei-ras, como bancos revestidos em plástico tipo cur-vim, câm-bio de três marchas na coluna de direção, ausência de carpete (substituído por um tapete inteiriço de borracha) e até de forro do porta-malas, fora o isolamento acústico pobre. Na parte estética, salta aos olhos a ausência de frisos nas soleiras, caixas de rodas e no vidro traseiro. Na mecânica, ela conta com um quatro cilindros 151 básico (2.5 litros de 89 hp brutos), o famoso "motor azul", de funcionamento mais suave do que os 153 que equiparam a linha Opala até 1973; cintos de segurança abdominais, ausência do lampejador do farol alto no comando da seta, direção sem assistência hidráulica e habitáculo que funciona como uma caixa acústica fazem o motorista se sentir mais próximo de um utilitário (van) do que de um carro de passeio (car), mas a pobreza geral é compensada pelo prazer que todo Opala proporciona assim que o motorista assume o comando, com uma ótima posição de dirigir, maciez ao rodar, abundância de torque e boa disposição para velocidades de cruzeiro compatíveis com o trânsito atual, mesmo com o motor de quatro cilindros. Os pneus diagonais 6.45 R 14, com sua pequena superfície de atrito, aliviam o peso da direção em velocidades mais baixas, mas não colaboram com a estabilidade, um pouco melhor na 4 cilindros do que na de 6 por causa do menor peso do motor - o projeto original da Opel previa motores 1.7 e 1.9. Este carro, aprovado com 97 pontos na vistoria da placa preta, está na minha família desde o início dos anos 80 e hoje faz parte da minha pequena coleção; ainda muito pequeno, conheci as estradas com ele, sempre intrigado por que o meu pai mandava enchermos o porta-malas o máximo que pudéssemos antes de sairmos de viagem, coisa que só fui entender uns 15 anos depois, quando me vi em apuros com aquela traseira "bamboleante" se desgarrando no meio de uma curva...

16 comentários:

Teté M. Jorge disse...

Eita lembrança boa que tenho da Caravan vinho da família... altas viagens, bagageiro lotado e sete passageiros confortavelmente sentados e tocando aquela bagunça!
Lembro-me de algumas vezes ir no banco da frente junto com mamãe, pois o mesmo era inteiriço e cabiam 3 pessoas facilmente...

Ô tempo bom... dez anos de muita farra!

Beijos.

P.S. E, também, um dos primeiros que tive a oportunidade de dirigir bem antes de ter a carteira de motorista. O acelerador era de uma sensibilidade incrível!

Chico Rulez! disse...

"Caravan" também é "trailer" em inglês. Maravilhosa!!!

Curiosidade: o que são os 3 pontos que faltaram? hahahahahahaha

Abração!

Luís Augusto disse...

Teca essa também tem o banco inteiriço (bench seat) e, quase sempre viajava com seis ou mais a bordo.

Chico, havia um amassadinho do tamanho de uma unha do dedo mindinho perto do farol esquerdo (2 pontos) e os botões das portas estavam errados (1 ponto). Já consertei os dois detalhes.

Portal Maxicar disse...

Que maravilha! Carro antigo é isso aí: traz sempre na bagagem um monte de histórias bonitas.

Anônimo disse...

Demais! Quem conhece o carro sabe. A restauração foi primorosa e todos que compareceram ao Brazil Classics Araxá 2008, primeiro grande evento ao qual este belíssimo automóvel compareceu, pôde constatar.
Demais também os detalhes das lembranças, isso não tem preço!
Parabens Luis!

Felipão disse...

Eu ia de carona para o colégio com uma dessas...

Muito boas recordações...

Eu acho que o prazer de estar ali, realmente, compensava o interior um pouco mais espartano...

Saudades da Caravan...

E daqueles tempos

Mauricio Morais disse...

Quando era adolescente dirigi uma SS laranja, chea de bossa (essa é velha, he, he.) Me lembro dessa bunda mole que ela tinha, era de meter medo no garoto, mas deliciosa.

Unknown disse...

Que maravilha!!! Meu pai também teve um igual a essa, igual não identica. Foi com ela que comecei a me aventurar ao volante e sei bem o que voce fala da trazeira "solta".A diferença fica por conta de um bagageiro que era original de fabrica e que tinha um terrivel defeito de "assoviar" com o vento.
Parabéns pelo carro e pala originalidade que ele apresenta.

Luís Augusto disse...

Muito obrigado! Esse bagageiro das primeiras Caravans é um acessório muito valorizado hoje em dia e era colocado nas concessionárias a pedido dos compradores.

Gustavo disse...

Sorry S sou eu , não tinha percebido que minha filha salvou o login.

Luís Augusto disse...

Ok, Gustavo, obrigado pela audiência!

Anônimo disse...

Meu pai tinha uma Caravan 1978 marrom tâmara (sei que era marrom),lembro de nossas viagens do interior para Ubatuba onde as crianças se acomodavam no " chiqueirinho" (parte traseira da caravan)que delicia, lembro até do barulho do motor 4 cil. Um detalhe que me lembro e de meu pai falar sobre o lugar certo de colocar o bagageiro, para que o carro não ficasse com a frente "boba" (alguma coisa como colocar o bagageiro bem no meio do teto, o nosso era um modelo de prendia na canaleta do teto)... esse sem dúvida e o carro que lembra a minha infância

Luís Augusto disse...

É, Marco Aurélio, foram lambranças desse tipo que resgatei ao recuperar a Caravan da minha família. Essa restauração foi a que me deu mais satisfação até hoje.
Abraços e bem-vindo ao blog!

Anônimo disse...

Vendi. Nesta semana de Fevereiro de 2009 vendi uma caravan 1976, (das primeiras), que esteve comigo desde 1990. Pude viajar nela várias vezes, percorrendo 1.300 kms ida e volta, sem problemas. Consumo? 10km/litro na estrada. Conforto? melhor que qualquer VW.
Adeus caravan azul. Ficam as fotos.

Luís Augusto disse...

Que história triste... vendeu por quê?

jose camargo disse...

Que bom dava para fazer uma porção de manutenção em casa mesmo. E ainda confortavelmente sentado na lateral do compartimento do motor, com os dois pés la dentro.

Assinado jose camargo camargo