quinta-feira, 19 de abril de 2012

O ICONOCLASTA


Famoso entre os amantes de automóveis pelo seu desenho diferenciado, o Citroën Traction Avant tem características praticamente únicas que acabaram entrando para o folclore do antigomobilismo brasileiro, a começar pelo apelido de "Ligeiro" (tradução equivocada de légére, ou leve em francês). Disponível nas versões de quatro e seis cilindros (11CV e 15CV, respectivamente, números alusivos à potência fiscal na França), ele se diferenciava na paisagem pelas seguintes características:
- a estranha posição da alavanca de câmbio, semelhante a um cabo de guarda-chuva, que saía do painel em posição horizontal para acionar a caixa de marchas que ficava à frente do motor.
- a tração dianteira, raríssima nos anos 30 e mesmo nos anos 50, quando o modelo chegou por aqui em maior quantidade, como o 11CV 1949 da foto acima.
- a enorme cabine de passageiros, graças ao espaço liberado pela caixa de câmbio em posição incomum.
- o baixo centro de gravidade graças à estrutura em monobloco, no que foi precedido pelo Lancia Lambda, que também lhe dava a leveza que justificava seu apelido na França.
- estabilidade muito superior à dos contemporâneos, graças aos avanços mencionados acima, que renderam a lenda de que a fábrica dava um carro novo ao proprietário que conseguisse capotar um Traction Avant.
Entretanto, como ocorreria mais tarde no Citroën DS, o conjunto mecânico não era tão avançado quanto o resto das soluções e, apesar de suas qualidade dinâmicas, o 11CV nunca foi um campeão de desempenho, tendo havido casos de motor fundindo por falta de lubrificação quando mais exigidos. Considerando a quantidade em que era visto por aqui, o revolucionário francês se tornou até raro nas coleções atuais, principalmente na versão seis cilindros.

13 comentários:

Rafael Ribeiro disse...

O carro é realmente muito interessante. Tem um minha cidade impecável, que inclusive está à venda no site maxicar.com.br

Francisco J.Pellegrino disse...

Luis, o 6 cilindros eu nunca ví, o Regi vai adorar seu post.

regi nat rock disse...

Claro que adorei o post.
Não sou fã do 6 cilindros, mas o de 4, com o estepe desenhado na lata do porta malas é um show. Foi meu primeiro carro e deixou muitas saudades, razão pela qual, uso uma fotinho dele em meus coments. Aliás, esse aí da minha foto, mora em Paris, e está a minha disposição para curtir a aposentadoria em minha casa. Como $eus apo$ento$ ainda não estão prontos, fico adiando o transporte. ahahahahaha...Eu diria que a maior fraqueza mecanica é a cruzeta que rompia com relativa facilidade, o mesmo defeito presente nos primeiros Corcel por aqui que, depois da junta homocinética foi solucionado. No Legere, nem pensar; há que se manter a tradição da cruzeta, afinal é veículo para desfilar. Os preços cobrados dos que existem por aqui são ultrajantes em comparação com os praticados na Europa. E raros, são os que mantém a plena originalidade. Belo post dotô!

regi nat rock disse...

Esse da foto do post, me parece que foi restaurado em Itapeva RJ e, acho que é um 1949, se a 'mufa' não me falha e pediam a +/- um ano atrás "só" 60 dilmas. Pilotar o bichinho com a alavanca no painel é o maior barato. Pena que só tem 3 marchas. O chão do carro é ótimo e agarra bem nas curvas. A via Anchieta que o diga na época em que cada um fazia o que queria morro abaixo... Muitas proezas naqueles 15 km. O zuzu vai dizer que qualquer batidinha na frente mandava o cambio pro vinagre mas isso é intriga de fuscaneiro empedernido.
Eramos felizes, sabíamos disso mas não imaginavamos que iria ficar a babaquice que lavra em terras brasilis. Eita!

Luís Augusto disse...

Oi Regi, bem colocado! Obrigado pela complementação sobre as cruzetas. E tem razão, é 49 mesmo, já corrigi.
Abraço

Irapuã disse...

Os comentários acima são uma aula sobre Citroã... Boa Regi! Belo post Doutor!

M disse...

Isto é uma estrovenga e temos que mandar internar o Regi !

Luís Augusto disse...

Obrigado pelos elogios, amigos! Teria um desses fácil, fácil....

regi nat rock disse...

M:
já pra casinha.

teu negócio é fusca e, no tempo sobrante, enganar os trouxas com aquelas melecas que traz dos USA de contrabando e roubar sinal da net das velhinhas indefesas da alameda Franca.

Paulo Levi disse...

Eu adoraria ter um 11 Légère. Mas como acho que purismo tem limites, encomendaria o meu com o motor do DS21 e juntas homocinéticas, s'il vous plait.

roberto zullino disse...

estrovenga como o M bem o disse, ele fala muita merda, mas de vez em quando acerta.
essas jostas comem óleo em alta rotação, acaba o óleo e fundem. tem um motor de trator.
a caixa quebra na primeira encostada, sei disso porque quebrei uma sem querer querendo. só gosto do DS que tem um motor melhor, os IDs que foram os primeiros usam a mesma porcaria.

regi nat rock disse...

Eu avisei que o Zuzu ia meter o pau. Eu nunca tive problemas com óleo e judiei pra valer o meu. Nem qdo dei um porrão estraguei o cambio. Aliás, quase estraguei eu mesmo pois não existia cinto de segurança.

Isso é só má vontade com o modelo. Ele acreditava na lenda de que ganharia um novo se conseguisse capotar e carrega até hoje a frustação de não ter conseguido. Aí, só restou vandalizar o modelo.
Árra...

roberto zullino disse...

vade retro, se não fosse uma bosta teria sido o maior sucesso, foi sempre mediano. confundem a idéia, que é excelente por sinal, com a realidade.
um bom projeto, os fãnzocos como o Regi nem sabem das qualidades de projeto do carro e se metem a falar bem.
o bom projeto é justamente o uso de carroceria monobloco que era uma absoluta novidade nos anos 30, o uso do cambio invertido aumentando o espaço interno e da tração dianteira.
tudo isso mais as suspensões bem projetadas fizeram um belo pacote, um carro baixo, aerodinâmico, com bom espaço interno, assoalho plano e baixo e dinâmicamente muito à frente de seu tempo, mas o carro real é uma bosta.