quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A FONTE INSPIRADORA

Olhando para a foto acima, tirada pelo João César Santos nos tempos do Museu da Ulbra, não dá para ignorar de onde veio a inspiração do Mazda Miata original de 1989 que, em sua terceira geração, já está batendo na casa do milhão de unidades vendidas em toda a sua história. Trata-se do Lotus Elan, uma jóia de 680 kg, suspensão independente e um motor 1.6 de duplo comando e 100 cv originários dos Ford Consul e Capri, modelo que acabou se tornando o responsável, junto com o rústico Lotus 7, pela fama da marca de Colin Chapman de produzir esportivos leves e instigantes, mantida até hoje nos Lotus Elise/Exige. Produzido entre 1962 e 1973, o Elan trazia chassis tubular e carroceria em fibra de vidro, substituindo o caríssimo Elite, e, desde sempre, é considerado um dos esportivos mais gostosos de dirigir, "vestindo" o motorista com seu jeito minimalista e pedigree vindo das pistas de corrida. 
Além do Miata, não seria exagero dizer que o Elan foi também o grande inspirador (em concepção, não em estilo) do Puma brasileiro que, muito frequentemente, tem sua origem associada ao Lamborghini Miura, mas como o pequeno britânico, era leve, tinha carroceria em fibra de vidro, mecânica derivada de um modelo de grande produção e - principalmente - DNA das pistas de corrida.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

UM SS DIFERENTE


O termo SS foi visto pela primeira vez na fábrica que deu origem à Jaguar, como já contado aqui e, possivelmente, graças à vocação para as pistas da marca, acabou sendo uma das siglas mais fortemente associadas à esportividade sobre quatro rodas - e, talvez, a que tenha mais significados diferentes, desde Swallow Sidecar, passando por Separated Seats na linha Chevrolet (para os puritanos americanos, não ficava bem escancarar o real significado da sigla, Super Sport, que, segundo eles, poderia incitar os jovens a apostar corridas ilegais), até o Sprint Speciale da Alfa Romeo da foto acima, uma versão especial, baseada no Giulia, criada pela Bertone em 1957 (ainda com base na Giulietta) visando o sucesso nas Mille Miglia do ano seguinte, prova que acabou cancelada para sempre por questões de segurança. Seguindo o exemplo do conversível, essa rara versão abria mão das linhas quadráticas que caracterizaram os Giulia de grande produção e trazia muito do espírito das Giulietta que a antecederam, com suas curvas sensuais e delicadas; a aerodinâmica foi nitidamente pensada para a prova de estrada a que se destinava e a produção foi limitadíssima. O modelo da foto, único no Brasil, foi encontrado em estado ímpar de conservação no Peru e importado recentemente para BH.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O ÚLTIMO MG INGLÊS

Hoje, na hora do almoço, no meio de um engarrafamento em frente à Santa Casa, vi, pela primeira vez, um MG chinês ao vivo. Tratava-se de um modelo 550, bem mais comportado do que o sedã esportivo MG6 que, ao que parece, é o carro-chefe do ressurgimento da marca. Bonito, vistoso, com porte semelhante ao de um Fusion ou Passat, ele me pareceu, no entanto, apenas mais uma banheira datada que não deu pinta de que passará para a posteridade como um legítimo herdeiro do legado da marca do octogonal. Legado que ficou bem cuidado até o final do século passado com o MGF, um interessantíssimo roadster com motor central-traseiro, parecendo um Porsche Boxter levemente reduzido - e com estilo próprio, é claro. Dotado de um quatro-cilindros 1.8 que, graças ao comando variável, chegava nos 145 cv, além das atualizações tecnológicas da época, ele acabou sendo o último modelo da marca enquanto esta era genuinamente britânica. Posteriormente ao seu lançamento, o grupo Rover passou ao controle da BMW, que acabou se desfazendo de algumas marcas, como a Land Rover e a própria MG, vendida aos chineses. Ao que consta, apenas seis MGF foram importados, todos de uma só vez, para o Brasil, em 1998.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

PEDIGREE É ISTO!

O grande clássico da linhagem é, sem dúvida, o XK120, que estarreceu o mundo pela beleza e desempenho em 1948, mas o seu sucessor, XK140 (1954-57), mostrou avanços muito apreciados pelos colecionadores, como o (muito) melhor espaço interno, além de freios e sistema de direção aperfeiçoados. A atualização de estilo foi sutil e em nada maculou a beleza das linhas originais de Sir William Lyons, enquanto as opções da carroceria - cupê, roadster e cabriolet - continuaram disponíveis. O charme extra do modelo, no entanto, está na plaquinha esmaltada fixada na tampa do portamalas com os dizeres Winner Le Mans 1951-3, como que testemunho de uma época em que grandes linhagens esportivas nasciam e se aperfeiçoavam, necessariamente, nas pistas.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

DOS TRILHOS PARA AS ESTRADAS

Após o sucesso da Puma - e com um mercado cativo proibido de consumir os Grand Tourers importados -, a indústria dos esportivos de pequena produção feitos por fábricas independentes floresceu no Brasil a partir da segunda metade dos anos 70, tendo se destacado a Santa Matilde, que ofereceu, entre 1979 e 1988, um cupê de desempenho realmente esportivo, graças ao motor 250-S oferecido nos Opala desde 1974. De linhas interessantes (belas, na opinião deste blog, a partir de 1984, com a suavização da traseira) e ótimo acabamento para o padrão dos fora-de-série de então, o esportivo foi oferecido também na versão conversível, bem mais rara, que pôde ser admirada em dose dupla no último encontro do Alphaville. Duas curiosidades acompanham o Santa Matilde. A primeira é que a empresa que lhe empresta o nome produzia, originalmente, vagões ferroviários, em Três Rios/RJ. E a segunda, talvez mais significativa, é a de que ele é um dos poucos automóveis com desenho assinado por uma mulher, Ana Lídia Duarte, filha do presidente da empresa. Marcou época como um dos mais exclusivos automóveis oferecidos por aqui.