terça-feira, 10 de julho de 2012

O QUERIDINHO DA BRITISH LEYLAND


Apesar do prestígio de que ainda gozavam seus carros, a indústria automotiva inglesa, com seus processos de produção arcaicos e controle de qualidade irregular, não ia nada bem das pernas no final dos anos 60, de modo que, em 1968, foi criada a British Leyland Motor Corporation, um conglomerado gigantesco que englobava grande parte das marcas britânicas, como Austin, Morris, MG, Triumph, Jaguar, Rover, Standard e Mini. A idéia de ganho de escala parecia boa para enfrentar os novos tempos de concorrência japonesa no mercado norte-americano e de presença cada vez mais incômoda de multinacionais no mercado interno (Ford e Vauxhall principalmente, sendo esta última pertencente à GM), mas o resultado foi um verdadeiro desastre, com vários produtos concorrendo no mesmo segmento, sem ganho real de escala de produção, e controle de qualidade permanecendo ruim. Houve, ainda, preferência - aparentemente de caráter pessoal - dos administradores por certas marcas em detrimento de outras, sendo o exemplo mais notável a determinação de que o carro-chefe dos esportivos do grupo seria a Triumph, ficando a MG em segundo plano. Assim, enquanto o Spitfire gozava de prestígio muito superior ao MG Midget no segmento dos pesos-pena, a linha TR, da categoria logo acima e representada pelo TR6 entre 1969 e 1976, recebia contínuos investimentos em aperfeiçoamentos mecânicos e evoluções estéticas, enquanto o best seller MGB permaneceu praticamente o mesmo de 1962 a 1980 - a única grande evolução foi a passagem de três para cinco mancais de apoio em 1966. Apesar do ótimo projeto e do motor de seis cilindros de 2.5 litros, faltaram ao Triumph a identidade marcante vista nos predecessores TR4 e TR5 e no prórpio "rival" MGB, que continuou vendendo mais que a linha TR até sua saída de cena em 1980, quando o TR7, sucessor do TR6, já havia dado sinais de que não seria um herdeiro à altura das tradições esportivas britânicas. O TR6 da foto acima esteve no Brazil Classics 2004.

6 comentários:

regi nat rock disse...

é. já li muito a respeito e penso que é similar a tentativa da ford e volks (guardadas as devidas proporções) de juntarem forças nos anos 80/90. Deu no que deu, a tal da Auto Latina, virou folclore como auto latrina, ao que de fato se transformou. Todos os carros, uns mais outros menos, perderam identidade e só vendiam pq era proibido importar. Foram o maior exemplo das carroças daquele caçador de marajás com espingardinha de rolha. Na Ilha, juntaram marcas rivais com o mesmo chairman pra definir. Ali, começou a debacle que culminou com os alemães pegando a nata, e os indianos o resto. O mais, já é história. Só sobraram uns 2 ou 3 artesanais e olhe lá. Vivem do e para o passado. (Ainda bem...)

Francisco J.Pellegrino disse...

Eu gosto do TR6....não é um esportivo daqueles empolgantes.

Luís Augusto disse...

É, Regi, os alemães pagaram a Rolls, Bentley e Mini, os indianos ficaram com a Jaguar e os chinas com a MG. Agradeça a Lord Stokes.

Paulo Levi disse...

Luís, me desculpe a cara de pau mas vou arriscar uma hipótese "psicanalítica" para o fim da indústria automobilística britânica. O que aconteceu com ela foi uma espécie de suicídio, um cansaço da vida de fabricar automóveis. Só isso pode explicar uma série de erros tão grande que até parece intencional. Os sindicatos também deram o seu empurrãozinho, mas uma simples assoprada já teria sido o suficiente para fazê-la despencar no abismo.

Luís Augusto disse...

Realmente, Paulo, foi uma grande pena o fim de uma das mais ricas culturas automotivas do mundo. Há pouco tempo, quase aconteceu o mesmo com a americana, mas, ao que parece, eles souberam se reinventar. Já os franceses permanecem na luta, mas perderam muito da sua personalidade. Alemães, japoneses e italianos parecem ir de vento em popa, enquanto os coreanos estão consolidando uma identidade marcante.

Joel Gayeski disse...

É muito estranho o mundo automobilístico atual.
Enquanto a indústria coreana avança a passos de guepardo, a britânica não é nem um arremedo do seu passado de glória.
Só que a BL, juntamente com a Lucas (insiram suas piadas sobre o Príncipe das trevas aqui) fez o desfavor de ajudar a despencar.