Muito antes da popularização do automóvel ou mesmo antes de que se tivesse certeza da sua utilidade prática, as corridas já fascinavam os ricaços nos países industrializados, com várias quebras de recordes (como o do Jenatzy em 1899) ou mesmo disputas entre vários carros nos Grand Prix que se tornavam manchetes cada vez mais freqüentes nos EUA e Europa. Em 1908, extrapolando tudo o que havia sido proposto até então, os jornais The New York Times (americano) e Le Matin (francês) resolveram apoiar a promoção de uma volta ao mundo, com largada na Times Square em 12
de fevereiro e chegada em Paris, com percurso cruzando todo o território americano e passando pelo Alasca, Japão, China, Sibéria, Europa Oriental e Alemanha até a chegada na capital francesa. Claro que as dificuldades eram enormes, já que não havia GPS, placas de sinalização ou mesmo auto-estradas em grande parte do trajeto - acrescente-se que os carros de então eram modelos abertos, expondo seus ocupantes a todo tipo de intempérie - de modo que havia punições previstas para quem transgredisse a rota originalmente traçada. Na disputa, se destacaram o Protos alemão, que tive o prazer de conhecer pessoalmente no Deutsches Museum de Munique, e o Thomas Flyer americano, que se encontra preservado no National Automobile Museum em Nevada. Apesar de ter chegado em Paris quatro dias antes, o Protos acabou perdendo o título para o Thomas por causa de uma punição de 30 dias por ter cortado parte do caminho de navio - culpa de uma rota impossível de ser cumprida e de falhas na comunicação, segundo os alemães -, de modo que o primeiro round real da disputa entre americanos e europeus proposta neste pequeno espaço virtual foi vencido pelo Novo Mundo. América 8 x 7 Europa.
2 comentários:
Essa história é fascinante. Aliás, como tudo que se refere às grandes viagens e descobertas da época vitoriana. Não me lembro onde, mas li um ótimo artigo sobre esta viagem, se encontrar compartilho com os amigos.
Vale ler o site da edição dos 100 anos da corrida, em 2008, e comparar os problemas de hoje como o que deve ter sido então.
Aqueles sim, fizeram história; os de hoje a revivem como farsa.
Ah, me lembrei, dizia o Harrah, ou de quem ele comprou o Thomas Flyer, que as rodas ainda estão sujas do barro da viagem...
Sei não, mas tá valendo.
Nik, um grande lapso, eu não havia citado o nome do museu do Thomas (conhecido como Harrah's Collection). Obrigado, já corrigi a falha. Essa reportagem a que vc se refere deve ser de uma antiga QR Clássicos, muito boa mesmo.
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