
Chegou a tão sonhada hora de fazer um upgrade na garagem; não a dos antigos, que vai bem, mas na dos modernos. Dou uma olhada no orçamento, vejo quanto posso "pendurar" com o gerente do banco; calculadora daqui, conversa com os amigos dali, concluo que, na faixa que quero gastar, o grande candidato seria o Punto T-Jet da foto aí em cima, completinho, com ar-condicionado automático, teto solar e as parafernalhas de segurança, de preferência pintado de Rosso Corsa para honrar as tradições. Claro que os argumentos para ter o foguetinho (ou pocket-rocket, acho que a tradução literal "foguete de bolso" usada por aí não tem nada a ver) na garagem são puramente racionais: daqui a dez ou quinze anos será um clássico nacional, eu ando estressado e preciso me divertir no trânsito do dia-a-dia, o Felipe vai adorar passear nele, são 152 cv em um carro econômico, é até bom que desvalorize muito, pois aí eu não fico trocando de carro toda hora e por aí vai...
Decisão tomada, comunico aos amigos e começa a expectativa.
Ontem, um telefonema meio sem jeito do Meyer e o banho de água fria: um amigo que tem um Punto Sporting foi sequestrado, agredido e ameaçado por bandidos que roubaram as rodas do carro e o abandonaram, junto com o dono, em um matagal. Ao conversar com os policiais e com o dono do guincho, o fato estarrecedor: era o quinto Punto que eles iam resgatar naquele matagal em uma semana. Como as belas rodas (assim como as do Stilo) ficam bem em Unos e Tempras velhos, existe um mercado negro bastante movimentado para elas, que todo mundo sabe onde é, quem faz a receptação e quem as compra, mas ninguém faz absolutamente nada.
Não cabe, em um blog sobre carros antigos, dizer quanto pago de imposto de renda (ai, ai...), o que penso do que acontece na Ilha da Fantasia do Planalto Central e da impunidade que parece só não atingir a combalida clásse média "desse país". Cabe, sim, dizer que abundam carros sem graça pintados de preto ou prata nas ruas das metrópoles não porque o brasileiro seja cafona ou sem graça, mas porque não chamar a atenção passou a ser instrumento de sobrevivência.
A discussão eu deixo por conta de vocês.