segunda-feira, 19 de abril de 2010

O FILHO DO VENTO


Depois do fracasso de vendas do Chrysler Airflow em 1934, o design automotivo norte-americano adotou uma postura conservadora até 1936, quando o Lincoln Zephyr deu novo impulso aos modelos aerodinâmicos, que já faziam sucesso no mercado de luxo da Europa desde o início da década. Dentre as marcas que seguiram os passos da Lincoln, estava a prestigiosa Graham-Paige, surgida em 1927 após a aquisição da Paige pelos irmãos Graham, três competentes administradores. Em 1938, apesar das dificuldades financeiras causadas por um malsucedido face lift na linha 1935-37, os luxuosos modelos da marca foram inteiramente renovados sob o mote publicitário Spirit of motion, tendo o seu design causado enorme impacto nos EUA e na França, onde ganhou vários prêmios. Tal como o Zephyr, seu desenho parece ter sido inspirado nos modernos trens que cruzavam a América e sugeria movimento mesmo parado, parecendo ter sido esculpido pelo vento; como a marca era a maior especialista em compressores da América, os modelos Supercharged, como o 1939 da foto acima, tinham desempenho irrepreensível. Entretanto, como ocorrera com o Airflow, a ousadia não se refletiu nos números de vendas e a Graham-Paige só não foi à falência por causa da entrada dos EUA na II Guerra, tendo sido as suas instalações convertidas para a produção materiais bélicos. Apesar do fôlego dado pelos contratos milionários com as forças armadas, não houve modelos da marca no pós-guerra, que foi substituída pela Frazer, logo vendida ao magnata Henry J. Kaiser, que aproveitaria suas plataformas para dar início à produção de veículos com seu próprio nome.

6 comentários:

Luís Augusto disse...

Pelo jeito os clássicos não fazem sucesso por aqui. O pessoal gosta mesmo é de Fusca e Opala.

Anônimo disse...

A clientela do Graham-Paige era a classe média ascendente que se retraiu devido à crise econômica dos anos 30. A companhia não dispunha de uma linha popular (no conceito americano) que sustentasse as finanças durante a recessão, a rede de concessionárias era limitada e a competição feroz (até a Packard disputava o mercado com o 110-6 e o 120-8). Para contornar as dificuldades, a Graham-Paige apresentou desenhos avançados (1ª com saia nos paralamas dianteiros) e aerodinâmicos; tambem ofereceu compressor mecânico para aumentar a potência. O modelo 1938 (desenhado pelo famoso estilista Amos Northrup) foi mais uma tentativa de impor-se pela estética de vanguarda; a resposta da crítica foi boa, a do público fraca e o carro foi apelidado de "shark nose" (nariz de tubarão). Em 1940, a Graham tentou de novo, com as matrizes do Cord 810 de 36 recondicionadas: não funcionou e a companhia mudou de atividade. AGB

Anônimo disse...

Joseph Frazer, ex-executivo GM e Chrysler, adquiriu o equipamento industrial para produzir um automóvel totalmente novo após a guerra. A plataforma serviria tanto para a marca G-P como para um novo carro chamado Frazer. Necessitando financiamento, associou-se a Henry Kaiser, grande magnata da construção: o nome Graham-Paige foi abandonado e surgiu a marca Kaiser. AGB

Luís Augusto disse...

Prazado AGB, preferi não usar o apelido Shark Nose porque ele teria surgido apenas nos anos 50, quando os G-P já tinham passado à história.

Anônimo disse...

O apodo "shark nose" foi atribuido, por volta de 1935, a uma linha de locomotivas de uma grande ferrovia norteamericana. Depois passou para os automóveis: o Willys 37, o Graham 38, o Nash e o Hudson 39. A frente alta e em forma de bico caracterizava esses veículos. Curiosamente, não era aplicado aos carros das Tres Grandes (?) apesar da semelhança de estilo. Com o passar do tempo, apenas o Graham reteve o apelido, talvez pelo exagero de suas linhas e por ter sido premiado nos EUA e Europa, com grande repercussão na imprensa. AGB

Luís Augusto disse...

AGB, grato pela complementação!