quarta-feira, 20 de julho de 2011

A DAMA DE BREMEN


Quem é pouco ligado em antigomobilismo e admira hoje os Opel, Mercedes, Audi e BMW, pode ter alguma dificuldade e visualizar o panorama automotivo da Alemanha no pós-guerra. Marcas tradicionais, como Adler e Horch simplesmente desapareceram, a Audi estava hibernada desde antes da guerra e a BMW havia dado um passo maior do que as pernas ao lançar os 501, 502 e 507 e tentava sobreviver fabricando o Isetta sob licença; a Volkswagen, dona de um enorme parque industrial construído pelos nazistas, parecia ter futuro incerto e a Opel perdera uma fábrica enorme em Berlim, transplantada pelos soviéticos para Moscou a título de reparação de guerra. Em um panorama tão confuso, não é de se surpreender que a liderança do mercado mudasse constantemente de mãos e, em meados dos anos 50, parecia que a Borgward, de Bremen, despontaria como uma das maiores fábricas alemãs de automóveis - o que acabou não acontecendo. Após o bem-sucedido Hansa 1500, veio sua evolução, a linha Isabella, da qual o representante mais famoso é o Coupé acima, fotografado pelo Chicão em Águas de Lindóia. Tinha motor de 4 cilindros, 1.5 litro e bons 75 cv, entusiasmando até nas pistas de competição da época; versões de desenho mais comportado tinham opções menos potentes do 1.5. Diz o folclore antigomobilista que o refinado Carl Borgward, no auge do sucesso, mandou fazer o Isabella Coupé no final de 1956 porque não admitia a idéia de ver sua esposa a bordo de um Karmann Ghia, que ela tanto admirava! De qualquer forma, Elizabeth Borgward (Isabella é a versão latina do nome Elisabeth) conservou seu Coupé até 1980, bem depois da quebra da empresa (1961) e da morte do marido (1963).

8 comentários:

Paulo Levi disse...

Também gosto muito desse carro. Pena que a empresa tenha ido pro vinagre.

Há poucos anos estive em Bremen, onde conheci um dono de concessionária Subaru cujo pai havia trabalhado por muitos anos como mecânico na Borgward. Segundo ele, o pai foi destacado pela empresa para se transferir para o Brasil caso se concretizassem as negociações para a instalação de uma filial por aqui. O convite foi recusado por razões familiares - e no final, como se sabe, esse projeto deu com os burros n'água.

Corsário Viajante disse...

Hm não sei não, mas acho que sou mais o KG!

regi nat rock disse...

Posso até estar cometendo uma heresia mas ao olhar a foto associei imediatamente com uma Mercedez mais ou menos da mesma época.
Esse aí, até onde me lembro, é a primeira vez que vejo.
Gostei.

Mauricio Morais disse...

Que aula de antigomobilismo. Não sabia da importância da Borgward nesse cenário. Particularmente acho que o desenho desse modelo em questão é muito pesado, com a frente muito parruda, parecendo um utilitário.

Francisco J.Pellegrino disse...

Sou suspeito....adoro o carro !

Anônimo disse...

Após a reforma econômica de 1948, a indústria automomotiva alemã cresceu a passos de gigante. Já em 1951 estava fabricando o mesmo que em 1938, seu melhor ano antes da guerra, e em 56 atingia o milhão de unidades. A Volkswagen comandava as ações, seguida pela Opel, Daimler e Ford. A Borgward só passou ao 1º time com o Lloyd e o Isabella por volta de 55; mas aí o jogo já estava decidido. O colapso da Borgward em 61 provavelmente abriu caminho para o renascimento da BMW ("Borgward macht weiter"). AGB

Luís Augusto disse...

Curiosamente, o BMW 1600 GT, que a fábrica bávara herdou da Glas, originalmente era um Borgward:

http://antigomoveis.blogspot.com/2008/11/irmo-adotivo.html

Anônimo disse...

Tive a felicidade de possuir um coupê duas portas, um pouco diferente na traseira em relação a este da foto, mas quem circulou muito pomposa com um modelo desses foi a Sra. Hebe Camargo