quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

EUROPA X AMÉRICA - ROUND XIV


A foto acima, tirada em Lindóia/2007, não prima pela nitidez, mas mostra um brutamontes norte-americano olhando com inveja o desempenho aquático de seu adversário alemão no lago central da praça Adhemar de Barros. Em tempos de guerra, o Ford GPA e o Schwimmwagen foram os dois representantes mais famosos de veículos anfíbios de cada lado e, felizmente, podem conviver hoje pacificamente no Brasil. Nos últimos meses da II Guerra, na medida em que as tropas nazistas recuavam em direção à Alemanha, os aliados iam capturando suas armas e desvendando seus segredos, mas poucas vezes se viu tamanha admiração por um instrumento de guerra inimigo como a dos ingleses e americanos pelo carro nadador alemão, fruto da visão de Ferdinand Porsche, que previu aplicações militares em sua concepção do Volkswagen. Em um dos memorandos que o comparavam ao desajeitado GPA, um oficial americano foi taxativo ao dizer que o Schwimmwagen era mais leve e mais ágil, levava o mesmo número de soldados e armamento equivalente, tudo isso consumindo dez vezes menos combustível - comentava-se, no Brazil Classics 2004, onde o GPA foi premiado, que ele faz 700 metros por litro de gasolina! Se os próprios americanos reconhecem a derrota, só cabe ao Antigomóveis ratificá-la. Europa 7 x 7 América.
ATUALIZAÇÃO ÀS 21:00: Corrigido pelo Roberto Zullino, informo que o comparativo descrito acima, na verdade, foi feito entre o Schwimmwagen e o Jeep, não o GPA, e a proporção de gasto de combustível era de 2:1 a favor do alemão, cuja produção total foi de 14283 veículos de um total de cerca de 66000 unidades de VW militares de todos os tipos (fonte: VW Beetle: The complete story, de Robert Davies).

24 comentários:

roberto zullino disse...

Not quite. Fabricaram muito poucos Schwimmwagen, a maioria era o Kuebelwagen, um jipinho não anfíbio. Acredito que a literatura comparativa se refere ao Jeep e ao Kuebelwagen.
O chamado Ford era o nosso conhecido Jeep e jamais foi americano na concepção.
O Jeep foi desenvolvido pela American Bantan, revendedor dos carros ingleses Austin e foi baseado em um Austin.
Esse foi o caminhão 1/4 de tonelada, nome técnico do exército para o General Purpose Vehicle, aprovado pelo exército americano, os modelos Ford e Dodge, willys e outros foram reprovados, com desonra imagino.
Na hora da concorrência da fabricação foi outra história, o Ford fez um monte de maracutaias e ficou com a parte do leão da fabricação dando uma parte para a Willys e para a American Bantan apenas 3000 unidades. Isso deu um escândalo e o Ford só não foi preso depois da guerra porque foi interditado assumindo o netinho. Aposto que ele mesmo forçou uma interdição porque como era nazista e anti-semita declarado tinha muita gente que queria a pele do velho. Aliás, a primeira VW foi montada com máquinas operatrizes doadas pela Ford, na realidade vendidas a leite de pato e a Ford também cedeu a tecnologia de fundição de alumínio/magnésio. De certa forma o VW é americano.
Mesmo tendo projeto europeu, o Jeep jamais deixou de ser uma bosta quando comparado com o Kuebelwagen, afinal era europeu mas inglês e todo mundo sabe o que isso significa. O Jeep é o pior carro do mundo no barro. Se os dois diferenciais cairem no facão nem junta de boi tira.

roberto zullino disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
roberto zullino disse...

E tem mais. O único prêmio que vale são os dados no "jantar de gala" gorduroso para a baranga melhor disfarçada de panela de pressão, são dados 4:

1-Panex Ouro, para a baranga que estiver com vestido de brocado dourado, um luxo
2-Panex Prata, para a baranga que estiver de vestido de brocado prata
3-Rochedo Magnum, para a baranga que for a mais volumosa, independente de estar de prateado ou dourado.
4-Menção Honrosa-para as barangas mais feias e gordas, esse prêmio é distribuído de baciada, praticamente todas ganham, mas é importante.

Premio para jipinhos e carros não valem nada, todos são uma porcaria mesmo.

Luís Augusto disse...

Roberto, vou conferir qdo chegar em casa se a comparação era do Kubel.
Acho que não, inclusive há uma foto famosa dos oficiais aliados testando o Schwimmwagen.

roberto zullino disse...

