terça-feira, 30 de novembro de 2010

ACHARAM!

"Prezados amigos,
É com imensa satisfação que comunico a todos que hoje, 29/11/2010, por volta das 16h00 o meu Karmann Ghia foi localizado dentro de um estacionamento em um condomínio na Cidade Tiradentes, zona leste de São Paulo. Graças a divulgação que fizeram na internet, repassando para cada conhecido, comentando, publicando em seus blogs, sites, boca à boca, rede de contatos, relacionamentos e outros recebemos um telefonema anônimo dizendo onde estava o carro. A pessoa disse que o carro chamava a atenção no estacionamento do prédio e pesquisando na internet chegou até nós. Agradeço imensamente a todos vocês pelo apoio e especialmente à DEUS e meus filhos Tales e Bruna, pela persistência e dedicação em tentar encontrá-lo a todo custo. Espero que todos os amigos que também ficaram disprovidos de um bem que conservam e cuidam com muito carinho tenham a mesma sorte que nós tivemos. Um grande abraço a todos.
J. M. Spinelli"
E viva a internet!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

OS AMERICANOS E SEUS COMPACTOS


Para os menos versados no mundo do automóvel, vale o lembrete: dois ícones brasileiros de luxo dos anos 70 - Dart/Charger e Maverick, a saber - descendem da estranha criatura aí em cima, bem com como de outros compactos dos anos 50 lançados por companhias de menor porte, como o Henry J. Donos de uma cultura automotiva que exalta o tamanho das carrocerias e a capacidade cúbica de seus motores, foi natural que os engenheiros automotivos dos EUA pensassem em seus pequenos como miniaturas de carros normais para seus padrões e não em carros com peso reduzido e proporções repensadas, priorizando o espaço para os ocupantes, um caminho apontado pelo Volkswagen; o resultado eram habitáculos apertadíssimos e longos capôs em modelos de pouco mais de 4 metros que acabaram não fazendo muito sucesso na terra dos gigantes; só para ilustrar essa dificuldade, voltando ao Maverick, seu espaço interno perdia para o do Corcel, europeu que concorria em uma categoria inferior. Vejam o caso deste Nash Country Club 1952 premiado no Brazil Classics 2006: não parece um modelo em 7/8 do Hudson Hollywood parado ao seu lado? Agora, imaginem um cidadão americano típico com seus quase 1,90m e peso na casa dos três dígitos aí dentro...

sábado, 20 de novembro de 2010

CARRO ROUBADO - 2

Infelizmente, aí está mais uma vítima das quadrilhas especializadas em carros antigos. Recebi hoje o mail do Sr. Tales comunicando o furto do Karmann Ghia vermelho placas COO-0068 na Rua Imbó próximo à Av. Sapopemba. Para qualquer informação, o contato é (11) 7614-8486. Vamos divulgar o máximo possível ou em breve só vamos poder curtir nossos carros dentro da garagem (talvez nem isso...). Boa sorte ao proprietário.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A POPULARIZAÇÃO DO V8


Os amantes de Darts, Mavericks e pony-cars em geral devem uma reverência permanente aos Fords B do início dos anos 30, como o modelo 1933 acima, fotografado no Brazil Classics 2006. Foi graças a eles que o consumidor de veículos baratos pôde ter acesso à configuração de motor anteriormente restrita a modelos exclusivos e que virou símbolo da cultura automotiva americana. Claro que estamos falando do famoso V8 Flathead, que teve ecos no Brasil até o final dos anos 60, equipando os Simca produzidos por aqui. De construção simples e muito robusta, como todo bom produto de massa, ele foi, de certa forma, um divisor de águas entre os modos americano e europeu de fazer carros, pois, após o seu surgimento, os motores de quatro cilindros foram desaparecendo progressivamente da oferta de produtos ianques (o quatro-em-linha era opcional nos Fords B de 1932-34, mas vendeu pouco), enquanto se consagrava cada vez mais no mercado europeu; por outro lado, motores com mais de 8 cilindros, como os V12 e V16 da Cadillac e o Twin-Six da Packard, também não resistiram por muito tempo após a Ford ter provado a viabilidade de um V8 em larga escala e, até mesmo as marcas mais prestigiosas dos EUA, se renderam à padronização para o V8 em seus modelos do pós-guerra; curiosamente, uma das últimas a resistir à tendência do V8 foi a Lincoln, com seu V12, talvez para manter o status frente à marca-irmã.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

