
Ao contrá-rio da arqui-rival Ford, que havia a-dotado uma estratégia agressiva no mercado brasileiro ao lançar, em um cur-to espaço de tempo, três famí-lias distintas de veículos de passeio (Galaxie, Corcel e Maverick), a GM foi cautelosa com seu cronograma, tanto que a linha Opala, lançada há
exatos 40 anos, só ganhou o modelo cupê na linha 72 e a SW na linha 75 - junto com a primeira grande remodelação - que ganhou o mesmo nome da já então extinta
perua Opel Rekord C: Caravan, contração das palavras
car and van, que denomina genericamente várias SWs, tanto da Opel quanto da Chrysler. A Caravan chegou ao mercado com as mesmas opções de motorização do Opala: 4 ou 6 cilindros, câmbio na coluna ou no assoalho, mecânico ou automático, mas a única versão disponível de acabamento foi logo criticada pela pobreza e falta de capricho, falha corrigida pela Chevrolet, que disponibilizou opções melhores de tecidos e isolamento acústico que foram incorporados como ítens de série nos modelos a partir de 1977. Entretanto, foi somente em 1978 que a Caravan ganhou as mesmas versões de acabamento do Opala: básica, de luxo, Comodoro e SS. Nos primeiros modelos, com o passar do tempo, comodidades como câmbio de quatro marchas, bancos individuais, melhores revestimentos e rodas dos modelos mais novos foram sendo incorporadas pelos proprietários, o que faz do modelo 1976 da foto uma raridade

, já que preserva todas as ca-racterísticas originais das pionei-ras, como bancos revestidos em plástico tipo cur-vim, câm-bio de três marchas na coluna de direção, ausência de carpete (substituído por um tapete inteiriço de borracha) e até de forro do porta-malas, fora o isolamento acústico pobre. Na parte estética, salta aos olhos a ausência de frisos nas soleiras, caixas de rodas e no vidro traseiro. Na mecânica, ela conta com um quatro cilindros 151 básico (2.5 litros de 89 hp brutos), o famoso "motor azul", de funcionamento mais suave do que os 153 que equiparam a linha Opala até 1973; cintos de segurança abdominais, ausência do lampejador do farol alto no comando da seta, direção sem assistência hidráulica e habitáculo que funciona como uma caixa acústica fazem o motorista se sentir mais próximo de um utilitário (
van) do que de um carro de passeio (
car), mas a pobreza geral é compensada pelo prazer que todo Opala proporciona assim que o motorista assume o comando, com uma ótima posição de dirigir, maciez ao rodar, abundância de torque e boa disposição para velocidades de cruzeiro compatíveis com o trânsito atual, mesmo com o motor de quatro cilindros. Os pneus diagonais 6.45 R 14, com sua pequena superfície de atrito, aliviam o peso da direção em velocidades mais baixas, mas não

colaboram com a estabilidade, um pouco melhor na 4 cilindros do que na de 6 por causa do menor peso do motor - o projeto original da Opel previa motores 1.7 e 1.9. Este carro, aprovado com 97 pontos na vistoria da placa preta, está na minha família desde o início dos anos 80 e hoje faz parte da minha pequena coleção; ainda muito pequeno, conheci as estradas com ele, sempre intrigado por que o meu pai mandava enchermos o porta-malas o máximo que pudéssemos antes de sairmos de viagem, coisa que só fui entender uns 15 anos depois, quando me vi em apuros com aquela traseira "bamboleante" se desgarrando no meio de uma curva...