Caminhão Ford F-600 1957 ...
Há 22 horas
Uma volta nos automóveis antigos e clássicos que marcaram época
Para marcar o encerramento das atividades do Blog 4x4 do Germano, uma pequena incursão no mundo dos jipeiros com um modelo de grande importância histórica para os brasileiros, mas que está praticamente esquecido atualmente, o CBT Javali. Quando os nacionalistas mais ferrenhos exaltam o Ibap Democrata ou o Gurgel BR-800 como iniciativas pioneiras para produzir automóveis inteiramente nacionais, parecem se esquecer de que o motor do Ibap era feito na Itália, enquando o câmbio do Gurgel era originário do Chevette, de projeto Opel. Se quisermos ser realmente rigorosos com os critéios para classificar um veículo como 100% nacional, o jipão da CBT (Companhia Brasileira de Tratores) deveria ganhar destaque, pois foi o primeiro (talvez o único) exemplar projetado e desenvolvido aqui inteiramente com peças também desenhadas e usinadas no Brasil. Produzido entre 1990 e 1994 com o motor Diesel dos tratores da marca, dotado de um turbocompressor também desenvolvido com tecnologia própria da CBT, o Javali sempre teve como pontos fortes a robustez e a capacidade de superar obstáculos difíceis mesmo para um 4x4, mas seu desenvolvimento foi muito caro para a empresa e o preço acabou ficando elevado diante da rusticidade do produto - embora estivesse em um patamar levemente inferior ao do Toyota Bandeirante -, o que acabou levando a CBT à falência em 1995.



Apesar do sucesso que ele fez no Brasil nos anos 90, ao dar ao entusiasta a oportunidade de dirigir um autêntico esportivo a um preço razoavelmente acessível, pouca gente se lembra de que o belo desenho do Fiat Coupé era assinado por Chris Bangle, o mesmo que causou urticárias em vários fãs da BMW após a polêmica renovação da Série 7 da marca bávara na década seguinte. Produzido na Itália entre 1993 e 2000, o Coupé foi oferecido por aqui 1995 e 1996, com cerca de 1500 unidades vendidas em versão única com motor 2.0 16V de 142 cv líquidos - o mesmo do Tipo 16V, bem mais animado do que o propulsor de mesma cilindrada do contemporâneo Tempra, tema para um próximo post. Suas linhas angulosas e cheias de reentranças não deixam dúvidas quanto à assinatura de Bangle (na minha opinião, há algo delas nos Z4 e Z8), mas ele parece ter se dado melhor no descolado esportivo italiano do que nos elegantes sedãs alemães, não é mesmo?
A belezura da foto acima é um Austin 7, modelo inspirado no sucesso do Ford T que começou a ser produzido em 1922 e se destinava ao até então inexplorado segmento dos carros populares na Inglaterra, batendo próximo das 300 mil unidades até 1939, quando teve a produção encerrada. Bem-sucedido não só na missão de popularizar o automóvel na ilha, ele foi também uma notável realização de engenharia, sendo oferecido em diversas versões de carroceria, inclusive charmosos roadsters, que, a despeito do pequeno motor de 0.75 litro, entusiasmavam seus condutores, tornando-se, de certa forma, precursores dos famosíssimos esportivos britânicos leves, baratos e divertidos que se tornariam cidadãos do mundo após a II Guerra. Como se não bastasse, o Seven tem em seu currículo a honra de ter sido o passo inicial da BMW - que o fabricou sob licença de 1927 a 1929 com o nome de Dixi - e da Lotus, já que foi a partir dele que Colin Chapman desenvolveu seu Mk I para participar de competições em 1948. Duas marcas cujo carisma acabou superando o da própria Austin; nada mau para algo aparentemente tão despretensioso, não? 

Ao contrário do que muitas vezes é escrito por aí, a Kombi na configuração seis portas não foi uma exclusividade da Volkswagen brasileira; entretanto o modelo produzido em São Bernardo de 1961 a 1976 teve o diferencial de ter as seis portas abrindo indepen-dentemente e no sentido convencional de um carro de passeio, ao contrário da alemã, cujas portas traseiras esquerdas funcionavam como as traseiras direitas da Kombi standard, como mostrado aqui. O modelo foi muito usado como lotação e me chamou a atenção ainda na primeira infância, quando fui a Águas de Lindóia em 1982; no hotel onde minha família se hospedou havia uma dessas, muito bem conservada, que levava os hóspedes até o balneário e me chamava a atenção por ter portas traseiras à esquerda e pela ausência de alguns vidros laterais, algo que eu nunca tinha visto em uma Kombi.