segunda-feira, 30 de março de 2009

O ANO DA VIRADA

Poucos a-nos foram tão decisi-vos na história de uma marca como 1957 foi para a Maserati; encorajada pelo suces-so das Ferrari 250 GT SWB e Lusso e valendo-se da repercussão da vitória na 12h de Sebring e do pentacampeonato de Juan Manuel Fangio a bordo do 250F da marca, a casa bolonhesa resolveu entrar de cabeça no concorrido mercado dos grandes esportivos de rua com o 3500 GT, uma jóia criada pela Touring - a mesma que seria responsável pelo desenho dos Lamborghini 350/400 GT - e cuja versão conversível ficou a cargo da Vignale, com entre-eixos mais curto e o mesmo seis em linha 3.5 de duplo comando de válvulas e 220 cv líquidos, originário do 250F de corrida pilotado por Fangio. Mas 1957 foi também o canto do cisne da equipe Maserati, que começou a se afastar das competições e se retirou oficialmente delas no ano seguinte; tendo se concentrado, a partir de então, na produção de veículos estradeiros, seus esforços seriam coroados com o fabuloso Ghibli, mas a ausência nas pistas seria fatal para o prestígio da marca do Tridente, que viveu uma lenta agonia nos anos 70 e 80, mudando de dono várias vezes até ser adquirida pela Fiat, em 1993, e se tornar uma espécia de divisão de sua antiga rival, a Ferrari.

6 comentários:

Roberto Zullino disse...

Luis,
Uma correção, a Maserati não se retirou por causa da Mille Miglia, nesse caso foi a Ferrari do Alfonso Cabeza de Vaca y Leygton, o Marques de Portago que saiu da pista matando o Portago, o co-piloto Nelson e assistentes dos quais a maioria era de crianças. Isso causou debilidade na empresa Ferrari que foi acusada de fazer negociatas com a empresa belga de pneus, a Englebert, e usar pneus inadequados em troca de dinheiro. Muitos dizem que a Ferrari quase teve que ser vendida para a Ford por consequência disso e do mau gerenciamento que o vechio mafioso deu na situação.

A Maserati se debilitou pela corrida em 1958 na Venezuela onde teve praticamente todos os carros destruídos ou muito avariados. Mas isso foi a gota d´água, a empresa já vinha mal faz tempo.

Luís Augusto disse...

Sim, Roberto, o acidente foi com uma Ferrari, mas a Maserati se retirou oficialmente das competições pelo conjunto do desastre, como a Audi faria em 1986 após o rali de Portugal. Como você já deve ter notado, não tenho grande familiaridade com a história das competições, mas creio que em 1958 as equipes que corriam de Maserati eram independentes, não?

Roberto Zullino disse...

A Maserati tinha uma política de correr em carros esporte dando assistência a pilotos privados. Quase nunca corria com carros próprios as corridas de carros esporte, mas dava assistência a equipes privadas.

Vendia muitos carros por causa disso, mas eram todos carros de corrida e rua, sem luxos. As Maseratis sempre tiveram compradores porque eram tradicionalmente carros fáceis de guiar e muito equilibrados.

Na prova da Venezuela a Maserati resolveu correr com carros próprios, uma das razões o fato das 450 S não terem encontrado compradores que conseguissem dominar a fera. O carro era ruim. Aqui a Maserati do Rugero Peruzzo só conseguiu ser guiada pelo Ciro Cayres.

A corrida da Venezuela foi um desastre total para a Maserati, queimaram uns 4 a 6 carros.

A situação da Mille Miglia não influenciou a retirada da Maserati, mas acabou com a corrida e quase acaba com a Ferrari.

Acho que na época a empresa não pertencia aos Alfieri e sim ao Orsi, os Alfieri já tinham saido e fundado a OSCA. O Orsi era um empresário, na hora que viu o desastre mudou o foco da empresa para vender carros de luxo e lançou a 3500 GT.

Luís Augusto disse...

Roberto, confesso que desconhecia o episódio da Venezuela. Muito obrigado pelas informações, dei uma corrigida no post.

Roberto Zullino disse...

Quem entende bem dessas Maseratis 3500 GT é o M. São carros muito interessantes, verdadeiros Gran Turismo, grandes retas, motor potente para manter a velocidade, viagens longas sem esforço. As primeiras são melhores, pois tinham 3 Webers, as posteriores tinham uma injeção Lucas, The Prince of Darkness, que só dava problema. A maioria dos carros hoje em dia fez um retrofit para Webers.
Tem um site de registro desses carros e que descreve alguns em detalhe.

Luís Augusto disse...

Roberto, sobre a unidade da foto, perguntei ao priprietário e ele disse que a dele é com carburação Weber.
Aliás, a engenharia inglesa nunca foi bem vista no Brasil, veja o caso dos carros Standard Vanguard, carburadores SU e os sistemas elétricos Lucas que você citou.