PERGUNTA AOS ENGENHEIROS


Com um motor de oito cilindros em linha e apenas um carburador, será que chegava algum combustível no oitavo pistão desse Buick 1947?

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

DE VOLTA À ERA DOS BARÕES...


Se, como discutido anteriormente, é razoável pensar que o Benz era o veículo europeu de alto luxo mais bem-quisto entre os grandes proprietários de terras da jovem República brasileira, seu rival norte-americano dos primeiros tempos foi, sem dúvida, o Cadillac. Fundada em 1902 e absorvida pela GM em 1909, ela se tornou a mais prestigiosa marca norte-americana naqueles anos de pioneirismo graças à precisão de sua engenharia, sendo famosa a história de três modelos totalmente desmontados que, após terem suas peças embaralhadas, foram remontados sem problemas, valendo um prêmio na Inglaterra. Entre as grandes contribuições da marca para a evolução do automóvel naquela época, estavam a introdução do motor de arranque, que aposentou a manivela de partida, e do primeiro V8 produzido em série, visto pela primeira vez em 1915 em uma unidade semelhante à Limousine Brewster 1916 da foto acima, o mais antigo modelo da marca conhecido no Brasil. Com residência fixa por aqui desde a primeira infância, ele esteve no último Brazil Classics e traz uma história curiosa: temendo ter seu carro confiscado para o esforço de guerra aliado durante as hostilidades de 1914-18, seu proprietário o escondeu em um celeiro e ele ficou esquecido lá por 51 anos em estado de hibernação (provavelmente, após o fim da I Guerra, seu abastado senhor, um fazendeiro de café do RJ, comprou um carro mais atualizado para suas viagens de negócios), fazendo com que seu estado de conservação e preservação seja fora do comum para veículos dessa idade. Mas, talvez em solidariedade ao Benz 1911, que não estava em condições operacionais no encontro, o Caddy se recusou a funcionar no dia do desfile da premiação, ficando, como o "colega" alemão, sem troféu para levar para a garagem.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

AINDA EM MANNHEIM

Algumas cidades relativamente desconhecidas tiveram papel tão importante na civilização ocidental que deveriam ser tão celebradas pelos amantes das boas coisas da vida como Paris ou NY, por exemplo. Uma delas é Mannheim, situada às margens do Rio Reno, onde floresceu a música sinfônica moderna (Haydn e Mozart foram diretamente influenciados pela Mannheimer Schule) e onde nasceu o automóvel, por obra de Karl Benz, como já descrito aqui. Entretanto, após a fusão com a Mercedes em 1926, a produção de carros de passeio da Mercedes-Benz foi se concentrando na vizinha Stuttgart, ficando a unidade de Mannheim encarregada da produção de ônibus, em uma fábrica que se mantém ativa até hoje. Houve, no entanto uma série de automóveis ainda produzida nas antigas instalações da Benz, as Typ 350 e 370 Mannheim, que duraria de 1929 até 1933, quando foi substituída pelo Typ 290, que durou até 1937, ano de lançamento da série Typ 320, todas elas voltadas para um segmento intermediário do mercado. Apesar de relegada a um segundo plano na produção de automóveis de passeio, Mannheim ainda ficou encarregada da produção de algumas carrocerias especiais e, enquanto saíam das linhas de Stuttgart os estupendos 380, 500 e 540, da cidade vizinha saiu esse delicado e raríssimo roadster baseado nos Typ 320, bem menores. Chamada 320 Roadster Mannheim, ela não tinha o estilo suntuoso nem o desempenho arrasador das irmãs ricas - seu seis-em-linha 3.2 desenvolvia 78 cv -, mas era uma pedra preciosa cujo conceito de esportividade ficava próximo ao do celebrado BMW 328. Eclipsada pelas Mercedes maiores, a 320 Roadster Mannheim teve pequena produção e, segundo consta, a unidade acima é a única restante no mundo (que escapou recentemente da coleção do Veteran de MG para uma coleção paulista), tendo aparecido para ser apreciada ao lado da 540K Spezial no Brazil Classics 2010.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O OUTRO BENZ "BRASILEIRO"


