
Vinte e três anos após o seu lançamento no Salão do Automóvel de 1968, a Chevrolet concluiu que a linha Opala não tinha mais condições de brigar no mercado contra a onda de importados que passou a entrar em massa no Brasil a partir de 1991. Considerado até hoje o modelo de classe superior de maior sucesso comercial no país - foram um milhão de unidades comercializadas, em números redondos - ele não poderia, no entanto, sair de cena debaixo de vaias, de modo que a GM programou evoluções importantes para os últimos anos, como freios a disco nas rodas traseiras, direção hidráulica Servotronic, um moderno câmbio automático ZF de quatro marchas opcional e, a derradeira evolução, a quinta marcha para o câmbio mecânico do motor seis cilindros em 1992. Tendo a sua saída de linha programada para abril/1992, ele ganhou a série especial Collectors para marcar a sua despedida do mercado, um dos modelos brasileiros mais cercados de lendas e informações disparatadas da história, como chaves banhadas a ouro, inscrição Collectors na carroceria, bancos em couro, motor mais potente e por aí vai...

A verdade é que o Collectors era um Diplomata automático normal de linha que se diferen-ciava em detalhes mínimos, como inscrição Collectors no volante e logotipos da parte inferior dos paralamas dianteiros pintados em dourado. Oferecido em apenas três cores (Azul Milos, Vermelho Ciprius e Preto Memphis, todas perolizadas), ele trazia também uma pasta de couro que vinha com o manual do proprietário, uma carta de felicitações assinada pela diretoria da GMB, uma caneta e um chaveiro dourados, uma fita VHS com a história do Opala e um exemplar da revista Panorama, destinada ao público interno da GM, que falava do fim da sua produção; algumas concessionárias, a pedido dos proprietários instalavam bancos em couro e pintavam de dourado todos os logotipos, embora seja possível que alguns tenham saído de fábrica com esses dois diferenciais. Para quem se interessar por um dos 100 Collectors produzidos, a informação mais importante é o número do chassi, que vai do NNB107837 ao NNB108058; há Opalas que não são Diplomatas e Caravans nessa seqüência, mas todo Diplomata que se enquadra nesses números pertence à série especial. Ao volante, quem já teve o prazer de guiar um Opala se sente em casa com a ótima posição de dirigir e visibilidade acima da média, graças às colunas dianteiras estreitas, e tem mimos exclusivos dos últimos anos, como um painel completo de belo desenho, bancos muito confortáveis e volante de ótima pega. Defeitos (ou características?) típicos do Opala também estão lá, como o calorão nos pés vindo do escapamento e a fiação embaixo do painel que dava impressão de gambiarra. A estabilidade é muito superior à dos modelos dos anos 80 graças a novas barras estabilizadoras e aos pneus aro 15, mas o revestimento pré-moldado das portas e do teto da safra 91-92 é conhecido por descolar e enrugar. Quanto ao motorzão 4.1, se não tinha toda a disposição do 250-S tirado de linha em 1988, pelo menos era um pouco mais comedido no consumo, graças ao carburador Brosol 3E de segundo estágio a vácuo, e não decepcionava no desempenho, ponto forte do Diplomata azul das fotos, que fez parte da minha pequena coleção até 2006 e deixou muita saudade. Para os mais nostálgicos, o vídeo que vinha na maleta do Collectors pode ser conferido no youtube em duas partes (
aqui e
aqui). As fotos são do mestre Chico Rulez, sempre disposto a contorcionismos dignos de um Marco de Bari por uma boa foto, e o ensaio completo pode ser conferido em seu site, listado aí ao lado.