quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A SÍNTESE DA ENGENHARIA ALEMÃ

A inspiração para o post de hoje veio do recém-findo Blue Cloud que, desde 2008, inclui os Passat entre os veículos expostos. Para resumir o interessantíssimo nascimento do eterno médio da Volkswagen, comecemos com a consideração de que ele descende diretamente do Audi 100. A Audi havia sido uma das marcas de luxo do grupo Auto Union até a II Guerra, mas estava hibernada desde então porque seu parque industrial havia ficado do lado soviético da Alemanha ocupada; a Auto Union, por sua vez, havia ressurgido após o conflito usando apenas a marca DKW, cujos veículos de vocação mais popular eram mais adequados para a Europa em reconstrução nos anos 50. Mas a Auto Union enfrentava dificuldades financeiras no final daquela década e acabou adquirida pela Mercedes em 1958. Preocupada com a ascenção da BMW, que vinha agregando prestígio e esportividade em seus sedãs, a marca da estrela decide ressucitar a Audi para se bater com os bávaros na segunda metade dos anos 60, mas desiste do negócio em 1965 e vende a Auto Union para Volks, já com o projeto do Audi 100 engatilhado, inclusive com o motor refrigerado a água projetado por Ludwig Kraus, que daria origem ao nosso conhecido AP; para Wolfsburg, foi um grande negócio, já que seu know-how estava nos motores a ar, que estavam perto do limite do seu desenvolvimento. Se considerarmos que a própria Volkswagen tem origem nos escritórios da Porsche aí estão todas as grandes marcas germânicas sintetizadas em um único carro!
Divagações à parte, o modelo da foto acima é um raro Passat 4M 1978 de propriedade do André Grigorevski, grande autoridade em Passat que mantém uma ótima home page sobre o modelo. O 4M foi uma série especial lançada para comemorar os 4 milhões de VW produzidos em solo brasileiro e vinha em cor única, cinza-grafite metálico com rodas monocromáticas, mecânica e acabamento do LS e os 4 faróis do TS - também uma síntese dos Passat nacionais dos anos 70...

9 comentários:

M disse...

Meu primeiro contato com a "novidade" foi num Audi 80. A impressão foi péssima. Entre outras, o câmbio era uma droga e o ancoramento do grupo propulsor era trágico.
Ainda bem que melhorou.

Luís Augusto disse...

M, uma vez dirigi um Passat LS 76 de um amigo e nunca sabia se tinha entrado a primeira ou a ré!

Francisco J.Pellegrino disse...

Tive um TS 77, verde metálico, os problemas já estavam mais resolvidos...era um bom carro.

Turiscar Trailers disse...

Posso falar bastante de Passat, afinal tive todos os anos, modelos e tipos que vocês possam imaginar...Desde um 1974 verde-folha, chassi de numeração baixíssima, até um GTS Pointer 1989/89, com menos de 100 km rodados (em 1993), completíssimo, com ar condicionado e teto solar original, e que era de um apaixonado por Passats e funcionário da VW...
Nesse "miolo", várias versões, com váios números de portas, (2, 3, 4 e até 5 portas, exportação, da frota da VW) - Passat L, LM, LS, LSE, TS, Surf, GTS, e as versões especiais 4M (1978), Série Especial (1982, com motor MD 270, 1.6, chamado de Torque, e acabamento mais refinado) Plus e Sport (1984), e todas aquelas nomenclaturas pra enriquecer o carro - Special, Village, Paddock, Pointer...
Sem dúvida, os mais charmosos ( e estilo puro) foram os L e LS da primeira leva (1974, com frisos de alumínio em volta do carro), e os inesquecíveis TS (1976 a 1978), com 4 faróis redondos...
Mas os mais gostosos de guiar, no meu ver, foram a fase pós-1985 (com parachoques envolventes e painel inspirado nos Santana), especialmente os Pointer, que carro formidável !!!!
Dava surra nos Gol 1.8 GT/GTS !!!!
Agora me bateu nostalgia, rsrsrsrs !!

Mário Buzian - Ivoti/RS

Luís Augusto disse...

Mário, tive um LSE Iraque vermelho com bancos vermelhos que deixou saudade...
Gosto mais dos últimos Passat do que dos primeiros, de acabamento muito frágil na minha opinião.

Bruno disse...

Meu pai também já teve um vermelho 77. Eu era pequeno demais e não sabia muita coisa, mas sair de um fiat 147 para um passat parecia boa coisa, haha.
Valeu belas boas vindas, Luis.

André Grigorevski disse...

Foi uma bela surpresa e uma honra ver não apenas um post sobre Passat, mas ver a foto do meu humilde 4M ilustrando o ótimo texto!

Estive mais uma vez em Caxambu para participar do Blue Cloud. Dessa vez não fui de 4M, mas sim com meu LSE "Iraque" (vermelho também, não sei se no mesmo tom o que você teve). O evento reuniu poucos, mas belíssimos Passat (desnecessário falar da presença dos impecáveis DKW, que se Deus quiser um dia terei também).

O câmbio dos modelos 74~76 (conhecido como "louco" ou "alemão", mesmo sendo produzido por aqui) de fato é um tanto complicado nos primeiros momentos. Mas rapidamente se pega o jeito, hehehe...

Eu, sinceramente, não sei dizer que modelo prefiro dirigir. Cada um tem seu ponto forte. Quando viajo com o "Iraque", vou com mais silêncio, rodar suave, direção mais firme, instrumentos de sobra pra monitorar o funcionamento do motor e se estiver calor é só ligar o ar-condicionado. Já o 4M é apaixonante na simplicidade de seu rádio AM/FM, vidros brancos e painel simples. E mesmo com o carburadorzinho de corpo simples, motor 1.5 e platinado, ele não se nega a acompanhar os carros mais novos. É até mais esperto que o LSE, provavelmente por ser mais leve.

O negócio é ter um de cada e ir fazendo um rodízio, hehehe...

Mário, pelo relato que você passou sobre os Passat que teve (e que variedade invejável!), tenho certeza que você poderia me ajudar a esclarecer uma dúvida. Como eu poderia entrar em contato? Deixo a disposição meu e-mail pessoal: grigorevski@yahoo.com.br

Luís Augusto disse...

Oi André, fico feliz com seu comentário!
Realmente a "carreira" do Buzian com os Passat é invejável, confesso que nem sabia da existência de modelos 5 portas.

Felipão disse...

A história da Audi é fascinante por tantas idas e vindas. Agora, a Mercedes perdeu um grande nicho de mercado se desfazendo da montadora. Ainda mais quando olharmos o mercado e vemos que meia dúzia de marcas são donas de tantas outras empresas e plataformas compartilhadas...

E obrigado pelas felicitações no post anterior, Luis.

Abração