quinta-feira, 27 de novembro de 2008

AMÁLGAMA PERFEITO

Até a virada do século XXI, com a subida ao poder de um dos lí-deres mais desprepara-dos da história da civilização ocidental, França e EUA eram nações mais do que amigas - tratavam-se praticamente como irmãs. Os gauleses apoiaram os americanos na luta pela independência em 1776, doaram a Estátua da Liberdade e foram os primeiros a reconhecer o valor do jazz e do blues; por outro lado, foram os americanos que livraram a França da maior humilhação da sua história, quando, em 1940, seus exércitos foram derrotados e o país ocupado pelos alemães em pouco mais de cinco semanas, para incredulidade do resto do mundo livre na época. Nada mais natural que, logo após a II Guerra, os agradecidos franceses absorvessem entusiasticamente os valores da América, dando, claro, seu toque de sofisticação aos exageros típicos da jovem nação e, no mundo dos automóveis, a tendência atingiu seu ponto mais alto com o Facel Vega HK 500. A grade cromada, o pára-brisa panorâmico, os faróis duplos com pestanas (na verdade, os inferiores são auxiliares) e o esboço de rabo-de-peixe na traseira não deixam dúvidas quanto à inspiração, mas, ao contrário das barcas americanas, tudo nele é equilibrado e de bom-gosto, com couro nobre e madeira de lei substituindo plásticos baratos e formas sem função. Seu coração também não nega a influência, podendo vir com diversas opções de V8 Chrysler - o modelo 1958 da foto conta com um de 5.9 litros - e opção de câmbio automático Torqueflite. Produzido entre 1954 e 1961, ele esteve entre os mais caros e sofisticados modelos de seu tempo, rivalizando-se em prestígio com o Aston Martin DB4. Seu ponto fraco eram os freios a tambor, insuficientes para segurar o bólido que alcançava 225 km/h e tidos como os grandes responsáveis pela quase extinção das pouco mais de 500 unidade produzidas - essa da foto é o único HK500 no Brasil. Voltando aos americanos, a ironia das ironias é que, lá, o nome Vega remete a um dos modelos mais mal-sucedidos da história da Chevrolet, lançado nos anos 70 - desolée!

2 comentários:

Felipão disse...

Cada preciosidade...

Esse, eu nem imaginava que existia no Brasil...

Mas, realmente, freios a tambor em um carro desses, é um pouco demais...

Darlan disse...

Primeira vez que vejo o carro e já apaixonei!