domingo, 14 de junho de 2009

MUITO PRESTÍGIO, POUCO SUCESSO

Em toda a história do automóvel, houve diversos momentos em que foi necessária a intervenção dos governos na administração da indústria automotiva - o exemplo mais recente e notório é a participação do governo americano na GM - mas, com a óbvia exceção das empresas criadas em países socialistas, é muito raro nos depararmos com uma marca nascida pelas mãos de um governo, como foi a FNM. Idealizada, ainda na gestão de Getúlio Vargas, para produzir motores e caminhões da marca Isotta-Fraschini, a Fábrica Nacional de Motores se viu forçada a procurar outra parceria logo após a sua fundação por causa da quebra da antiga produtora milanesa de carros de luxo e o novo acordo veio com a Alfa Romeo, que cedeu o know-how para a fabricação de seus excelentes caminhões e, após a decisão do governo JK de estimular a produção de veículos de passeio, também do seu modelo 2000, que havia fracassado na missão de popularizar a marca nos EUA (o consumidor americano achou o modelo austero demais), ao mesmo tempo que não conseguiu se consolidar na Itália (lá, seus cromados e esboços de rabo de peixe foram considerados espalhafatosos demais). Com motor 2.0 DOHC de 115 hp brutos, câmbio de cinco marchas, painel de instrumentos completo e diversos outros refinamentos técnicos, dificilmente haveria escolha mais inapropriada para a incipiente indústria automotiva nacional, mas a burocracia estatal estava mais preocupada em demonstrar a capacidade técnica da FNM do que com números de mercado, tendo o JK - ou FNM 2000, depois do golpe de 1964 - alcançado sucesso comercial inexpressivo, embora marcando época como o melhor carro nacional dos primeiros tempos. A foto acima, tirada no Brazil Classics 2006, mostra as sutis diferenças entre o JK 1960-64 (branco) e o FNM 2000 1964-69, como os frisos na grade, assinatura de JK no capô e a posição do retrovisor externo, e convidam o leitor a refletir como nem sempre basta que um carro tenha um excelente projeto para ter sucesso comercial garantido - seja na Europa, nos EUA ou no Brasil...

8 comentários:

Francisco J.Pellegrino disse...

Um ótimo automóvel para aqueles tempos, uma ressalva eram os fracos freios...pilotei um deles em 1966 pela primeira vez...adorei o cambio.Vou ficar aguardando um post seu dos Simca, preferencialmente Rallye 1966, inesquecível também.

Luís Augusto disse...

Chico, com todo respeito aos Simca, mesmo o Rally era uma fraude perto do refinamento do JK.
No entanto, ambos eram inadequados para o momento vivido pelo Brasil, que demandava muito mais por carros como Fusca, DKW e Aero-Willys para suas precárias estradas. Vcs ai de SP acabaram ficando com uma visão distorcida sobre a realidade do resto do Brasil, que é muito deficiente até hoje.

Guilherme Gomes disse...

Luís, acabo de aprontar uma bananada no meu blog e acabei por perder os seus comentários. Me desculpe.
Na verdade, eu não achei muita diferença nos 48 e 49, daí eu chutei, mas com toda a certeza elas existem! vou estudar melhor.
Abraço.

Guilherme da Costa Gomes disse...

Você tem razão, já arrumei. Obrigado.

Germano disse...

dos modelos nacionais dessa época é o meu favorito

Felipão disse...

Inclusive, elegeram as pistas como forma de propaganda de seus atributos técnicos...

De Gennaro Motors disse...

adoro alfa romeo!

CAVALO BRANCO diz quem é disse...

Um Alfa Romeo,
e como tal, desperta as emoções dos apaixonados por automóveis, sem dúvidas "o melhor carro nacional daqueles tempos"

Cavalo Branco