
A catástro-fe que tem ameaçado se abater sobre a glo-riosa indús-tria auto-mobilística americana leva os antigomobi-listas a pensarem no que aconteceu por lá nos anos 30, quando diversas marcas pereceram nas ruínas causadas pela crise de 1929. Dentre as que sobreviveram, a conservadora Packard foi a que adotou uma das estratégias mais ousadas: fabricante de veículos de altíssimo luxo, como os elegantes
Super Eight e
Victoria Twelve, a marca resolveu, em plena recessão,
ampliar sua linha de produção com a construção de uma nova fábrica para modelos mais baratos (o termo correto seria menos caros), capazes de atingir faixas de mercado mais amplas. O mais bem-sucedido dessa nova fase foi o 120 (One-Twenty, para os mais íntimos, número referente à distância entre-eixos, em polegadas), lançado em 1935 e lembrado como o resposável por tornar possível para a classe média alta o sonho de ter um Packard - fenômeno semelhante ocorreu nos anos 80, quando a Mercedes lançou o 190E. De qualquer forma, o 120 acabou sendo visto pelos mal-humorados como o marco do início da decadência da Packard, enquanto os entusiastas o exaltam como o carro que salvou a marca nos anos 30 - o Dr. Otávio, vice-presidente do Veteran de BH e proprietário do modelo 1937 da foto, certamente pertence ao segundo grupo...
Sobre a fábrica montada para construir o 120, uma curiosidade: durante a II Guerra, ela foi a escolhida para fabricar, sob licença, os fabulosos motores Rolls-Royce Merlin 61 que equipavam os caças britânicos Spitfire; chamados de Packard V-1650, eles fizeram história no melhor avião americano já construído, o P-51 Mustang - que, embora equipado com motor Packard de projeto Rolls-Royce, ficou conhecido como "Cadillac dos céus"!