terça-feira, 21 de julho de 2009

O MAIS BRITÂNICO DOS BRASILEIROS


Dos grandes produtores mundiais de automóveis, os ingleses estão entre os que deixaram marcas mais discretas na nossa cultura automotiva, o que se reflete, até hoje, na presença relativamente pequena de espécimes britânicos nos acervos dos colecionadores brasileiros; dos veículos nacionais de grande produção, apenas o Dodge 1800, lançado em 1973, é originário da Inglaterra - na foto acima, temos um modelo 1974. Apesar do excelente projeto, ele acabou tendo uma história cheia de altos e baixos, tanto no Brasil quanto nos outros mercados onde foi oferecido, graças à má administração da Chrysler, que havia comprado o grupo britânico Rootes e queria se antecipar à tendência do carro compacto de conceitos ortodoxos, elegendo o Hillman Avenger, de 1969, para o posto de carro mundial do grupo. Como o Brasil fazia parte do mapa de expansão do gigante americano, o Avenger veio parar aqui nos trópicos sob a denominação Dodge 1800 e a aposta parecia boa: associar o prestígio dos Dodge V8 a um modelo mais acessível e bastante atualizado diante de concorrentes como Ford Corcel e Volkswagen TL. O resultado, entretanto, foi um verdadeiro desastre, já que, para se antecipar ao lançamento do Chevette - o carro mundial da GM - a Chrysler acabou colocando o Dodginho prematuramente no mercado, antes que sua tropicalização estivesse completa, ocorrendo problemas crônicos no câmbio e na direção, além de defeitos menores na parte elétrica e no acabamento e do controle de qualidade irregular. Fora isso, havia a estranheza causada pela carburação inglesa (também foi usado o japonês Hitachi, uma cópia do SU, de venturi variável), execrados por mecânicos acostumados aos Solex e DFV, mais simples de serem regulados, e o desempenho algo abaixo do que prometia seu 1.8 de 78 hp brutos. Nem os acertos promovidos pela Chrysler (foram tantos que valeram um novo nome para o carro - Polara - em 1976) e pela VW a partir de 1980 recuperaram o prestígio do Dodginho, que saiu de linha em 1981, ainda bastante atual frente à concorrência. Curiosamente, ele sempre foi muito querido na Argentina (onde foi vendido com motor 1.5 de 1971 a 1980 e 1.8 de 1980 até 1990, já sob a marca Volkswagen), honrando a lenda de que a população daquele país é formada por italianos que falam espanhol e pensam que são ingleses...

12 comentários:

M disse...

Hehehehhh...
A se acrescentar que na F3 sulamericana, os motores VW argentinos eram feitos a partir deste motor, e davam o maior "vareio" nos motores VW brasileiros, feitos a partir dos "moderníssimos" AP.
Nas "Oropas" Hillman Rallye GT 2.0 fez muitos estragos nos rallyes, vencendo várias provas e o campeonato inglês.
Os carburadores SU são muito eficientes e de manutenção simples, excepto para os nossos competentes "mexânicos-ezpessialistas".

Luís Augusto disse...

M, não entendo necas de mecânica, mas me parece que os "ipessialistas" arrombavam um pistãozinho dos SU, que exigiam lubrificação, certo?

Francisco J.Pellegrino disse...

O seu post esclarece tudo...o carro era bonito, confortável, na frente da concorrência....mas o contrôle de qualidade da fábrica era um lixo....

M disse...

Luís,
Os patetats inventavam o diabo !
O tal pistãozinho é um êmbolo que deve funcionar imerso em óleo, e atua como um amortecedor. Na ponta deste êmbolo está a agulha libera a admissão do combustível proporcionando uma aceleração progressima, em complemento a atuação da borboleta.
É uma das grandes sacadas dos SU !
Há várias medidas para estes êmbolos, que proporcionam diferentes velocidades para a passagem do óleo e conseguentemente alterando a entrada de ar/combustivel para o motor.
Se for mudada a viscosidade do óleo, acontece a mesma coisa.
E aí que os "ispessialistas" quebravam a cara !

Felipão disse...

Caraca... post e comentários fantásticos até aqui. Quanto ao carro, na época em que meu pai casou, acabou comprando um. Pelo que ele diz, se tratava de um bom carro...

Arthur Jacon disse...

Coisa mais linda esses quatro faróis.

Arthur Jacon disse...

E a cor então! Sensacional! Tristeza constatar que hoje o mundo é preto e cinza.

Luís Augusto disse...

Arthur,
Realmente a cor é muito bonita. O modelo da foto recebeu uma leve customização de muito bom gosto, como pneus com faixa vermelha, sobrearos e faixas do Dart SE miniaturizadas que, na minha opinião, caíram muito bem.

Arthur Jacon disse...

Ficou lindo, Luís. Muito bom gosto o do dono.

Luís Augusto disse...

Pois, é... ele conseguiu "americanizar" o visual do Dodginho (afinal, é um legítimo Dodge...) sem passar dos limites.

De Gennaro Motors disse...

haha tive um deste ai branco!

Luciano Jafet disse...

Os primeiros 1800(73-75)foram muito problemáticos!!!Mas a partir do modêlo 76(batizado de Polara),o carro ficou sensacional,exceto o consumo de gasolina,que sempre foi abusivo para um quatro cilindros de 1800 cilindradas!!!!