A comparação com o anfíbio que foi fabricado em poucas unidades não tem o menor sentido, serve apenas como curiosidade.
A comparação tem que ser com os equipamentos básicos dos exércitos, o Kubel e Jipe.
Evidentemente, só de olhar o Jipe perde feio, na hora em que se anda piora, foi uma das maiores porcarias fabricadas e era caro, tinha muito material, gastava e carregava 250 kilos.
Tive um Willys aqui em casa logo que vim morar na granja meu irmão me deu de presente. Era um 61, seis cilindros e totalmente original e em ótimo estado, era tão perfeito que aluguei-o para fotos de uma fábrica de motoserras, a Husqwarna. Dei uma festa no dia que enfiei-o em um trouxa, já foi tarde.

Luís Augusto disse...

Zullino, as correções cabíveis já estão no post; 14 mil unidades não é tão pouco assim.

roberto zullino disse...

Nunca ouvi falar nesse tal GPA, mas sim no General Purpose Vehicle ou caminhão de 1/4 de tonelada, na realidade apelidado pelos GIs de GeeP e depois Jeep.
O mais interessante é que embora Ford, como já disse antes, tenha fabricado a grande maioria dos Jeeps da guerra acabou ficando sem o nome que foi para a Willys-Overland. Aqui a Ford comprou a Willys, mas no final a matriz da Willys foi para a Chrysler que impediu que a Ford continuasse a usar no nome aqui. A Chrysler ainda fabrica a porcaria com o nome de Renegade, Wrangler e outras bobagens e uma também uma espécie de Rural Willys metida a besta e tão a gosto dos paulistanos dos jardins que estão sempre necessitados de veículos 4x4.

Luís Augusto disse...

Imagino que GPA seja de General Purpose Amphicar ou algo assim.
Mas o objeto da comparação dos oficiais aliados foi mesmo o Schwimmwagen, embora seja bem provável que tenha havido uma comparação com o Kübelwagen também.

Luís Augusto disse...

Outra coisa: seu primeiro comentário é de uma riqueza impressionante de informações, desconhecia quase todas.

roberto zullino disse...

Pode ser mesmo, mas o veículo anfíbio americano era de porte muito maior que um Jeep, era uma espécie de lancha bem mais comprido e complexo. Não sei quem o fabricou.
Na realidade carros anfíbio não foram importantes para as operações americanas de desembarque. O workhorse foi uma lancha desenvolvida por um fabricante de barcos de Miami. A lancha que era de madeira compensada carregava dezenas de soldados e um Jeep. A parte da frente se abria e era feito o desembarque. Tem filmes contando a história nesses canais a cabo e todo mundo deve ter visto o General Mac Arthur descendo de uma dessas lanchas na praia enfiando as calças na água fumando seu cachimbo de milho, foi na Filipinas para ele propagandear que tinha cumprido a promessa de que voltaria.
Mesmo o VW anfíbio foi mais usado como veículo de transporte apenas do que como arma anfíbia. Os alemães não se envolveram em grandes desembarques.
A história do escândalo do meu primeiro comentário é até bem conhecida nos tribunais americanos, não lembro direito, o Ford ia ser preso e aí deram um jeitinho, acho que chamaram o Renan. A própria Chrysler se apropriou de uma enorme fábrica para produzir os Jeeps. No final, o Ford aprontou tanto que a Dodge teve que usar a fábrica para tanques e aqueles caminhões Dodge que também foram muito usados pelo nosso exército e dos quais existem alguns por aqui. Só na Granja tem dois. A Dodge também fabricou um Jeep maior.
De qualquer forma a sua comparação America x Europa fica prejudicada, pois o Jeep é um Austin inglês. Seria melhor Inglaterra x Alemanha.
Evidentemente, os "entendidos" em carros antigos organizadores de jantares em cidades decadentes não sabem disso e ainda são capazes de promover uma disputa America x europa com premiação e tudo, hahahahahahaha.

Luís Augusto disse...

Uma pena seu último parágrafo, me senti incluído no grupo que vc despreza...
De qualquer forma, acho seu conhecimento das nuances da história realmente admirável.

roberto zullino disse...

Não se inclua nos desprezados, não me consta que o dotô organize jantares gordurosos e premiações malucas baseadas na ignorância, complexo de pocotó e acochambrações e conchavos de tuminha que gosta de enganar os outros.
Não gosto de colecionadores de carros antigos porque vivem contanto mentiras, não tem a menor sutileza para tratar bem alguém que comprou um carro antigo e é novato, abusam da arrogância e não passam de argentários procurando fazer os outros de trouxas.
Vá um dia com seu fusquinha num desses encontros, não dou meio segundo para alguém vir dizer que o espelhinho não é da série, que a cor não está correta, que o acendedor de cigarro não é original e mais um monte de merda, além do forro do teto ter menos furinhos que o original.
Se a descrição acima lhe servisse poderia se considar desprezado, mas acho que não é o caso.

