segunda-feira, 7 de maio de 2012

REI MORTO, REI POSTO!

Após o fim da II Guerra, além de toda a incerteza que envolvia a indústria automotiva alemã, os executivos da Auto Union se viram na singular situação de terem quatro marcas - Horch, Audi, Wanderer e DKW - e nenhuma fábrica, já que todo o complexo industrial do grupo havia caído sob domínio soviético, no leste do país. Como os tempos eram de austeridade, a idéia do pessoal da Auto Union foi de ressucitar, em Ingolstadt, apenas a DKW, marca popular que oferecia desempenho entusiasmante com extrema simplicidade, graças ao motor dois-tempos que dispensava válvulas e tinha potência específica muito superior aos quatro-tempos de então. A decisão se mostrou acertada nos anos 50, mas os DKW começaram a perder o fôlego na virada dos anos 60, quando o clima de prosperidade fazia com que a crescente classe média alemã olhasse para carros mais confortáveis, silenciosos e de uso mais simples. Tampouco o desempenho do dois-tempos conseguia acompanhar a evolução dos quatro-tempos, mais versáteis e que permitiam aumento indefinido da cilindrada, enquanto o dois-tempos mal passava de um litro de capacidade cúbica sem comprometimento da sua durabilidade. Enfim, tal como ocorreria no Brasil pouco tempo depois, os DKW se mostraram uma aposta de fôlego curto na Alemanha do pós-guerra, tendo sido retirados de linha na metade dos anos 60 para dar espaço ao retorno da Audi no segmento dominado pela Opel (é isso aí, não havia a pretensão de concorrer com os luxuosos Mercedes em um primeiro momento). O carro da transição foi justamente o F102, de 1963, o último e mais bem desenvolvido veículo a levar a marca DKW - e, possivelmente, o melhor two-stroke de todos os tempos, do ponto de vista técnico - , mas cujas fracas vendas serviram de prova definitiva que a era do motor dois-tempos havia ficado para trás. Seu sucessor, denominado Audi 72, era praticamente o mesmo carro, mas com uma frente mais moderna e o famoso motor quatro-cilindros desenvolvido por Ludwig Kraus quando a Auto Union ainda pertencia à Mercedes (1958-65), que faria história no Brasil equipando o Passat e, mais tarde, a linha BX da Volkswagen. O F102 acima pertence ao colecionador carioca Hélio Marques, um dos maiores entusiastas da DKW no Brasil, e a foto é uma cortesia do André Grigorevski.

10 comentários:

regi nat rock disse...

Depois perguntam de onde saiu o Fissori. Tá na cara né não?
Aliás, o Fissori é lindo de doer; pena que o motor não dava conta do recado. Era chamado de "impalinha" pela moçada de antanho (anos 60) especialmente pela imensa área envidraçada..

Luís Augusto disse...

Mas o Fissore tem o entre-eixos muito curto em relação ao desenho!. O F102 é mais harmônico, embora a frente do Fissore seja mais bela.

regi nat rock disse...

Verdade. NUm papo a uns 5 anos ou mais, o Crispim comentou, instigado por alguém que não lembro, o pq de ter entre eixos mais curto e ele falou que tinha que aliviar peso de algum jeito pois, o motor não teria força suficiente e o lançamento seria um fiasco. O Peroba (LPB) me disse que tartaruga era mais rápida. E eu não lembro onde a turma se reuniu e tinha gente pacas e não era data especial de coisa alguma. Si non ne vero, sei benne trovato...

Paulo Levi disse...

Sei não, mas tenho a impressão que o Fissore foi apresentado antes do DKW F102. Eu disse apresentado, porque entre o lançamento e o início efetivo de produção devem ter se passado uns bons dois anos.

Luís Augusto disse...

Paulo, acho que o Fissore é do salão de 62! Como o F102 é de 63...
Mas o conceito do Fissore é bem mais antiquado, com plataforma do F93 e mecânica bem menos sofisticada.

M disse...

E o Fissore é MUITO mais bonito !

Anônimo disse...

Parabens pelo ritmo e o nivel das postagens.

Irapuã disse...

Concordo com o Anônimo acima. Comento pouco aqui mas os posts são sempre interessantes. Parabéns!

Luís Augusto disse...

Obrigado, amigos! Fico feliz pelo feedback!

Joel Gayeski disse...

Bah, fazia tempo que não comentava aqui.
A história da Audi é mesmo fascinante, engraçado que na Alemanha eles valorizam muito a DKW aqui no Brasil e aqui meio que escondem.