quinta-feira, 2 de junho de 2011

FÊNIX

Antes...
... e depois.

A recente conclusão da restauração daquele que passou a ser considerado o VW mais antigo do mundo já foi amplamente noticiada e discutida entre os amantes do besouro, mas não poderia passar em branco neste pequeno espaço. Encontrado na Lituânia em 2003, totalmente desfigurado (provavelmente levado por um soldado soviético após o fim da II Guerra), o Fusca 1938 mudou algumas vezes de mãos até chegar aos cuidados de um experiente colecionador e restaurador alemão, que se encarregou do renascimento do velho VW. Depois de muita pesquisa, descobriu-se que se trata do chassi #006 dos modelos de pré-produção, originalmente pertencente ao Dr. Robert Ley, que vinha a ser o chefe do sindicato oficial (e único, naturalmente, no governo nazista) dos trabalhadores alemães, cujas contribuições compulsórias, além de financiar o estilo de vida faraônico do corrupto e sempre bêbado Dr. Ley, foram a grande alavanca para que o complexo de Wolfsburg e o KdF-Wagen se tornassem realidade - KdF, de Kraft durch Freude, ou força através da alegria, era o cretino nome de um dos braços do tal sindicato. Mas, como a fábrica não ficou pronta antes do início da II Guerra, os modelos civis do KdF são todos de pré-produção, construídos quase que artesanalmente. No modelo ressuscitado, é possível diferenciar os 24 pares de grades da "churrasqueira" do motor (ante os 21 pares dos modelos do pós-guerra) e a assimetria das curvas do "W" da tampa traseira (mais rombuda à esquerda e mais pontuda à direita). Para os entusiastas, um prato cheio para discussões, já que o outro KdF-Wagen 1938 conhecido até então, exposto no museu da marca ao lado do NSU Volksauto, tem chassi daquele ano, mas sua carroceria foi feita a partir de um modelo do pós-guerra. A placa de licença reproduz a da época, que trazia o número do chassi em seus dígitos finais, e a restauração ficou digna do significado histórico do carrinho que, em breve, ganha companhia, já que acharam outro KdF também na Lituânia no mês passado, aparentemente montado sobre um chassi de Kübelwagen.
EM TEMPO: para informações mais detalhadas sobre a ressurreição do KdF lituano, sugere-se a leitura do excelente Fusca Classic do Dario Faria (digite VW38#006 no mecanismo de busca).

16 comentários:

M disse...

Prá mim, estes KdF da Lituânia são falsos...
Na melhor das hipóteses, são carros reconstruidos a partir de um número de chassis - este sim, falso !
Já ví este filme, mas costumava ser "estrelado" por carros de maior expressão (e preço...)

Paulo Levi disse...

O antigo dono tinha aspirações bem modestas, considerando o "DKW" pintado na tampa dianteira.

Chrysler Building disse...

E aquele modelo que aparece a parte traseira em foto preto e branco, dito 1937, que sequer possuia as janelas ovais bipartidas e que no lugar das lanternas, abrigava dois "pingos de i"?

Vi a foto em uma Oficina Mecânica de 1987, há uns 15 anos atrás.

Ainda devo tê-la...

Luís Augusto disse...

Chrysler Building,
Esses modelos sem janelas traseiras, testados e posteriormente destruídos a golpes de marreta pelas SS, são réplicas. O único próptótipo pré-KdF sobrevivente é o NSU que cito no texto.
M, um dos indícios da autenticidade carro é a tampa do motos com a im perfeição no W e o suporte para a placa no padrão nazista, que mudaria após o fim da II Guerra (claro que a tampa pode ser forjada, mas não acredito que seja o caso).
Paulo, em um dado momento, o DKW era até mais prestigioso que o VW!

M disse...

Dotô,
Supunhetamos que a josta do capô seja autêntica, o que eu duvido muito, vou ter que acreditar que "recriaram" o carro a partir dele ? Tá dificil...
Pelo estado de putrefação da merda vermelha, é muito mais fácil acreditar que o tal capô "com indícios" não passa de um de 53, que tomou muita porrada e foi mal arrumado, assim como o todo o resto !

Anônimo disse...

O Luis vc é uma enciclopédia!

Corsário Viajante disse...

