Famoso entre os amantes de automóveis pelo seu desenho diferenciado, o Citroën Traction Avant tem características praticamente únicas que acabaram entrando para o folclore do antigomobilismo brasileiro, a começar pelo apelido de "Ligeiro" (tradução equivocada de légére, ou leve em francês). Disponível nas versões de quatro e seis cilindros (11CV e 15CV, respectivamente, números alusivos à potência fiscal na França), ele se diferenciava na paisagem pelas seguintes características:
- a estranha posição da alavanca de câmbio, semelhante a um cabo de guarda-chuva, que saía do painel em posição horizontal para acionar a caixa de marchas que ficava à frente do motor.
- a tração dianteira, raríssima nos anos 30 e mesmo nos anos 50, quando o modelo chegou por aqui em maior quantidade, como o 11CV 1949 da foto acima.
- a enorme cabine de passageiros, graças ao espaço liberado pela caixa de câmbio em posição incomum.
- o baixo centro de gravidade graças à estrutura em monobloco, no que foi precedido pelo
Lancia Lambda, que também lhe dava a leveza que justificava seu apelido na França.
- estabilidade muito superior à dos contemporâneos, graças aos avanços mencionados acima, que renderam a lenda de que a fábrica dava um carro novo ao proprietário que conseguisse capotar um Traction Avant.
Entretanto, como ocorreria mais tarde no
Citroën DS, o conjunto mecânico não era tão avançado quanto o resto das soluções e, apesar de suas qualidade dinâmicas, o 11CV nunca foi um campeão de desempenho, tendo havido casos de motor fundindo por falta de lubrificação quando mais exigidos. Considerando a quantidade em que era visto por aqui, o revolucionário francês se tornou até raro nas coleções atuais, principalmente na versão seis cilindros.