Como nem todos acessam os links sugeridos em cada post, deixo com os leitores a foto do outro Benz sobrevivente da "República do café com leite", extraída do Antigos VerdeAmerelo. E, para não reescrever o que está escrito, transcrevo o ótimo texto do Guilherme para o post de hoje, apenas passando do formato em tópicos para um parágrafo corrido. O link para a matéria original está aqui.
"Aqui está um precioso veterano brasileiro, que possui um elevado pedigree, e no entanto, é muito desconhecido dos antigomobilistas, um Benz 1913. Esse carro pertenceu ao Rui Barbosa, que o recebeu de presente de Joaquim Pereira Teixeira no ano de 1915! Com a morte de Rui Barbosa, em 1924, o Governo adquiriu sua propriedade, e em 1930 inaugurou-se o primeiro Museu-Casa do Brasil, homenageando-o. A Casa de Rui Barbosa fica na Rua São Clemente em Botafogo (cidade do Rio de Janeiro), que, no século XIX e primeiras décadas do século passado, era o bairro preferido pela aristocracia; possui estilo neoclássico e situa-se no meio de um vasto jardim e desde então, é a morada desse raríssimo Benz 1913. O carro possui assento fixo para duas pessoas mais dois outros dobráveis, os passageiros falavam com o motorista através de um intercomunicador interno de metal e marfim. Freios só nas rodas traseiras, tanque de combustível para 65 litros de gasolina, quatro marchas para frente e uma à ré. A velocidade média é de 25 Km/h e a máxima de 80 Km/h. Os faróis são a carbureto. Essa foto é do dia 23 de Junho de 2009, portanto, muito recente. E foi enviada pelo Paulo Sallorenzo, fotógrafo profissional que promete um trabalho completo sobre a Casa Rui Barbosa em sua Revista Ilustrada (sallorenzo.com.br)".

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O FAVORITO DOS BARÕES


O distinto veículo da foto acima é um Benz 1911, exposto no Brazil Classics 2010 ao lado de vários outros automóveis centenários, quase todos residentes em terras brasileiras desde 0km - provavelmente esse termo nem existia na época em que eles eram, de fato, 0km! A marca Benz dispensa apresentações, pois está ligada à própria invenção do automóvel e, até a fusão com a Mercedes em 1926, competia com esta no mercado de alto luxo na Europa, repetindo a estratégia da marca de Stuttgart (a Benz era de Mannheim) de se promover através de conquistas nas pistas. Mas, enquanto os Mercedes de rua carregavam muito da esportividade das unidades de competição, os aristocráticos Benz pareciam trazer pouco do DNA dos bólidos de corrida, cujo modelo mais famoso foi o Blitzen, de 1909, e a Mercedes acabou ganhando a dianteira na altas rodas da Europa. No Brasil, ao contrário, parece que os Benz gozaram de alguma popularidade entre os abastados (a marca é citada junto à Oldsmobile no romance histórico Incidente em Antares, de Érico Veríssimo), sendo que, além do modelo da foto, sobrevive também um outro de 1913 no Museu Rui Barbosa, dando indícios do que os magnatas do café da época gostavam mais da fleuma e do tradicionalismo do que de arrojo e esportividade, algo que talvez ainda se reflita no espírito dos maiores encontros de automóveis antigos do Brasil.