Se contassem essa história em Lindóia, quem é que ia acreditar? Se bem que daí seria do próprio Hitler! rs
Assunto polêmico e interessante, sendo o carro verdadeiro ou não, afinal às vezes mais importante que ser é parecer... hehehe

Luís Augusto disse...

Engraçado, acho que sou muito inocente.
Até eu publicar esse post não passou pela minha cabeça a hipótese de fraude!

Francisco J.Pellegrino disse...

Autêntico....não tem mutreta neste assunto !

roberto zullino disse...

estou com o M, isso aí é mais falso que nota de 3. quando os caras começam a inventar histórias como essa do carro ser o 006 e ter pertencido ao Ley a suspeita aumenta. um carro achado na Lituania é melhor ainda, quanto mais longe melhor. basta uma pesquisa nos arquivos, que por sinal estão intactos, e escolher um número plausível. quero ver uma análise laboratorial do número para ver se passa.

Luís Augusto disse...

Mas considerando o isolamento da cortina de ferra, não seria mais provavel que o Fusca lituano seja mesmo do pré-guerra? Como um do pós-guerra pararia lá?

M disse...

Dotô !
Vamos ser realistas !
Esta ronha vermelha não é nada !
SE a josta do chassis for realmente do 006, coisa que duvido muito, então "construiram" um carro novo em cima ?
Isto não é restaurar ! É FRAUDE !
Já vimos isso de monte ! São os famosos "air cars" !
Um espertalhão procura um número de chassis vago, cria o carro, escreve umas lorotas sobre as origens e pronto ! Mais um pega-trouxa aguardando o otário da vez !

Luís Augusto disse...

Assim eu concordo!
O valor do carro é muito mais simbólico do que concreto.
A representação da época fica comprometida pela recriação; por mais perfeita que esta seja, sempre será uma raridade "forjada". É como um quadro pintado exatamente como o original: não deixa de ser uma fraude.

Dario Faria disse...

Olá Doctor Luis.
Em primeiro ugar devo agradecer o elogio de "excelente" que recebi de meu pequeno blog. E quanto ao fato deste achado ser ou não original, apenas coloquei as evidências que foram relatadas no Forum The Samba USA, que é muito bem conceituado, eu penso que existam detalhes que provem ser um antigo VW, mas a numeração #006 foi feita através de suposições, conforme foi explicados no comentários do Forum citado. Este pequeno Vw sofreu dos mesmos males que o Tucker de Caçapava: o motor e o chassi foi trocado, no caso do Tucker que era traseiro passou para a frente e o chassi trocado por um de Cadillac e o VW supostamente ano 1938 foi colocado um do veículo russo GAZ M-21, também com motor na dianteira, e por isto perdeu muitos detalhes originais: painel; para- brisa e janela traseira bi-partida e o documento utilizado foi de um antigo DKW 1939 que foi remarcado o numero de chassi deste carro, por isto o emblema DKW, eu penso na minha modesta opinião que muitos carros antigos ficaram "congelados" no tempo depois da implementação da famigerada cortina de ferro da antiga União Sociética e algo semelhante a Cuba também ocorreu, mas com o fim da Segunda Grande Guerra, os soldados russos saquearam tudo que puderam e levaram para lá todo o espólio de guerra, dizem que existe uma antiga Audi de competição também por lá...
Mas, todos nós temos o direito de emitir nossas opiniões e as conclusões são pessoais.
Dario Faria

roberto zullino disse...

Bottom line, isso aí é uma tremenda fraude, nem o chassis original tem, assim como a carroceria, só tem os peidos de quem dirigiu, não é "air car" como disse o M, o correto é "fart car". Juntaram umas latas, a carroceria vermelha é moderna, nem isso serve. Parece o caso de uma Testa Rossa que existe em 3 carros com o mesmo número de chassis. Os donos estão brigando na justiça, um carro tem o cabeçote do carro original, o outro pedaços da carroceria e nem lembro mais o que o terceiro tem, talvez a maçaneta ou o volante e o ponteiro do contagiros, só o ponteiro. Gostaria de saber se alguém aqui compraria essa merda. Só acredito depois de compensar o cheque.

GoThChA disse...

Cara, gostei bastante do seu blog.
Parabéns!