quarta-feira, 14 de julho de 2010

E A HISTÓRIA SE REPETE...


Ao escrever a síntese da história do Tucker 1948, impossível não associá-la imediatamente à do Ibap Democrata, carro nacional cuja saga tem incríveis semelhanças com a do Torpedo americano. Como Preston Tucker, o jovem e bem-sucedido empreendedor Nelson Fernandes sonhava com sua própria marca de automóveis; como ele, desenvolveu um produto que prometia ser muito superior ao que se fazia na época e que serviu como bandeira para a capitalização da empresa, atraindo um grande número de pequenos investidores. E, assim como ocorreu com o Tucker, foi acusado de fraude e seu empreendimento naufragou ainda na fase embrionária, em um evidente "passo maior do que as pernas". Se nos EUA, o Tucker virou filme - no qual o empreendedor é vítima de perseguição desleal graças ao lobby das empresas já estabelecidas -, por aqui o Democrata ganhou holofotes em 2006 ao ter sua história contada em livro pelo Jornalista Roberto Nasser, que também tende para a versão de que a Ibap teria sido esmagada pelo grande capital com ajuda (ou omissão) do governo militar. Já os mais céticos acham que as duas não passaram de golpes contra pequenos acionistas, que viram seu investimento virar pó na medida em que as dificuldades apareciam. A Verdade, como costuma acontecer, deve estar em algum ponto entre esses dois extremos. Uma pena que, enquanto 51 Torpedos ganharam as ruas, por aqui restaram apenas dois ou três Democratas prontos, como o modelo acima, exposto pelo próprio Nasser no Brazil Classics 2006 ainda sem restauração.

12 comentários:

Felipe disse...

Bonito carro esse democrata. muito moderno para a época e sem o dinheiro das grande marcas naufragou,só para constar em Santo André/SP em alguma rua existem algumas carrocerias de Democrata espalhadas são umas 3 ou 4. Um exemplo mais recente de empresa que criou um carro muito moderno, mas essa tinha cara de golpe contra investidores foi a EMME de Pindamonhangaba/SP, que criou o "Lotus" EMME que são muito estranhos mas possui um motor Lotus Turbo que foram refugados na empresa e comparados pela tal EMME.
abraço

Francisco J.Pellegrino disse...

Este verde aí andei nele junto ao meu prezado amigo José Carlos Finardi, que é o proprietário das carrocerias acima citadas....bom carro.

F250GTO disse...

Ambos deram golpe.
O Tucker teve 10% a mais de competencia...

João Carlos Bevilacqua disse...

Francisco.. citando ainda que existem várias carrocerias na oficina do Finardo em vários estados de conservação...

M disse...

O Emme foi muito bem feito, mas o "projeto" era ambicioso e nebuloso demais !
Além disso, a Lotus não participava do negócio ! Apenas vendeu os motores, que pelo que me consta nem foram pagos.
Os motores eram da Lotus Sprit, com 278 HP e não tinham nada de refugo.
As histórias precisam ser bem contadas...

Democrata
Uma carroceria é só um componente de carro. Há um longo caminho até a sua conclusão.
O desenvolvimento dos demais componentes foi esquecido.
O motor do protótipo foi desenvolvido pela Sereníssima para um carro de corrida ! Era praticamente impossivel de ser fabricado no braZil, e caro demais mesmo para ser feito na Itália.
Portanto, o Democrata nem motor tinha.
Sempre esteve muito longe de ser um carro "fabricavel"











portanto

regi nat rock disse...

Portanto.... foi uma picaretagem muito bem articulada.
O Azambuja em Passo Fundo tem um dos que foram construídos. Um carro interessante pra época mas inviável como produto a ser fabricado por aqui.
O Nasser, a despeito do muito que faz pelo antigomobilismo, carregou demais nas tintas.

M disse...

Pelo o que sei, o motor "original" do protótipo (o tal Sereníssima V6 de alumínio) desaparecu !
Alguém confirma isto ?

Luís Augusto disse...

O que me parece é que um lote de motores V6 teria afundado, mas que pelo menos um dos Democratas remanescentes usa um certo V6 Procosautom, uma parceria da Retífica São Paulo com uma firma italiana. Não conhecia a denominação Sereníssima.
O modelo da foto tem a marca Ibap estampada nos cabeçotes.

roberto zullino disse...

Mais um besteirol procurando falsear a verdade.
A verdade é que o projeto não ficava de pé.
A parte mecânica, apenas um carro tinha, o que está com o Azambuja tem a mecânica exótica. O M já explicou direitinho e quem não entender é por que não quer, não vale a pena desenhar.
Quanto ao business, a Ibap saiu vendendo a merda em praça pública com os carros em cima de caminhões, coisa de Baú Felicidade. Se não me engano venderam mais de 80 mil unidades para incautos.
Voltando ao negócio, a solução encontrada foi o uso de fibra de vidro, desenvolvida em cima de um Corvair, aquela porcaria que foi tinha como "Inseguro a qualquer velocidade" pelo Nader.
O problema é que a conta não fecha, fabricar carocerias de fibra de vidro não tem a menor viabilidade em produção em massa. Basta ver que a GM com toda sua tecnologia só depois de muito tempo conseguiu atingir números maiores que 20/30 mil unidades/ano. Naquela merda de galpão da Ibap iriam demorar 200 anos para entregar os carros. só que acredita em papai noel pode crer que os caras da Ibap não sabiam disso.
Feita a cagada, a receita é sempre a mesma, culpar os outros, o governo, a falta de apoio e se estabelece mais um Teoria da Conspiração.
A mesma coisa o Gurgel, enquanto ficou na dele fabricando jipinhos e embutindo os mesmos nas estatais a coisa foi bem. Na hora que teve que usar a competência de engenheiro que ele dizia que tinha fez o aborto do BR800, o carro era tudo errado para produção em massa. Usava fibra, tinha meio motor VW mal feito, cambio de chevete, cardã e tração traseira com eixo de charrete. O grande e incensado, pelos burros evidentemente, engenheiro nunca percebeu que todas as fábrica juntam o conjunto motriz para se mais fácil de fabricar. Essa é a razão que tudo está na dianteira hoje em dia. O Joãozinho do passo certo sempre achou que a tropa marchava errado.

M disse...

Luís,
Acho que o tal "lote" de motores afundou mesmo foi no projeto !
Este motor não chegou a ser fabricado ! Devem ter feito no máximo uns 2 ou 3.
A Serenissima pretendia fabricar um carro esporte com ele, mas abandonou o projeto.
Partiu para o V8 do Fórmula 1, e logo em seguida encerrou as atividades. O brinquedo estava saindo caro e o caixa do conde não aguentou a sangria.

roberto zullino disse...

Essa dos motores afundados é outra história da carochinha, uns dizem que afundaram e outros dizem que foram apreendidos e ficaram na alfândega se estragando. Depende do dia contam uma ou outra.
Como o M falou não devia ter motor nenhum, afundado ou apreendido devia só ter ferro velho embalado em caixas.

roberto zullino disse...

Pessoalmente, gosto mais da versão do afundamento do navio, criminoso imagino e por algum submarino da Navy alugado pelas grandonas para acabar com a Ibap. Evidentemente, o submarino seria alemão arrumado pela VW que também estava com medinho da grande cagada.
Tem gente que não tem o que fazer. Não sou contra a preservação de memória contanto que se conte a verdade sem distorção do fatos e sem factóides.
Eu mesmo inventei o factóide acima em 30 segundos.