M disse...

O Jeep foi um grande aliado da Wehrmacht ! Matou mais americanos do que a infantaria alemã...

roberto zullino disse...

E os Japas completaram a obra mandando um monte de motocicletas baratas e potentes para os USA causando a morte de mais americanos "pouca prática" que a guerra do vietnã.
O bom das sociedades afluentes é que dão oportunidade de todos poderem comprar coisas perigosas e morrerem, promovendo-se a profilaxia social. Os países pobres podem apenas contar com diarréias e outras doenças mixas para controlar a população.

Francisco J.Pellegrino disse...

Luis, como eu sempre digo e repito...aqui em São Paulo vc teria uma salário altissímo, poderia completar sua coleção de antigos fácilmente...repito: MATÉRIA PRIMA NÃO LHE FALTARIA !
Mas tenho que concordar com o Zullino, o único que gosta dos encontros estáticos é o M, ele adora os jantares gordurosos.

Luís Augusto disse...

Uai, Chicão, eu tb gosto de encontros estáticos.
Acho o maior barato as potocas que os especialistas contam e os vexames que os carros dão quando postas pra funcionar. Alguns são premiados e não conseguem nem desfilar na cerimônia final.

M disse...

Eu num vô nestas merdas nem amarrado ! Só tem mentiroso e maloqueiro...

roberto zullino disse...

Já está em tempo da idiotice juramentada a começar a mudar e sair dessa coisa copiada e pocotó e sair desses encontros com jantares gordurosos, barangas fantasiadas de Panex e conchavos entre os mesmos da turminha que estão sempre mentindo para enganar trouxas.

Deviam passar a organizar eventos com desfile longo, de preferência perto de uma pista para os carros andarem e os aficionados em lata velha admirarem as "jóias".

Isso eu já vi em 1978 quando estudante fui pela primeira vez em Monterrey/Carmel. Tem a pista de Laguna Seca e a 17 mile drive para andar, se mostrar e mostrar o carro. Fui galhardamente com meu MGB Vermelho 1973 que era meu carro de uso e original. A maioria que veio falar comigo foi muito gentil e elogiou o carro.

Esses encontros de Araxá, Lindóia, Serra Negra e outros, feitos nessas cidades decadentes são de matar qualquer pessoa que tenha "célebro" ou um mínimo de bom gosto e sofisticação.

Este é um país de botocudos já dizia o velho Doutor Assis Chateaubriand, um tremendo fdp, mas sabia das coisas.

roberto zullino disse...

As fábricas finalmente se mancaram. Acabo de chegar de interlagos e fizeram um feirão de todas as fábricas com direito a test drive na pista. Enganaram um monte de trouxas, mas o que vale é vender e venderam um monte. Não sei se os carros que iam para a pista eram iguais aos de rua, aposto que não, na aperência pareciam, mas não fui me misturar à plebe para saber direito.
Evento automobilístico tem que ter pista.

Guilherme da Costa Gomes disse...

Muito legal esse post.
Aprendi alguma coisa, ri bastante também...

Anônimo disse...

O Jeep não é um carro ingles. Ele foi projetado pela equipe de engenharia da Bantam (Harold Crist, Ralph Turner e Chet Hemphling); posteriormente Karl Probst encarregou-se de executar os desenhos técnicos para apresentar ao exército americano. A Bantam fabricava uma versão do Austin 7 e naturalmente usou peças de seu estoque, mas toda a arquitetura é diferente. AGB

Anônimo disse...

O exército americano nunca usou nomes como "General Purpose Vehicle". A companhia Ford apresentou um protótipo para viatura de reconhecimento que chamou de "GPW", significando G=veículo militar, P=entre-eixos de 80 polegadas e W=motor Willys. A palavra "Jeep" já fazia parte do jargão militar durante a I Guerra Mundial para designar um tambor de aço inoxidável; depois passou a ser usada para qualquer equipamento fora do comum. É provável que tenha sido aplicado ao carro durante os testes no campo Holabird Mariland). AGB

Anônimo disse...

O GPA (militar, 80 polegadas, anfibio) foi uma criação da Ford, utilizando o Jeep como base e aplicando casco à prova d' água, hélice e leme. Apesar de pouco eficiente, atingiu uma produção de 15.000 unidades. Este é o carro que foi comparado com o Schimmwagen. Não confundir com o anfíbio Duck, muito maior mas linhas semelhantes. Esses veículos não tem importância em ações de desembarque mas sim para vadear cursos de água. AGB

Luís Augusto disse...

Prezado AGB (Badolato???), obrigado pelos esclarecimentos.