segunda-feira, 22 de setembro de 2008

AO VOLANTE - III: DIPLOMATA COLLECTORS

Vinte e três anos após o seu lançamento no Salão do Automóvel de 1968, a Chevrolet concluiu que a linha Opala não tinha mais condições de brigar no mercado contra a onda de importados que passou a entrar em massa no Brasil a partir de 1991. Considerado até hoje o modelo de classe superior de maior sucesso comercial no país - foram um milhão de unidades comercializadas, em números redondos - ele não poderia, no entanto, sair de cena debaixo de vaias, de modo que a GM programou evoluções importantes para os últimos anos, como freios a disco nas rodas traseiras, direção hidráulica Servotronic, um moderno câmbio automático ZF de quatro marchas opcional e, a derradeira evolução, a quinta marcha para o câmbio mecânico do motor seis cilindros em 1992. Tendo a sua saída de linha programada para abril/1992, ele ganhou a série especial Collectors para marcar a sua despedida do mercado, um dos modelos brasileiros mais cercados de lendas e informações disparatadas da história, como chaves banhadas a ouro, inscrição Collectors na carroceria, bancos em couro, motor mais potente e por aí vai...
A verdade é que o Collectors era um Diplomata automático normal de linha que se diferen-ciava em detalhes mínimos, como inscrição Collectors no volante e logotipos da parte inferior dos paralamas dianteiros pintados em dourado. Oferecido em apenas três cores (Azul Milos, Vermelho Ciprius e Preto Memphis, todas perolizadas), ele trazia também uma pasta de couro que vinha com o manual do proprietário, uma carta de felicitações assinada pela diretoria da GMB, uma caneta e um chaveiro dourados, uma fita VHS com a história do Opala e um exemplar da revista Panorama, destinada ao público interno da GM, que falava do fim da sua produção; algumas concessionárias, a pedido dos proprietários instalavam bancos em couro e pintavam de dourado todos os logotipos, embora seja possível que alguns tenham saído de fábrica com esses dois diferenciais. Para quem se interessar por um dos 100 Collectors produzidos, a informação mais importante é o número do chassi, que vai do NNB107837 ao NNB108058; há Opalas que não são Diplomatas e Caravans nessa seqüência, mas todo Diplomata que se enquadra nesses números pertence à série especial. Ao volante, quem já teve o prazer de guiar um Opala se sente em casa com a ótima posição de dirigir e visibilidade acima da média, graças às colunas dianteiras estreitas, e tem mimos exclusivos dos últimos anos, como um painel completo de belo desenho, bancos muito confortáveis e volante de ótima pega. Defeitos (ou características?) típicos do Opala também estão lá, como o calorão nos pés vindo do escapamento e a fiação embaixo do painel que dava impressão de gambiarra. A estabilidade é muito superior à dos modelos dos anos 80 graças a novas barras estabilizadoras e aos pneus aro 15, mas o revestimento pré-moldado das portas e do teto da safra 91-92 é conhecido por descolar e enrugar. Quanto ao motorzão 4.1, se não tinha toda a disposição do 250-S tirado de linha em 1988, pelo menos era um pouco mais comedido no consumo, graças ao carburador Brosol 3E de segundo estágio a vácuo, e não decepcionava no desempenho, ponto forte do Diplomata azul das fotos, que fez parte da minha pequena coleção até 2006 e deixou muita saudade. Para os mais nostálgicos, o vídeo que vinha na maleta do Collectors pode ser conferido no youtube em duas partes (aqui e aqui). As fotos são do mestre Chico Rulez, sempre disposto a contorcionismos dignos de um Marco de Bari por uma boa foto, e o ensaio completo pode ser conferido em seu site, listado aí ao lado.

7 comentários:

Chico Rulez! disse...

O carro é de fato sensacional. Eu, que como o próprio Luís diz sou tarado por séries especiais, pirava nesse Diplomata. Agradeço o elogio exagerado às minhas habilidades fotográficas!

Anônimo disse...

Sr. Chico, não seja tão modesto. Você fotografa muito!!! Realmente o Diplomata do Luisão era lindo e sua condução muito prazerosa.

Felipão disse...

Baita matéria...

E depois, muito originou um projeto britânico para o Ômega, através da Lotus...

Até mesmo o motor 4.1 foi readaptadao...

Chico Rulez! disse...

Julião, modéstia não é comigo não. Eu tenho muito a aprender, mas mesmo assim fotografo melhor do que 95% dos meus amigos... hahahahaha. Mas comparar com o mestre de Bari é muito! :)

Chico Rulez! disse...

Ah sim, tou te devendo um ensaio com besouros!!!

Luís Augusto disse...

Chico, o amigos que me conhecem melhor sabem que eu detesto ficar jogando confetes. Achei o ensaio que vc fez do Collectors simplesmente sensacional. Foi a coroação para um carro que sempre foi meu sonho de consumo e que, por uma dessas decisões precipitadas da vida, acabei vendendo e me arrependo até hoje.

Portal Maxicar disse...

Parabéns Malta pelo altamente esclarecedor post! Já vi vários ensaios fotográficos do Chico, um especialista em fotografar carros em movimento. Todos nota 10!